Brasil pode se tornar protagonista em urânio e data centers, avalia especialista
Planeta COPPE / Energia / Engenharia Nuclear / Notícias
Data: 04/09/2025

“O Brasil tem tudo para ser um grande produtor e exportador de urânio e um player estratégico no segmento de data centers, associado à geração de energia nuclear.” Essa é a avaliação de Vittorio Perona, sócio do BTG Pactual, apresentada durante o evento “O Papel da Energia Nuclear na Descarbonização da Matriz Energética Brasileira”, promovido pela Coppe/UFRJ. O debate reuniu especialistas e stakeholders do setor para discutir o papel da energia nuclear na segurança energética, nas metas globais de descarbonização e na inserção do Brasil em cadeias produtivas de alto valor agregado.
Durante o encontro, Perona trouxe uma visão de mercado detalhada, apontando oportunidades estratégicas para o Brasil, tanto na produção de urânio quanto na expansão de infraestrutura de data centers movidos a energia limpa.
Para a diretora da Coppe, professora Suzana Kahn, “cada escolha feita, entre os muitos caminhos possíveis para a descarbonização, implica em uma série de consequências, de prós e contras. O que a gente pretende, e esse é o papel da academia, é entender as consequências de nossas escolhas como país.”
Confira a seguir alguns dos principais pontos destacados por Vittorio Perona, em formato de perguntas e respostas:
Entrevista
P: Qual é o cenário atual da produção de urânio no Brasil?
R: “A última pesquisa geológica focada na identificação de reservas de urânio no Brasil foi feita há 40 anos. Especialistas me disseram que, se fosse feita hoje, com a tecnologia atual, o Brasil seria o segundo ou terceiro país com maiores reservas comprovadas de urânio. Em termos de produção, somos 15º. Produzimos 100 toneladas por ano, nem suficiente para Angra I e II. Paradoxalmente, temos grandes reservas e ainda precisamos importar parcela significativa de nossa demanda.”
P: E a perspectiva de demanda global de urânio?
R: “Espera-se que a demanda entre 2024 e 2040 aumente em 40 a 50 mil toneladas. Há, portanto, um mercado gigantesco a ser atendido nos próximos 15 anos.”
P: O Brasil tem condições de se destacar nesse mercado?
R: “Pouquíssimos países têm reservas próprias de urânio, tecnologia de enriquecimento, experiência em operação de usinas nucleares e mercado doméstico elétrico de grande porte para sustentar novas usinas. O Brasil tem tudo isso. É um desperdício não aproveitar essa oportunidade, que poderia gerar valor, tanto em energia nuclear quanto em data centers.”
P: Qual é o potencial do Brasil em data centers?
R: “O país poderia ser um grande processador de dados. O tamanho dos data centers no mundo está crescendo muito — nos EUA e na China, há instalações de centenas de mega ou até de um gigawatt. Esses países vão precisar de parceiros para fazer nearshoring ou friendshoring, ou seja, transferir etapas da cadeia de valor para países próximos ou com afinidade política. O Brasil tem vantagens naturais: energia limpa, estabilidade política, democracia consolidada, ausência de riscos sísmicos ou de terrorismo, além de recursos hídricos abundantes.”
- Data centers
- Energia Nuclear
- engenharia nuclear
- Oportunidades Estratégicas
- Urânio
