Coppe integra centro internacional de ponta em minerais críticos

A Coppe/UFRJ foi escolhida para integrar um dos sete Centros de Excelência no âmbito da prestigiosa Missão Nacional de Minerais Críticos (NCMM), que foram aprovados pelo Ministério de Minas da Índia. Com investimentos previstos de 4 bilhões de dólares, os Centros de Excelência irão desenvolver tecnologias de ponta para ampliar a capacidade científica e tecnológica da Índia e de seus parceiros na área de minerais críticos. Os recursos virão de programas governamentais de P&D, indústria e investidores de capital de risco.

A participação da Coppe representa um passo estratégico para o Brasil e para o fortalecimento da sua autonomia tecnológica nacional. Em um cenário global de transição energética e competição por recursos minerais estratégicos, essa cooperação internacional busca reduzir dependências externas e garantir a segurança de abastecimento de matérias-primas essenciais — um fator diretamente ligado à soberania mineral e ao desenvolvimento econômico.

A Coppe participará do centro liderado pelo Instituto Indiano de Tecnologia (IIT) Dhanbad, por meio de sua Escola Indiana de Minas (ISM), e pelo TEXMiN — um hub de inovação ligado ao Ministério de Ciência e Tecnologia da Índia. Entre os parceiros estão a Curtin University (Austrália), a Universidade de Cambridge (Reino Unido), outros IITs indianos, instituições de pesquisa e startups de base tecnológica.

Segundo o professor Marcelo Mansur, do Programa de Engenharia Metalúrgica e de Materiais (PEMM), a atuação da Coppe poderá contemplar:

• Extração de níquel e cobalto de minérios lateríticos, ricos em óxidos e hidróxidos de ferro e silicatos.
• Recuperação de metais críticos como cobalto, alumínio, níquel e cobre a partir de baterias de íons-lítio usadas em resíduos eletrônicos e automóveis elétricos.
• Extração de potássio de fontes não convencionais para produção de fertilizantes do tipo NPK, que contém os três principais nutrientes para plantações: nitrogênio, fósforo e potássio.

Essas etapas compreendem a caracterização e o beneficiamento mineral direcionado ao fornecimento de material para rotas específicas de processamento, áreas dominadas pelo próprio Mansur e pelos professores Achilles Junqueira Dutra e Pedro Paulo Ribeiro, também do PEMM. O grupo inicial da Coppe poderá se expandir com a participação de outros pesquisadores da UFRJ e de instituições e empresas do setor mineral brasileiro.

Mansur destaca que a colaboração Brasil–Índia é estratégica porque gera benefícios econômicos, acadêmicos, tecnológicos e sustentáveis, inserindo-se diretamente no contexto global da transição energética. A meta é contribuir para a autonomia tecnológica e fortalecer a posição de ambos os países na cadeia global de minerais críticos.

O Centro de Excelência

Operando no modelo Hub-and-Spoke*, o centro liderado pelo IIT(ISM) Dhanbad integra universidades, centros de inovação, startups e parceiros industriais como Hindustan Copper Limited e MOIL Ltd, que oferecem infraestrutura, experiência de campo e coinvestimento. Essa rede acelera a transformação de pesquisas em soluções aplicáveis, do laboratório ao mercado.

Os sete centros da NCMM focam em matérias-primas essenciais para setores como energia limpa, mobilidade elétrica, eletrônica, defesa e espaço, com ênfase no desenvolvimento e implementação de tecnologias em estágios avançados de maturidade (TRL 7/8). No total, o programa envolve cerca de 80 parceiros de indústria, academia e P&D, formando uma das mais amplas e ambiciosas colaborações internacionais na área de minerais estratégicos.

* O que é o modelo Hub-and-Spoke? No modelo Hub-and-Spoke (“eixo e raios”), um núcleo central (hub) coordena e conecta diversos parceiros especializados (spokes), criando uma rede integrada de colaboração. No Centro de Excelência, o IIT(ISM) Dhanbad/TEXMiN atua como o hub, articulando universidades, centros de pesquisa, startups e empresas — como a Coppe — para acelerar o desenvolvimento e a aplicação de tecnologias em minerais críticos.