NeoBio Nexus cria chip que simula tumor cerebral e abre caminho para testes científicos sem uso de animais
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Data: 27/11/2025

A startup NeoBio Nexus (NBION), residente na Incubadora de Empresas da Coppe/UFRJ, está dando um passo ousado na fronteira entre biotecnologia e saúde. A empresa desenvolve soluções que imitam tecidos e órgãos humanos em laboratório — permitindo estudar doenças e testar medicamentos sem uso de animais.
Entre as soluções está o GliomaCHIP, criado em parceria com o Instituto do Cérebro Paulo Niemeyer para reproduzir, em escala microscópica, o microambiente de um glioblastoma, um dos tipos mais agressivos de tumor cerebral.

Na prática, o chip recria a interação entre células do tumor, vasos sanguíneos e a estrutura onde eles crescem. Um fluido especial, com características semelhantes ao sangue, percorre o sistema para permitir que pesquisadores observem, em tempo real, como o tumor se desenvolve e como reage a diferentes medicamentos.
Além dele, a NeoBio Nexus desenvolve os BioCHIPs, plataformas capazes de manter miniórgãos em 3D vivos por longos períodos. Isso abre portas para:
- testar a eficácia e segurança de novos medicamentos antes da fase clínica em humanos;
- aperfeiçoar remédios já existentes;
- criar tratamentos personalizados, usando células do próprio paciente para prever qual terapia funcionará melhor;
- avançar em áreas como medicina regenerativa e de precisão.
Em resumo, a startup aposta que o futuro da pesquisa biomédica dispensa animais e se baseia em modelos mais fiéis ao corpo humano. A seguir, Ísis Perez, que junto com Lucas Ramos, é sócio-cofundador da NeoBio Nexus, fala sobre o momento da empresa e o que vem pela frente.
Em que momento a NeoBio Nexus está hoje? O GliomaCHIP e os BioCHIPs já estão sendo usados?
O GliomaCHIP ainda está em desenvolvimento e não está sendo usado por clientes. Estamos, junto ao Instituto do Cérebro Paulo Niemeyer, avançando na estrutura do dispositivo e buscamos novos recursos para validar a tecnologia. Já os BioCHIPs estão mais maduros: hoje são usados principalmente em projetos de pesquisa, ainda sem escala comercial. Mas já desenvolvemos versões personalizadas sob demanda para parceiros.
O GliomaCHIP já conseguiu mostrar o comportamento de tumores ou a reação a medicamentos?
Ainda não realizamos testes com amostras reais de tumor — isso está previsto para 2026. Mas os testes preliminares com outros modelos já mostraram que conseguimos manter células tumorais vivas em 3D e observar seu comportamento, o que confirma a viabilidade da tecnologia.

O “sangue artificial” usado no chip também foi desenvolvido pela startup?
É uma adaptação de meios de cultura existentes, mas personalizada para imitar melhor o sangue em movimento dentro de tumores. Conseguimos ajustar os componentes do fluido de acordo com cada modelo biológico.
Quais miniórgãos vocês já produziram nos BioCHIPs e por quanto tempo eles permanecem vivos?
Já desenvolvemos modelos tumorais 3D e estamos ampliando o tempo de vida e estabilidade dos tecidos usando biorreatores. É um processo em evolução contínua.
Qual foi o papel das parcerias com o Instituto do Cérebro e a IK3D GENESIS?
O Instituto do Cérebro é fundamental para construir o GliomaCHIP — tanto na engenharia do chip quanto na preparação para os futuros testes com tumores reais. A IK3D GENESIS traz expertise em biofabricação e equipamentos para manter tecidos vivos por mais tempo, acelerando a transição da pesquisa para aplicações práticas.
O que diferencia a tecnologia da NBION de outros modelos de órgãos-em-chip no mundo?
O GliomaCHIP é o primeiro projetado especificamente para o glioblastoma com uso de bioimpressão em alta resolução. Isso garante precisão estrutural e permite personalizar o chip com características do tumor de cada paciente, o que o torna muito promissor para terapias personalizadas.
Essas tecnologias podem realmente substituir testes em animais?
Sim — e é para lá que a ciência está caminhando. Modelos avançados em chip, combinados com bioimpressão e inteligência artificial, podem oferecer resultados mais rápidos, mais éticos e muito mais próximos da realidade do corpo humano. Estamos construindo um futuro em que pesquisa, cura e inovação caminham lado a lado com responsabilidade e respeito à vida — humana e animal.
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