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/Aïda Espinola: Pioneirismo e Determinação

Determinação e autoconfiança são características marcantes na personalidade de Aïda Espinola, professora Titular da COPPE/UFRJ, vinculada ao Programa de Engenharia Metalúrgica e de Materiais. Carioca, criada em Copacabana, Aïda formou-se em Química Industrial, em 1941, pela Escola Nacional de Química da Universidade do Brasil. Dos 15 colegas que integravam sua turma, apenas cinco eram mulheres. "A maioria delas seguiu a carreira", afirma orgulhosa a professora, que formou-se aos 21 anos e passou em primeiro lugar no concurso para a vaga de Tecnologista-Químico do Laboratório de Produção Mineral do Ministério da Agricultura.

Esta seria apenas a primeira de uma série de conquistas obtidas por esta profissional que não deixa passar em branco um bom desafio. E foi exatamente esta característica que a levou de volta à universidade para graduar-se em Engenharia Química, em 1945. onde a presença masculina era predominante. Detalhe que, nem de longe, intimidou Aïda. Aliás, o verbo intimidar parece ser pouco conjugado pela cientista que faz questão de ressaltar: "nunca sofri discriminação pelo fato de ser mulher, em nenhuma atividade que exerci em toda minha vida profissional", declarou.

Com o segundo diploma na mão, em 1954 a pesquisadora fez as malas e partiu para enfrentar um novo desafio: tornar-se mestre em Química Analítica pela University of Minnesota, USA. Quem a ouve falar sobre a carreira, não tem dúvida: Aïda é o tipo de pessoa que entra em campo para vencer. Que o digam os colegas da Pennsylvania State University, USA, onde a cientista recebeu o título de PhD em Química, no ano de 1974, sob a orientação do professor J.Jordan. Aïda financiou seus estudos atuando como Professora Assistente do Departamento de Química. Nos primeiros 12 meses de atividade recebeu o prêmio de melhor Prof. Assistente do ano. Em seguida, recebeu o título de Fellow e substituiu vários professores titulares da universidade americana.

De volta ao Brasil, participou de um trabalho para a implantação da Pós-Graduação em Ciências Químicas, na UFRJ, e fez parte da diretoria do primeiro Instituto de Química da UFRJ, dedicado somente à Pós-Graduação, que congregava todas as unidades da universidade. Em seguida, em 1973, Aïda foi requisitada pelo Centro Técnico Aeroespacial (CTA) para desenvolver o gerador de energia a bordo de satélites. À época, a principal missão do CTA era construir o primeiro satélite brasileiro. Foi a iniciação da pesquisadora no desenvolvimento de geradores de eletricidade de pilhas a combustível. Uma linha de pesquisa que implantou na COPPE, em 1975, e nunca mais abandonou, por considerar esses geradores de eletricidade "a tecnologia de energia do século XXI, capaz de proporcionar o desenvolvimento sustentável".

A professora foi pioneira também ao introduzir no Brasil pesquisas que anteciparam algumas das grandes demandas atuais do País, como os estudos em eletroquímica de sais fundidos, de grande interesse para a exploração de petróleo nas camadas do Pré-sal, e em geradores de eletricidade de pilhas a combustível.

Aïda Espinola orientou 13 teses, sendo sete de mestrado e seis de doutorado. Também é autora de mais de 150 artigos, publicados em periódicos científicos, e oito livros, sendo que seis são de autoria própria e duas traduções. Crítica ardente das soluções imediatistas dos governantes para driblar as crises, Aïda lamenta a falta de investimento em pesquisa no Brasil. "Apoiar projetos de Pesquisa e Desenvolvimento Científico e Tecnológico e de capacitação técnico-científica é de fundamental importância para o país. A falta do devido apoio é que faz com que, na hora da crise, o governo tenha que adotar medidas imediatistas, importando pacotes fechados, em geral muito caros, e tecnologias nem sempre adequadas ao nosso país", alerta a cientista, com a altivez de uma mulher determinada que traçou o seu próprio destino.

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  • Publicado em - 16/05/2006