/Coppe e Unirio selecionam projetos de inovação social
A Coppe/UFRJ, em parceria com a Agência de Inovação da UFRJ, a Unirio e a ONG britânica Social Innovation Exchange (SIX), promove, em abril, o Studio de Inovação Social, no âmbito da Latin American Social Innovation Network (Lasin). O objetivo é disponibilizar a ampla gama de conhecimentos voltados para a inovação social reunidos na universidade pública. O intuito é por em prática ideias socialmente inovadoras. O projeto é aberto ao público em geral, e os interessados têm até o dia 31 de março para enviarem uma curta descrição de suas ideias. Os resultados serão divulgados no dia 14 de abril.
O intuito é abrir Unidades de Suporte à Inovação Social (USIS) em cada universidade parceira na América Latina. Serão realizados quatro studios em diferentes países. Em cada um haverá a participação de duas universidades locais: Chile, Brasil, Colômbia e Panamá. Vinte projetos serão selecionados pelas instituições parceiras e seus representantes participarão de um workshop nos dias 27, 28 e 29 de abril, nas instalações da UFRJ e Unirio.
Para se candidatar a uma vaga no Studio, os interessados devem mandar e-mail com a sua ideia de inovação social para lasinstudio@gmail.com. O email deverá conter a descrição do desafio a ser resolvido e da solução para ele em até 300 palavras. Em separado, deverão ser escritas informações pessoais: nome instituição e telefone.
A ideia surgiu na Glasgow Caledonian University (Escócia), com o professor Mark Anderson, que tem se dedicado a ajudar no estabelecimento de centros de inovação social na África, Ásia e América Latina. Na Coppe, o projeto está sendo coordenado pela professora Carla Cipolla, do Programa de Engenharia de Produção (PEP), que coordena o Desis Lab (Design para a Inovação Social e Sustentabilidade) e é co-organizadora do Studio.
Na definição da Stanford Social Innovation Review, “inovação social é uma nova solução, mais efetiva, eficiente, sustentável ou justa que as soluções já existentes e cujo valor gerado beneficia, prioritariamente, a sociedade ou uma comunidade como um todo, e não apenas alguns poucos indivíduos”.
A universidade a serviço da transformação social
A Coppe tem uma longa trajetória em "abraçar" iniciativas sociais inovadoras. Recentemente, projetos como Food 2.0 e Caronaê obtiveram grande visibilidade. "A USIS seria um lugar que faria 'pipocarem' esses cases. Ela não é incubadora, nem aceleradora. Um empreendedor social que tenha uma ideia e esteja vagando sem saber como implementá-la pode vir para cá. Quem tem ideias inovadoras não necessariamente acredita que conseguirá desenvolvê-las ou creem ter tempo para a empreitada. É um desafio achar essas pessoas e estimulá-las, fazê-las acreditar em suas ideias", explica a professora.
Segundo Carla Cipolla, os candidatos não precisam ter perfil típico de empreendedor, de alguém a fim de colocar um serviço ou produto no mercado. "Basta chegar com uma ideia para melhorar sua rua, quarteirão ou bairro. Pode ser um coletivo feminista, um líder comunitário, um projeto de proteção animal, alguém que acredite que jogos de tabuleiro pode levar a novas formar de regeneração do tecido social em sua localidade de atuação", exemplifica.
O projeto é também uma atividade de extensão. Desde 2013, com a resolução do Conselho de Ensino de Graduação, CEG 02/2013, tornou-se obrigatório que os alunos de graduação da UFRJ façam créditos em atividades de extensão.
"No momento histórico em que vivemos a Extensão, que é um conceito muito poderoso na UFRJ, tem seu significado reforçado. Os próprios estudantes podem ter o desejo de transformar o seu contexto local, o lugar onde vivem. Isso ecoa as palavras do professor Aloísio Teixeira (ex-reitor da UFRJ entre 2003 e 2011) de que a universidade deveria se abrir, ir além de seus muros. A gente se oferece para servir à sociedade naquilo que ela deseja fazer. Não necessariamente produto ou serviço, mas algo que seja capaz de transformação social, uma outra modalidade da universidade se colocar como um ator que interage com pessoas comuns", acredita Carla.
Nove professores da UFRJ estão envolvidos no projeto. Além de Carla, Cipolla, os professores Roberto Bartholo, Francisco Duarte, Edison Renato (todos do Programa de Engenharia de Produção da Coppe); Rita Afonso e Paulo Cesar Pereira (Faculdade de Administração e Ciências Contábeis); Ivan Bursztyn, Ceci Figueiredo e Cláudia Soares (Instituto de Nutrição Josué de Castro).
"Colocamos nossos conhecimentos a serviço dessas pessoas; design thinking, marketing, administração, engenharia de produção. A universidade precisa dessa seiva vital, ela pode conectar essa criatividade com conhecimentos estruturados. Sair dos seus muros e abraçar a cidade. A Coppe pode antecipar o futuro não apenas na inovação tecnológica, mas na inovação social também. O empoderamento da extensão pode nos ajudar a realizar esse sonho", almeja a professora.
- Publicado em - 16/03/2017