/Pesquisadores da Coppe advertem que Brasil precisa implantar um sistema de monitoramento no mar
“Se a academia brasileira dispõe da tecnologia, recursos humanos qualificados e conhecimento acumulado, por que as autoridades governamentais não a procuram antes que o pior se suceda? Por que não utilizar essa expertise de forma a prevenir estes desastres e suas graves consequências?”, questiona a vice-diretora da Coppe, professora Suzana Kahn Ribeiro.
Segundo o professor Luiz Landau, coordenador do Laboratório de Métodos Computacionais em Engenharia (Lamce) da Coppe, o Brasil necessita implantar um sistema ambiental de monitoramento no mar é preciso unir a iniciativa do poder público com a competência dos centros de pesquisa. “Temos todas as condições de desenvolver um sistema de monitoramento, envolvendo as universidades, desenvolvendo tecnologia, órgãos ambientais coordenando as ações, e as empresas de serviços do setor trabalhando em conjunto”, afirma Landau, que é professor do Programa de Engenharia Civil da Coppe.
Na segunda-feira, 11 de novembro, os professores Suzana Kahn e Luiz Landau participam do o seminário “Brasil: manchado de óleo”, promovido pela Coppe em conjunto com o Fórum de Ciência e Cultura (FCC). Também participam do evento o professor Rodrigo Leão de Moura, do Instituto de Biologia da UFRJ, pesquisador associado do Núcleo Rogerio Valle de Produção Sustentável (Sage) da Coppe e coordenador da Rede Abrolhos; e a pescadora quilombola, Eliete Paraguassu, integrante da Articulação Nacional das Pescadoras e o Movimento de Pescadores e Pescadoras. O debate será mediado pelo ex-diretor da Coppe, professor Luiz Pinguelli Rosa. O evento, aberto ao público, será realizado às 17h30, no Colégio Brasileiro de Altos Estudos (CBAE), na Avenida Rui Barbosa, 762.
Pesquisadores monitoram possível chegada do óleo à região Sudeste
Além de buscar a origem do os pesquisadores da Coppe, além de buscar a óleo que há 69 dias se alastra pela costa do Nordeste, resultando em um dos maiores desastres ambientais ocorridos na região, pesquisadores da Coppe também estâo monitorando a possível chegada das manchas na região. O trabalho realizado com tecnologia de ponta, utilizando imagens de satélite, computação de alto desempenho, e modelos matemáticos, pode ajudar a prevenir e mitigar os possíveis danos.
“Hipoteticamente, o óleo pode chegar ao Sudeste. É possível se preparar para isso, e planejar o que fazer em situações como esta para evitar que o ambiente marinho seja tão impactado pelo derramamento”, complementa Carina, pesquisadora do Lamce.
Esta foi a tônica da entrevista concedida pelo professor Luiz Landau e pela pesquisadora Carina Bock, telejornal produzido por alunos da Escola de Comunicação da UFRJ, o TJ-UFRJ.
Pesquisadores são acionados após “leite derramado”
Responsáveis por mais de 90% da produção científica brasileira, as universidades públicas levaram o Brasil ao 13º lugar no ranking dos maiores produtores de conhecimento do mundo. Apesar disso, ao contrário do que ocorre nos países mais desenvolvidos, onde as universidades e centros de pesquisa são acionados para planejar e executar ações preventivas contra acidentes, no Brasil esses instituições só são chamadas, em sua maioria das vezes, após o “leite derramado”, ou seja, em casos de desastres de grandes proporções, sobretudo os ambientais.
Entre os exemplos mais recentes: o óleo na costa do Nordeste; o rompimento de barragens, em Mariana e Brumadinho; o deslizamento de encostas após fortes temporais; o aumento de focos de queimadas.
Segundo Landau, os avanços tecnológicos propiciam ações preventivas de acidentes em várias áreas. Há uma rede mundial de pesquisadores e infraestrutura laboratorial capaz de contribuir e muito neste sentido.
Saiba mais sobre os estudos de pesquisadores da Coppe, solicitados pela Marinha, e conduzidos sob coordenação do professor Luiz Landau, que tornaram mais próxima a identificação da origem do derramamento de óleo.
- Publicado em - 08/11/2019