/Pesquisadores da COPPE definem últimos procedimentos para construção de Usina de Energia das Ondas
Acaba de ser instalado pela equipe da COPPE, no Porto do Pecém, no Ceará, uma plataforma metálica para a medição da energia contida nas ondas do mar. Este é mais um grande passo para a implantação da primeira Usina de Energia das Ondas das Américas, um projeto desenvolvido na COPPE, que conta com o financiamento da Eletrobrás. A usina está sendo instalada a 60 km de Fortaleza. Os primeiros módulos deverão ser implantados no início de 2006.
Desenvolvido no Laboratório de Tecnologia Submarina (LTS) da COPPE, sob a coordenação do professor Segen Estefen, o projeto traz inovações em relação a usinas desenvolvidas em outros países. A principal delas é a utilização de uma câmara hiperbárica, equipamento que simula ambientes marinhos de alta pressão, para produção de jatos d’água. “Vamos instalar uma câmara hiperbárica sobre o quebra-mar do Porto, capaz de produzir jatos equivalentes a uma queda d´água de 500 metros de altura, que é superior a de uma usina hidrelétrica convencional”, explica o engenheiro Paulo Roberto da Costa, que é pesquisador no assunto e desenvolve sua tese de doutorado na COPPE.
O protótipo da usina de ondas que será instalado no Ceará é fruto de uma parceria entre a COPPE, a Eletrobrás e o Governo do estado do Ceará. De acordo com o projeto, que contou também com o apoio do CNPq, os pesquisadores da instituição deverão fornecer o projeto, acompanhar a fabricação e a instalação da usina. O monitoramento dos módulos em funcionamento deverá ser feito por um período de dois anos. Segundo o pesquisador da COPPE, Eliab Ricarte, que dedica sua tese de doutorado ao levantamento do potencial energético da costa brasileira, uma das vantagens da concepção modular utilizada neste projeto é que ela permite ampliar a capacidade da usina de acordo com o crescimento da demanda.
A usina de ondas concebida na COPPE possui um sistema modular que opera com base em flutuadores acoplados a uma estrutura articulada em forma de viga com 22 m de comprimento. Os flutuadores acionam as bombas hidráulicas que, por meio de movimentos alternados, injetam água numa câmara hiperbárica conectada a um acumulador hidro pneumático. O jato d’agua liberado por esse conjunto tem uma pressão equivalente a uma queda d´água de 500 metros de altura. Esse jato aciona uma turbina hidráulica que acoplada a um gerador produz eletricidade.
Potencial de geração da costa brasileira é de 15% do total de energia consumida
Os pesquisadores da COPPE também estão trabalhando no levantamento da capacidade de geração de energia de toda a costa brasileira. Estudos preliminares revelam que o litoral do Brasil tem potencial para suprir 15% do total de energia elétrica consumida no País, hoje em torno de 300 mil GWh/ano. Segundo o coordenador do projeto, Segen Estefen, professor de engenharia oceânica da COPPE, se todo o potencial energético dos oceanos - avaliado em 1 TW (terawatt) - fosse aproveitado, seria possível atender a demanda de energia de todo o planeta.
Com 8,5 mil km de costa e cerca de 70% da população ocupando regiões litorâneas, o Brasil apresenta condições mais do que propícias para obter vantagens com esta fonte de energia abundante, renovável e não poluente. O custo da energia de uma usina de ondas está entre o custo da energia eólica e o custo da energia proveniente das hidrelétricas. Além disso, o impacto ambiental de uma usina de ondas é extremamente reduzido.
Nos últimos cinco anos ocorreu um grande avanço na implantação de usinas de energia das ondas em vários países da Europa, na Austrália e no Japão. Só no Reino Unido existem sete projetos, dois em operação e cinco em estágio avançado de desenvolvimento.
- Publicado em - 11/10/2005