/Universidade pública
A campanha contra a universidade pública brasileira, responsável por 95% da produção científica do país, é totalmente equivocada. Assim como outras sociedades não souberam preservar suas conquistas e seguir inovando, tenho receio que os sucessivos cortes nos orçamentos da Educação e da Ciência e Tecnologia no país nos levem a um colapso, e que depois seja tarde demais para que algo possa ser feito para revertê-lo. O escritor Jared Diamond relata com primor em seu livro “Colapso: como as sociedades escolhem o fracasso ou o sucesso” casos que podem ser tomados como exemplo ou advertência.
A academia é muitas vezes criticada injustamente. Em recente visita à Coppe/UFRJ, o presidente da Capes, Anderson Correia, relatou o comentário de um jornalista que disse que a universidade brasileira deveria cooperar mais com a indústria, como faz a universidade americana. Apresentando um ranking comparativo entre universidades, Correia rebateu a afirmação do jornalista dando como exemplo dados da própria Coppe que, segundo o ranking, tem um patamar de cooperação semelhante ao do Massachussets Institute of Technology (MIT) e superior ao da California Institute of Technology (Caltech).
Participei recentemente de um encontro realizado em Brasília entre o ministro da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações, Marcos Pontes, e representantes da comunidade científica. Organizado pela Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) e pela Academia Brasileira de Ciência (ABC), o encontro teve como objetivo discutir estratégias para recuperar o orçamento do ministério e obter mais recursos para a ciência brasileira.
Na véspera do encontro, foi lançada na Câmara dos Deputados, a “Iniciativa de C&T no Parlamento – ICTP.br”, também coordenada pela SBPC e ABC, com apoio de diversas entidades da comunidade de ensino e pesquisa, como a Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior no Brasil (Andifes), o Conselho Nacional das Fundações de Apoio às Instituições de Ensino Superior e de Pesquisa Científica e Tecnológica (Confies), entre outras.
O momento é de construir pontes, substituindo discursos por diálogos. A Universidade pública, gratuita e de qualidade é um bem de valor inestimável para o Brasil.