/Perfil
/Jayme Luiz Szwarcfiter: Entre Computadores e Montanhas
O professor do Programa de Engenharia de Sistemas (PESC) da COPPE, Jayme Luiz Szwarcfiter, recebeu em abril de 2006 o prêmio Almirante Álvaro Alberto na área de Computação, um dos mais importantes no reconhecimento acadêmico. Jayme ingressou na COPPE em 1970, época em que um computador de pequeno porte ocupava uma sala de cerca de 40 metros quadrados. Começou trabalhando no "Departamento de Cálculo Científico" da instituição, onde operava o “pequeno” computador que ocupava 40 metros quadrados do bloco F do Centro de Tecnologia (CT) e também ministrava aulas a professores da COPPE, orientando-os para dominar a linguagem de programação do equipamento.
O talento para a academia revelou-se desde cedo. Em 1968, um ano após graduar-se em Engenharia Eletrônica pela UFRJ, já ministrava aulas no Instituto de Matemática da universidade. Na COPPE, ingressou antes mesmo de concluir seu mestrado, em 1971, na própria instituição. Sua dissertação tratou da informatização da biblioteca da COPPE, atual biblioteca do CT, uma das primeiras no país a ser informatizada.
A linha de pesquisa na qual atua, algoritmos e combinatória, reflete a paixão de Jayme pela Matemática. Apesar de trabalhar com computadores, sempre apreciou estudar os números que estão por detrás das ações executadas por estes. Escolheu a engenharia quando ouviu que era a melhor opção para quem gostava de matemática. “Além disso, na época só três carreiras eram valorizadas: a engenharia, a medicina e o direito”, explica o professor.
Mesmo trabalhando há décadas na área de informática, Jayme tem hábitos que em muito se distanciam do sedentarismo, estereótipo que acompanha os aficionados pelo computador. Praticante de montanhismo, o professor já percorreu o caminho Inca (nos Andes), o Pico da Bandeira e, dentre tantas outras caminhadas, rumou até o acampamento base do monte Everest. O acampamento fica a 5.500 metros de altitude, mas devido ao ar rarefeito, o professor precisou voltar quando chegou a 4.500 m. Que não se suspeite que o regresso representa falta de saúde: Jayme cultiva hábitos saudáveis - não come carne vermelha ou de frango, apenas peixe -, que se expressam numa aparência jovial que não denuncia os 64 anos a serem completos em julho pelo professor.
O gosto pela natureza também se reflete na escolha feita por Jayme para sua casa de campo: uma propriedade sem luz elétrica nem vizinhos, na cidade de Visconde de Mauá, no estado do Rio. Nesta casa o professor e sua família – a esposa Cristina e seus três filhos: Cláudio, 37 anos, engenheiro químico, Lila, 35 anos, economista e Doutora pelo Programa de Planejamento Energético da COPPE, e Ana, de 10 anos – se distanciam do estresse urbano e costumam percorrer trilhas em direção às cachoeiras da região. Além da natureza e da família, o professor não dispensa a companhia de seus algoritmos quando está na propriedade. À luz natural ou com o auxílio de um lampião, ele escreve artigos com lápis, papel e borracha. Ele explica que como o teor matemático de seus textos permite uma grande condensação de conteúdo, o “escritório” sem lâmpadas fluorescentes nem computadores é onde são produzidos a maior parte de seus textos acadêmicos. O método parece dar ótimos resultados, já que o prêmio recentemente recebido pelo professor é uma consagração ao trabalho acadêmico concedida a poucos.
-
Publicado em - 16/05/2006