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/Marcelo Savi e a paixão por investigar problemas novos

Carioca, nascido na Tijuca, Marcelo Amorim Savi ingressou, aos 17 anos, no curso de Engenharia Mecânica. Já na graduação, foi atraído pelo desafio de buscar soluções para questões complexas da mecânica, como sistemas dinâmicos e fenômenos não lineares e caóticos. Começava, naquele momento, a caminhada rumo à carreira acadêmica do professor do Programa de Engenharia Mecânica da Coppe/UFRJ, um dos três ganhadores do Prêmio Coppe Giulio Massarani – Mérito Acadêmico 2014.

Interessado, desde jovem, no funcionamento de carros e motos, Marcelo Savi concluiu, aos 22 anos, o curso de Engenharia Mecânica na Universidade Santa Úrsula, em 1987. Dois anos depois, terminou o mestrado no Instituto Militar de Engenharia (IME) e, em 1994, concluiu o doutorado na Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio), ambos em Engenharia Mecânica.

Convicto de sua opção pela carreira acadêmica, Marcelo não hesitou em deixar o Rio de Janeiro, em 1994, após concluir o doutorado. Ao lado da esposa Raquel, com quem havia casado um ano antes, mudou-se para a capital do país, onde lecionou por três anos na Universidade de Brasília (UnB). De volta ao Rio, em 1997, foi professor no IME nos seis anos seguintes. Em 2002, Marcelo ingressou no Programa de Engenharia Mecânica da Coppe.

Foi coordenador do Programa de Engenharia Mecânica da Coppe e chefe do Departamento de Engenharia Mecânica da Escola Politécnica da UFRJ (Poli), nos anos de 2008 e 2009, e desde 2006 é chefe do Laboratório de Acústica e Vibrações (Lavi) da Coppe. No momento, coordena a implantação do Centro de Mecânica Não Linear (Mecanon) da Coppe, que deve entrar em operação em dezembro de 2014.


Na sala de aula e no laboratório, Marcelo procura manter um relacionamento de troca com os alunos. “Quando há essa troca, é muito mais motivador e desafiador para o professor. Os alunos fazem parte da nossa equipe de pesquisa”, afirma ele. Segundo Marcelo, o que mais o motiva como professor é ver os alunos estimulados a avançar, a investigar mais e mais. “O que mais me deixa feliz é ver que consegui despertar paixão no aluno”, conta.

O professor vem trabalhando em áreas como dinâmica não linear, caos e controle; materiais e estruturas inteligentes; e biomecânica e meio ambiente. Embora tais temas possam parecer complicados e distantes aos olhos de leigos, Savi se apressa em explicar que não é bem assim e aponta algumas aplicações dessas áreas de estudo que se converteram em benefícios para a sociedade. “As pesquisas realizadas até aqui já resultaram no desenvolvimento de técnicas para controle de vibrações de pontes e de aeronaves, para reprodução de músculos e confecção de mãos mecânicas e para realização de cirurgias menos invasivas”, explica.

Tradutor apaixonado dos ritmos da natureza

Depois de anos traduzindo os complexos fenômenos da mecânica para seus alunos, Marcelo Savi deu mais um passo para facilitar a compreensão sobre a área, dessa vez para um público maior e variado. Lançou, em 2014, o livro Ritmos da natureza, pela editora E-papers, no qual busca apresentar uma diferente forma de ver a natureza.

Ritmos da natureza pretende ser uma declaração de amor à natureza. Compreender a natureza é mais do que um desafio, é uma grande aventura. E essa aventura pode ser entendida como uma licença científica, uma vez que nosso desconhecimento é cada vez mais evidente à medida que o tempo passa”, explica, na apresentação da obra, o professor, que também é autor de Dinâmica não linear e caos, lançado em 2006 pela mesma editora, além de ter colaborado em 18 outros livros como autor de capítulos ou tradutor.

Ao longo de sua carreira, Marcelo Savi vem mantendo intensa produção acadêmica: publicou 90 artigos em periódicos científicos e 243 trabalhos em anais de congressos. Já orientou 27 dissertações de mestrado e 9 teses de doutorado, além de 18 trabalhos de conclusão de curso. Proferiu mais de 90 palestras em universidades e instituições do Brasil e do exterior, 46 delas como convidado especial. Participou de 186 bancas e comitês de concurso, mestrado e doutorado no Brasil e em outros países. Atualmente, orienta três alunos de mestrado e quatro de doutorado.

Além das atividades na Coppe e na Poli/UFRJ, Marcelo Savi tem participação ativa na Associação Brasileira de Engenharia e Ciências Mecânicas (ABCM) e no Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia (INCT) de Estruturas Inteligentes, que reúne grupos de excelência do Brasil e do exterior e mantém interação com a indústria. É, desde 2002, professor colaborador da Texas A&M University (Tamu), onde realizou vários estágios pós-doutorais.

Foi editor associado do Journal of the Brazilian Society of Mechanical Sciences and Engineering, entre 2006 e 2014; do Journal of Acoustics, entre 2007 e 2013; e do Journal of Applied Mathematics, entre 2012 e 2014. Atualmente, é revisor de uma série de outros periódicos científicos.

Toda essa atuação resultou na conquista de prêmios e títulos. Recebeu o título de Cientista do Nosso Estado, da Fundação Carlos Chagas Filho de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (Faperj), nos anos de 2007, 2009 e 2012. Em 2011, orientou o trabalho da então doutoranda Aline Souza de Paula, que conquistou o Prêmio Capes de Melhor Tese de Doutorado na categoria Engenharias III. Agora, conquistou o Prêmio Coppe Giulio Massarani, entregue aos professores com notória produção acadêmica e destacada trajetória profissional.

Apoio da família e paixão pelo futebol

Marcelo sempre teve no pai, Ary, falecido há dois anos, e na mãe, Dejanira, atualmente com 85 anos, a tranquilidade e o incentivo para se dedicar à carreira. A esposa Raquel, que o acompanha desde o início da carreira, também foi fundamental para sua trajetória profissional. Com ela está casado há 21 anos e teve os filhos Pedro (19 anos), Antonio (16) e Rodrigo (14).

Como a maioria das famílias vindas da Itália e dos demais países da Europa para o Brasil no início do século XX, a vida dos Savi em território brasileiro começou no Porto de Santos, onde seu bisavô desembarcou. Da cidade portuária, seguiu para Bauru, onde se estabeleceu. O pai de Marcelo, seu Ary, era contador e veio para o Rio de Janeiro trabalhar na filial carioca de uma empresa paulista. Na cidade, conheceu Dejanira, com quem se casou, e ingressou no Banco do Brasil, onde fez carreira. Além de Marcelo, o casal teve uma filha, Elaine.

Nascido na Tijuca, Marcelo Savi nunca deixou o bairro. Na infância e adolescência, estudou no tradicional Colégio Marista São José e frequentou as festas e o ginásio esportivo do Tijuca Tênis Clube. Apaixonado por futebol, Marcelo jogou futebol de salão e de campo e chegou a receber convites para treinar no América e no Botafogo, seu time de coração. Também jogou basquete. Mas o compromisso com os estudos acabou falando mais alto, e o sonho de uma possível carreira como jogador profissional, comum a vários adolescentes, acabou ficando de lado.

A paixão pelo futebol, no entanto, nunca foi esquecida por Marcelo, que passou o gosto pelo esporte para os três filhos. “Curiosamente, nenhum deles é botafoguense. Todos torcem pelo Flamengo. Coisas da vida”, brinca.

Apreciador de música, Marcelo Savi é um autêntico descendente de italiano: adora pizza e, há alguns anos, chegou a fazer algumas investidas na cozinha de casa reproduzindo receitas da família.

Aos 49 anos, Marcelo Savi olha para frente e planeja, no futuro, fazer tudo aquilo que nem sempre foi possível fazer em meio à correria do trabalho. Conhecer a Itália com a família e viajar mais estão entre seus planos.

Aos alunos e futuros professores aconselha: “Paciência, perseverança e paixão, que, aliás, valem para tudo na vida.”

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  • Publicado em - 18/11/2014