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/Príamo Albuquerque Melo Junior: da química à fotografia

A química a serviço da sociedade. Essa é a ideia que perpassa a trajetória acadêmica do professor adjunto Príamo Albuquerque Melo Junior, do Programa de Engenharia Química (PEQ) da Coppe, onde leciona desde 2002. Príamo atua no Laboratório de Modelagem, Simulação e Controle de Processos desenvolvendo pesquisas voltadas para a melhoria dos processos da produção de plásticos, com aplicações bem-sucedidas nas áreas de saúde e meio ambiente.

Nascido em Sergipe, passou a infância entre as cidades de Aracaju e Lagarto, onde passava as férias na casa dos avós maternos, e Ilhéus, na Bahia, para onde se mudou com a família no início da adolescência. Bom aluno na escola, Príamo sempre gostou de física, matemática, biologia e, como não poderia deixar de ser, química. Ávido por conhecer os fenômenos da ciência, colecionava a revista Superinteressante e gabava-se de possuir as edições número zero e número 1 da revista.

As constantes viagens pelo interior quase o fizeram prestar vestibular para Engenharia Agrônoma. Sobrinho-neto do crítico literário, ensaísta, poeta e político Silvio Romero, um dos membros fundadores da Academia Brasileira de Letras, Príamo chegou a acalentar também a ideia de uma carreira voltada para a escrita. A escolha pelas ciências exatas veio mesmo quando, ao consultar o Guia do Estudante em busca de orientação vocacional, Príamo descobriu que a o curso de Engenharia Química poderia oferecer tudo aquilo que procurava. “Percebi que poderia aliar os estudos em química e matemática ao desenvolvimento de processos, transformando matérias-primas em produtos que beneficiassem a sociedade”, explica.

O vestibular marcou o retorno à cidade natal, onde cursa Engenharia Química na Universidade Federal do Sergipe, de 1991 a 1995. Desde o início, decidiu seguir uma carreira voltada para a aplicação prática dos fundamentos científicos. Convicto da vocação acadêmica, optou pelo mestrado no Programa de Engenharia Química da Coppe. Na escolha pelo Rio de Janeiro pesou não apenas a excelência acadêmica da instituição, mas também a chance de assistir aos jogos no Maracanã e torcer para o Flamengo, além de mergulhar nas praias de Ipanema e Copacabana.

Graças ao excelente desempenho obtido no primeiro ano do mestrado na Coppe, foi convidado a ingressar diretamente no doutorado, sem necessidade de defesa da dissertação de mestrado. À procura de uma vivência em pesquisa no exterior e de dar continuidade aos trabalhos de sua tese, atuou como pesquisador visitante na Universidade de Wisconsin, nos EUA, na área de engenharia das reações de polimerização, entre 1997 e 1999.

Técnicas pioneiras voltadas para meio ambiente e saúde

Concluiu a tese de doutorado sobre dinâmica e estabilidade de reatores de polimerização, em 2000, e tornou-se professor adjunto do Programa de Engenharia Química da Coppe, em 2002. Desde então, Príamo vem obtendo resultados bem-sucedidos em pesquisas para a melhoria do desempenho de reatores para a produção de plásticos. Suas pesquisas – em parceria com os professores José Carlos Pinto, da Coppe, e Marcio Nele de Souza, da Escola de Química da UFRJ – têm aplicações especiais na área ambiental e biomédica, desenvolvendo técnicas pioneiras para a reciclagem de material plástico e para a produção de polímeros sintéticos para tratamento contra o câncer.

“O compromisso com a excelência e as possibilidades de interação entre diferentes áreas do conhecimento têm nos permitido produzir no laboratório projetos de relevância para a sociedade, que poderá fazer uso imediato desses desenvolvimentos”, orgulha-se.

Outro motivo de satisfação é a Escola-Piloto de Engenharia Química, que foi criada pelo Programa de Engenharia Química da Coppe com o objetivo de levar temas de fronteira do conhecimento aos alunos de graduação e de pós-graduação de outras universidades do país. A Escola Itinerante é coordenada por Príamo e Hellen Ferraz, também professora da Coppe.

Recém-casado com Mariana, que acabara de concluir o mestrado na Escola de Química da UFRJ, Príamo foi para a Holanda em 2007 cursar o pós-doutorado na Universidade de Amsterdã. Além dos estudos na área de modelagem e simulação de processos, o pós-doutorado coincidiu com grandes mudanças na vida pessoal. “Foi um período agitado. Acabou sendo um privilégio. Foram 15 meses de lua-de-mel na Europa”, brinca. Planos para os filhos só daqui a três anos. Enquanto isso, aproveitam a vida dois.

O período na Holanda trouxe outra paixão, a fotografia. Tão precoce como em sua vida acadêmica, em pouco tempo passou de aprendiz a professor. Especialista em paisagem, começou no mês de outubro a ministrar aulas sobre o assunto no Ateliê da Imagem, uma escola de fotografia localizada no bairro da Urca. “Abri outra perspectiva na minha vida, hoje estudo história da arte e filosofia. A fotografia me completa”, afirma. Esse prazer o levou a um novo hobby, o montanhismo, que pratica regularmente com um grupo de amigos.

O prêmio foi uma boa surpresa. “Nem sabia que estava concorrendo. Faço parte da terceira geração do PEQ, somos um grupo muito comprometido com a excelência e a aplicabilidade de nossas pesquisas. E espero continuar contribuindo para o sucesso do Programa e da Coppe como um todo. Faço com dedicação tudo o que gosto”. Talvez esteja aí a chave do seu sucesso.

Quem quiser conferir o talento do engenheiro químico na arte da fotografia, é só acessar o site http://www.flickr.com/photos/priamo_melo/.

  • Publicado em - 04/11/2010