Programa de Engenharia Elétrica rende homenagens a Luiz Calôba
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Data: 05/09/2024
O Programa de Engenharia Elétrica (PEE) da Coppe/UFRJ prestou homenagens, nesta quinta-feira, 5 de setembro, ao professor Luiz Calôba, com 50 de seus 80 anos de vida dedicados ao PEE, à formação de pessoal qualificado e à pesquisa em temas que se revelaram a fronteira do conhecimento.
As homenagens deram o tom do quarto Colóquio do Programa de Engenharia Elétrica que lotou o auditório da Coppe, com alunos, professores, pesquisadores do PEE e também de colaboradores e admiradores do homenageado. Participaram do colóquio os professores Paulo Sérgio Diniz, Luiz Calôba, e José Manoel de Seixas (todos do PEE); Alexandre Evsukoff (do Programa de Engenharia Civil); além de Leonardo Nunes (Microsoft, que fez uma apresentação sobre LLMs, grandes modelos de linguagem) e Gilberto Xavier (Petrobras, que abordou a colaboração de Calôba com a empresa).
Homenageado do dia, o professor Luiz Calôba contou “uma pequena história sobre as redes neurais”, discorrendo sobre a contribuição de nomes importantes para o desenvolvimento da Inteligência Artificial como os matemáticos Marvin Minsky, Seymour Papert, Paul Werbos, Vladimir Vapnik e os psicólogos Frank Rosenblatt e Geoffrey Hinton, este, responsável pelo conceito de aprendizado profundo.
“Warren McCulloch e Walter Pitts, um anatomista e um autodidata, fizeram o primeiro modelo matemático de um neurônio. Engenheiros, médicos, neurocientistas. São várias as especialidades que contribuem para o estudo das redes neurais. A gente busca, com as redes neurais, replicar o aprendizado por experiência e generalização. A gente busca processar informação da mesma maneira que o cérebro, reproduzir o seu funcionamento por aprendizado não supervisionado. Não é colocar o computador para fazer contas e sim simular sistemas não-lineares e reconhecer padrões, duas das aplicações principais de redes neurais”, explicou o professor homenageado.
“O funcionamento do cérebro intriga a Humanidade desde 400 a.c, quando Aristóteles escreveu sobre a memória e as lembranças. É uma engenharia reversa para replicar como o cérebro processa informação. Semanticamente, o certo seria falarmos redes neuronais artificiais, pois elas replicam o funcionamento de neurônios e não dos nervos”, ensinou professor Luiz Calôba.
Gentileza gera Excelência
O professor Paulo Sérgio Diniz destacou no seu colega de PEE, amigo, e ex-orientador, um educador com didática natural e conhecimento teórico “profundíssimo”. “Se hoje temos uma Engenharia Elétrica forte no Brasil, muito se deve ao professor Calôba. Ele mostrou que ensino e pesquisa não são contraditórios. É o melhor orientador que conheci. Ele era diferente de todos. Uma coisa que aprendi com ele é ter a porta sempre aberta aos alunos e sempre ser gentil. A orientação dele era sempre particularizada para cada aluno. Ele observava o jeito de ser e buscava tirar o melhor de cada um”.
“Ao menos 800 doutores em Engenharia Elétrica têm o professor Calôba em seu processo formativo. Incansável em transferir conhecimento, fonte de ideias originais e justo com todos. Talvez não fôssemos o que somos se ele não estivesse aqui. Que sorte a nossa”, completou Diniz.
Segundo o vice-diretor da Coppe, professor Marcello Campos (também do PEE) e que abriu o evento, “Calôba é um grande amigo, cuja vida tocou as vidas de muitas pessoas, entre colegas de trabalho, alunos e amigos”.
O professor José Manoel de Seixas destacou a forma visionária e corajosa pela qual Calôba, junto com colegas do Programa de Engenharia de Sistemas e Computação, conduziu a Coppe a uma longa e bem-sucedida parceria com o Cern, o principal laboratório de física de partículas do mundo.
“Em 1988, altas energias era uma área que a gente não dominava. Era uma época difícil, em que a comunicação era feita por fax ou quando era possível viajar. Ele teve coragem em guiar seus alunos por esse caminho, logo começamos a colaboração com o Atlas. Na época, eu e Márcio Nogueira, que também era aluno de Calôba, o vimos seguindo um caminho de pesquisa em redes neurais e pensamos vamos para lá também, que se ele está indo por esse lado, deve ser bom”.
“Foi assim: fomos caminhando pelos caminhos desbravados pelo Calôba, que era nosso foco, nossa luz. Para nossa alegria, o Brasil se tornou país colaborador do Cern e a Coppe teve papel importante nisso. Foram 40 anos de convivência no Laboratório de Processamento de Sinais (LPS) e posso dar testemunho de sua inteligência, coragem e luminosidade”, reconheceu Seixas.
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