História

 

A Coppe nasceu em março de 1963, com o nome de Curso de Mestrado em Engenharia Química da Universidade do Brasil, a antiga denominação da atual Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

 

Fundo Correio da Manhã. Arquivo Nacional.

 

Criado pela iniciativa e determinação do professor Alberto Luiz Galvão Coimbra, com o apoio de alguns colegas pioneiros, o curso, em algumas décadas, deu origem à maior instituição de ensino e pesquisa em engenharia da América Latina.

Engenheiro químico e docente da Escola Nacional de Química, Coimbra era um insatisfeito com a qualidade dos cursos de graduação em Engenharia existentes no Brasil. Dizia que, para atender às necessidades de expansão das indústrias e de desenvolvimento do país, faltavam tecnologia e métodos de projeto. Segundo ele, era preciso aliar os princípios científicos básicos da matemática, da física e da química ao espírito prático dos engenheiros, de modo a que praticassem uma verdadeira ciência da engenharia. Do contrário, os brasileiros estariam para sempre condenados a importar tecnologia – cada vez em maior escala e nem sempre adequada às nossas necessidades específicas.

Tendo obtido, em 1949, o título de mestre na Universidade Vanderbilt, nos Estados Unidos, Coimbra conhecia o sistema de pós-graduação norte-americano, que combinava o ensino e a pesquisa – uma reunião quase inexistente no Brasil da época. Convenceu-se de que era o caminho mais rápido e eficiente para melhorar a formação de engenheiros no país, já que os padrões de qualidade e rigor das práticas da pós-graduação permeariam os cursos de graduação.

 

Aula na faculdade Vanderbilt, 1960.

 

Foi assim que, no começo da década de 1960, escolheu três dos seus melhores alunos que estavam se formando no curso de graduação em Engenharia Química – Affonso Silva Telles, Giulio Massarani e Maurício Leonardos – arranjou-lhes bolsas de estudos da Organização dos Estados Americanos (OEA) e enviou-os aos Estados Unidos para cursarem o mestrado na Universidade de Houston. Na volta, se tornaram professores do curso de pós-graduação que Coimbra criaria. Tal curso, sonhava ele, contribuiria para mudar a universidade brasileira e, a partir dela, o Brasil.

No começo da década de 1960, as universidades brasileiras desconheciam o sistema de pós-graduação com cursos de mestrado e doutorado em vigor nos Estados Unidos. Além disso, salvo raras exceções, não faziam pesquisa. Os cursos superiores eram vistos apenas como espaços de ensino. Havia alguns cursos de pós-graduação, mas, em geral, eram cursos rápidos de especialização, do tipo que mais tarde seria chamado de pós-graduação lato sensu. Na área das engenharias, os professores trabalhavam em tempo parcial; o magistério era uma das ocupações de tais profissionais e sofria a competição de atividades que estes desempenhavam em seus escritórios de projetos, empresas e outras instituições.

Tudo isso era muito diferente do que ocorria nos dois países mais adiantados: os Estados Unidos e a União Soviética, então protagonistas da chamada Guerra Fria, a disputa geopolítica que pôs em confronto as duas potências que emergiram da Segunda Guerra Mundial. Em 1957, os soviéticos assombraram o mundo ao levar os primeiros veículos tripulados ao espaço. Apanhados de surpresa, os americanos se mobilizaram para recuperar o tempo perdido e empreenderam uma grande reforma em seu sistema de ensino e pesquisa científica e tecnológica.

Fascinado com a engenharia fortemente baseada nos princípios matemáticos praticada pelos russos e com a pronta reação das universidades americanas aos feitos tecnológicos dos adversários, o professor Alberto Coimbra percebeu que o momento era propício para tentar algo semelhante no Brasil.O país vivia, então, a euforia do desenvolvimentismo iniciado no fim da era Vargas e aprofundado na segunda metade dos anos 1950, no governo de Juscelino Kubitschek. Sob o slogan “Cinquenta anos em cinco”, construía-se a nova capital, Brasília, e apostava-se na industrialização para substituição de importações como a chave para o desenvolvimento econômico. Nas artes, o cinema novo e a bossa nova levavam o nome do Brasil para o mundo.

Com esse pano de fundo, Coimbra saiu em busca de apoio para criar um curso de mestrado em Engenharia Química. Frank Tiller, que fora seu orientador de mestrado em Vanderbilt e chefiava, no momento, o Departamento de Química da Universidade de Houston, comprometeu-se a ir ao Brasil dar algumas aulas no novo curso, convencer outros professores norte-americanos a fazer a mesma ação e contatar fundações estrangeiras para obter bolsas para os alunos. Athos da Silveira Ramos, presidente do Instituto de Química da Universidade do Brasil, cedeu-lhe duas pequenas salas no sexto andar do prédio da Escola de Química, no velho campus da Praia Vermelha, Zona Sul do Rio de Janeiro.

Em março de 1963, começaram as aulas da primeira turma. Os professores eram o próprio Coimbra, os norte-americanos Donald Katz e Louis Brand e os brasileiros Nelson de Castro Faria, Affonso Silva Telles e Giulio Massarani. Os dois últimos tinham recém-chegado do mestrado na Universidade de Houston, para onde Coimbra os mandara com bolsa de estudos. Os alunos, selecionados entre os mais brilhantes recém-formados em diferentes universidades brasileiras, eram Gileno Amaral Barreto, Walmir Gonçalves, Túlio Bracho Henriques, Jair Augusto de Miranda, Carlos Augusto Guimarães Perlingeiro, Paulo Ribeiro, Nelson Trevisan, Edgard Souza Aguiar Vieira e Liu Kai.

Coimbra começou a repetir uma espécie de mantra que se tornaria um dos pilares da instituição nas décadas seguintes: tempo integral e dedicação exclusiva para professores e alunos. Condição sine qua non, dizia ele, para garantir o salto de qualidade capaz de contribuir para mudar o cenário da universidade brasileira. Deu o exemplo: largou seis dos sete trabalhos que até então o sustentavam e passou a dar expediente integral na universidade.

Para assegurar a permanência de professores e alunos brilhantes em regime de tempo integral e dedicação exclusiva, era preciso ter dinheiro para pagar salários condizentes com os oferecidos por empresas. As bolsas garimpadas em diferentes instituições brasileiras e estrangeiras ajudavam a atrair alunos, mas não serviam para mantê-los na universidade como professores. Para que fizessem pesquisas, era preciso também montar laboratórios adequados.

Nesse momento, Coimbra conheceu o economista José Pelúcio Ferreira, chefe de uma divisão no então Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico (BNDE), ainda sem o “S” (indicativo de “Social”) que mais tarde lhe seria adicionado.

 

Logo – BNDE.

 

Criado em 1952 com o propósito de promover o desenvolvimento do país por meio do estímulo à industrialização, o BNDE financiava a instalação e ampliação de indústrias e dispunha de uma verba para financiar treinamento de pessoal para as empresas. Mas a verba não era utilizada, porque treinamento de recursos humanos era um conceito desconhecido das empresas brasileiras de então.

Juntos, Pelúcio e Coimbra propuseram ao BNDE utilizar os recursos para financiar, a fundo perdido, a formação de professores e pesquisadores de alto nível nas universidades. Assim, foi criado em 1964 o Fundo de Desenvolvimento Técnico-Científico (Funtec). O primeiro financiamento foi para o Curso de Mestrado em Engenharia Química.

Os recursos do Funtec animaram Coimbra a criar, em 1965, o segundo curso de mestrado, desta vez em Engenharia Mecânica. Era preciso, então, um nome que englobasse os dois cursos e os próximos que seriam criados. Foi assim que surgiu o nome Coppe – Coordenação dos Programas de Pós-Graduação e Pesquisa de Engenharia.

Para recrutar alunos, Coimbra inventou um método: mandava duplas de professores em missão pelas cidades onde havia cursos de graduação em Engenharia. Os enviados punham um anúncio no jornal local, convidando estudantes em fim de curso a se apresentarem num hotel em determinado horário. Explicavam o que era mestrado, descreviam a Coppe e entrevistavam os interessados. Se o jovem parecesse promissor, era informado de que havia uma bolsa de estudos esperando por ele no Rio de Janeiro.

O crescimento foi vertiginoso. Em 1967, quando se mudou para instalações mais amplas na Cidade Universitária, na Ilha do Fundão, a Coppe já tinha sete programas em funcionamento. Em 1968, quando o Ministério da Educação promoveu a reforma do sistema universitário, a pós-graduação foi oficializada no Brasil nos moldes que já eram praticados pela Coppe.

Em 1969, o Ministério do Planejamento, inspirado na experiência do BNDE com o Funtec, criou o Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FNDCT). José Pelúcio foi chamado para geri-lo dentro da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), empresa pública vinculada àquele ministério. Foi um grande salto nos recursos disponíveis para financiar a pesquisa científica e tecnológica.

 

Cidade Universitária. Rio de Janeiro, 20 de agosto de 1972. Arquivo Nacional.

 

Quando a década terminou, estavam criados 7 dos 13 cursos de pós-graduação que hoje formam a Coppe. As dissertações de mestrado se sucediam, iniciavam-se os cursos de doutorado, empresas começavam a procurar os professores para pedir soluções para seus problemas tecnológicos.

A Coppe era tão poderosa que nem a ideologia fortemente anticomunista do regime militar instalado no Brasil desde 1964 a impediu de fazer o que considerava melhor para sua excelência acadêmica: por exemplo, ir buscar estrelas da ciência soviética para dar aulas no Fundão. Em 1968, enquanto o governo editava o Ato Institucional no 5, que suprimiu as liberdades civis e instaurou de fato a ditadura militar no país, chegavam professores soviéticos convidados pelo fundador e diretor da Coppe, Alberto Luiz Galvão Coimbra, com as bênçãos do Ministério das Relações Exteriores e da embaixada soviética em Brasília. Vieram, entre outros, Victor Lenski, sumidade internacional em resistência de materiais, e Dimitri Vastvoscev, reconhecido nome da engenharia naval.

O sucesso alcançado pela Coppe logo em seus primeiros anos de vida estaria na raiz da crise que se abateu sobre a instituição na década seguinte.

 

Época de ouro, tempos de chumbo

A segunda década de vida da Coppe foi marcada pela grande crise que resultou na saída de seu fundador, Alberto Luiz Galvão Coimbra, em 1973. Era o auge da ditadura militar. Conflitos e disputas internas de poder encontravam, no clima nacional de medo e delação, um ambiente favorável a ameaças e denúncias que extrapolavam as fronteiras da universidade e iam bater às portas dos órgãos de segurança do regime.

 

Manifestação estudantil contra a ditadura militar. Arquivo Nacional / Fundo Correio da Manhã.

 

O traumático afastamento de Coimbra pôs em risco a própria sobrevivência da Coppe. Por algum tempo, temia-se que a instituição fosse dissolvida dentro da universidade, com seus cursos entregues a diferentes departamentos das Escolas de Química e de Engenharia. Professores acusados de serem lenientes com alunos suspeitos de envolvimento em atividades políticas foram demitidos; outros, desencantados, pediram demissão.

Mas as sementes plantadas por Coimbra resistiram. Os princípios que ele transmitira a docentes e discípulos, de compromisso com a excelência acadêmica e com o interesse maior da sociedade brasileira, foram mais fortes. A Coppe não apenas sobreviveu como experimentou, nos anos seguintes, uma grande mudança de patamar na sua produção acadêmica, o que lhe permitiria, mais tarde, consolidar sua posição como produtora de conhecimento e tecnologia para o país.

Um marco da época foi a assinatura, em 1977, de um convênio de cooperação com a Petrobras, para desenvolver a tecnologia necessária para essa empresa petrolífera brasileira projetar suas próprias plataformas de produção de petróleo. Desde então, o trabalho conjunto da Coppe com a Petrobras ajudou a colocar o Brasil entre os países líderes mundiais da tecnologia de produção de petróleo no mar.

Pioneirismos da Coppe

No começo da década de 1970, vivia-se o chamado “milagre brasileiro”. A estratégia do governo era aprofundar a política de substituição de importações e ampliar os investimentos em infraestrutura. A economia crescia em torno de 10% ao ano. Em consequência, a demanda por tecnologia aumentava, e multiplicavam-se as oportunidades para engenheiros altamente qualificados, favorecendo, assim, instituições de pesquisa científica e tecnológica como a Coppe.

Preocupada em resguardar os princípios que presidiram sua criação – excelência acadêmica, trabalho em tempo integral e dedicação exclusiva –, a Coppe saiu-se com uma iniciativa inédita no Brasil. Criou a Coppetec, para disciplinar a prestação de serviços de seus professores em projetos do interesse de indústrias e órgãos públicos. Os objetivos eram garantir que suas atividades acadêmicas não fossem prejudicadas pelas encomendas e, ao mesmo tempo, manter os pesquisadores em contato com a realidade e as necessidades das empresas e da sociedade. Outra finalidade era gerar para a própria Coppe recursos que poderiam ser aplicados livremente, sem as amarras burocráticas das verbas governamentais.

O modelo da Coppetec, que décadas mais tarde seria transformada em fundação, funcionou tão bem que inspirou a criação de órgãos semelhantes em outras universidades.

Também em 1970 foram criados mais quatro cursos, aumentando para 11 o número de programas. Também foi defendida a primeira tese de doutorado produzida na Coppe – marco inicial de um novo patamar acadêmico. Intitulado “O método dos elementos finitos: fundamentos teóricos – automatização – aplicações a problemas de placas e de elasticidade plana”, o trabalho, de Alcebíades de Vasconcellos Filho, foi apresentado ao Programa de Engenharia Civil.

Em 1973, um projeto gestado desde 1971 se tornou realidade. Com o apoio do Ministério do Planejamento, nasceu, dentro do Programa de Engenharia de Produção, a Coppead – a primeira business school do Brasil. Era inspirada nos cursos que então nasciam nos Estados Unidos e, hoje, são fartamente conhecidos, aqui e lá, como MBA – Master of Business Administration. Na época, as escolas brasileiras de administração de empresas só ofereciam curso de graduação. A Coppe, uma pós-graduação de engenharia, ousou trazer a novidade para o Brasil. Nos anos 1980, a Coppead ganhou autonomia e se descolou da nave-mãe.

Essa independência ocorreria, em diferentes épocas, em outras iniciativas que nasceram na Coppe nos anos 1960 e 1970 e conquistaram espaço próprio na UFRJ: a área de Planejamento Urbano (PUR) originou o atual Instituto de Pós-Graduação em Planejamento Urbano e Políticas Regionais (Ippur); o Programa de Engenharia Matemática foi transferido para o Instituto de Matemática; a Divisão de Cálculo Científico, onde se abrigava o grande computador doado pela IBM nos anos 1960, se transformou no atual Núcleo de Computação Eletrônica (NCE/UFRJ), e da Ecotec adveio a pós-graduação do Instituto de Economia da UFRJ.

 

IBM Personal Computer XT.

 

No dia 18 de maio de 1973, o reitor da UFRJ, Djacir Menezes, afastou Alberto Luiz Galvão Coimbra da direção da Coppe. Era o desfecho de uma disputa interna entre visões de mundo totalmente diferentes. A euforia cultural em torno do novo que caracterizara a virada dos anos 1950 para os 1960, passou a ser vista, pelos donos do poder que emergiram com o golpe militar de 1964, como transgressora.

A conhecida ousadia de Coimbra, que o fizera trazer os melhores cientistas para o Rio, fossem eles da União Soviética ou dos Estados Unidos, não contribuía para uma sintonia com o regime. Sempre disposto a fazer o que considerava melhor para a Coppe, ele seguia em frente, ignorando as polarizações ideológicas.

No início dos anos 1970, a convite de Coimbra, tinham chegado à Coppe três professores vindos de outras instituições para chefiar três programas: Engenharia Biomédica, Engenharia de Sistemas e Engenharia Elétrica. Um deles, coordenador da Engenharia Elétrica, era um general.

Os três entraram em choque com a visão progressista de Coimbra, cujo objetivo era criar uma instituição inovadora que englobava programas e não repetisse a fórmula de departamentos isolados. Questionavam seus métodos administrativos e provocaram a abertura de uma comissão de inquérito na universidade. Não tardou para que a existência da tal comissão fosse denunciada à temida Polícia Federal.

Foi assim que uma disputa interna acabou por envolver os órgãos de repressão da ditadura militar e resultou na demissão do fundador da Coppe.

Em 18 de maio de 1973, o reitor Djacir Menezes afastou Coimbra e nomeou Sydney Martins Gomes dos Santos, vice-reitor da UFRJ, professor da Escola de Engenharia e docente do Programa de Engenharia Civil da Coppe.

Sydney escolheu como seu vice-diretor um dos professores mais próximos do fundador, Carlos Alberto Perlingeiro, do Programa de Engenharia Química, que se desdobrou para ajudá-lo a administrar a Coppe e, principalmente, a pacificá-la. De um lado, mostrava ao diretor as intenções e méritos das ideias e ações de Coimbra. De outro, ajudava-o a apagar os incêndios provocados pelos constantes curtos-circuitos nas relações com o corpo docente.

Mas, nos corredores, ouviam-se boatos de que a Coppe acabaria e seria loteada entre a Escola de Engenharia e a Escola de Química. Inseguros ou desencantados, vários professores foram embora. Os alunos começaram a se agitar. Em meados de 1973, fizeram uma greve contra atrasos do pagamento de bolsas de estudos. Os ânimos no campus ficaram ainda mais acirrados.

Em seguida, explodiu um conflito numa área multidisciplinar subordinada ao Programa de Engenharia de Produção, denominada Planejamento Urbano e Regional (PUR). Na prática, o PUR funcionava como um programa, com seu próprio coordenador. Havia sido criado com o apoio do governo federal, por meio do Banco Nacional da Habitação. Ao contrário dos outros programas, ocupados principalmente por engenheiros, no PUR predominavam professores e alunos dos cursos de Arquitetura, Urbanismo e Ciências Sociais. Tinham um perfil mais crítico às políticas governamentais.

Em 1976, um professor do PUR acusou colegas de disseminarem o marxismo em suas salas de aula. O diretor da Coppe, Sidney Santos, resolveu demitir 7 dos 12 professores que atuavam na área. Em seguida, insatisfeitos com a situação, três docentes saíram e, consequentemente, a área foi extinta.

Visto como interventor e tratado com desconfiança pelos alunos e docentes mais ligados a Coimbra, Sydney Santos ficou ainda mais desgastado com a crise do PUR. A escolha de Perlingeiro como vice-diretor e a demissão dos três coordenadores de programas que haviam desencadeado a crise que afastou Coimbra não bastaram para lhe aumentar a popularidade.

Coimbra, a essa altura, estava abrigado num obscuro posto de assessor na Finep, respondendo a processo na Justiça Federal. Em 12 de agosto de 1976, acatando recomendação do procurador da República, José de Oliveira Bastos, o juiz José Gregório Marques, da 4ª Vara Federal, declarou extinto o processo contra ele.

O fundador da Coppe permaneceu no ostracismo até 1981, quando a ditadura arrefecia e o próprio ministro da Educação, coronel Rubem Ludwig, lhe concedeu o Prêmio Anísio Teixeira. Em 1984, já nos estertores do regime militar, a Finep o devolveu à UFRJ. O fundador, então, voltou a ser professor da Coppe. Tinha 60 anos. Retornou às origens, o Programa de Engenharia Química. Deu aulas, nesse programa, por quase uma década, até se retirar de vez com o título de professor emérito da UFRJ, em 1993.

Em dezembro de 1973, num texto em que celebrava o décimo aniversário da Coppe, Sydney escreveu: “[…] a grande dívida é com o professor Alberto Luiz Coimbra, […] que tudo lhe deu nesses dez anos: trabalho, desvelo, aplicação, esforço e até saúde.”

Em 1995, a instituição que Coimbra sonhou e construiu deu-lhe um dos maiores reconhecimentos que se pode receber em vida: passou a se chamar Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa de Engenharia. Manteve-se, porém, a sigla que ele escolhera 30 anos antes: Coppe.

 

Alberto Luiz Coimbra – Fundador da Coppe.

 

A festa da liberdade e os bolsos vazios

Foram tempos difíceis. De um lado, vivia-se a turbulência dos embates, rearranjos políticos e lutas pela redemocratização do país. De outro, as dificuldades econômicas que marcaram a chamada “década perdida” do Brasil.

 

 

Às voltas com um quadro de inflação alta, pesada dependência de petróleo importado e explosão dos juros da dívida externa, o governo federal abandonou gradativamente o papel de indutor do desenvolvimento científico e tecnológico. É verdade que o sistema de apoio à ciência e tecnologia montado no regime militar foi até enriquecido com a criação, logo no primeiro governo civil, do Ministério da Ciência e Tecnologia, em 1985. Mas, na prática, as verbas para o setor minguavam.

Na busca de recursos, a Coppe teve de colocar, com mais ênfase, seu trabalho a serviço das demandas das empresas e órgãos de governo e aprender a fazê-lo sem comprometer a postura de independência e rigor acadêmico. A prática das novas liberdades democráticas, que incluíam a escolha de dirigentes pelo voto direto, também foi um árduo aprendizado.

Das turbulências políticas e econômicas surgiram as novas lideranças que conduziriam a instituição nas décadas seguintes. Não apenas a Coppe sobreviveu sem perder a identidade e a qualidade, como aprofundou sua aproximação com a sociedade. Nos anos 1980, temas estratégicos como a relação entre energia e meio ambiente começaram a entrar em sua agenda.

Foi também nessa década quando ganhou força a parceria histórica entre a Coppe e a Petrobras, cujo primeiro projeto foi realizado nos anos 1960. Mas foi em 1977 que a parceria ganhou forte impulso, resultando no desenvolvimento da tecnologia que possibilitou à empresa projetar suas próprias plataformas e permitiu extrair petróleo das profundezas do mar de Campos. Essa tecnologia pôs o Brasil na liderança da produção em águas profundas e economizou bilhões de dólares em divisas para o país. A cooperação gerou mais de 3 mil projetos até 2013 e centenas de teses e dissertações.

Em 1982, a presidência da República ainda era ocupada por um militar, mas já se iniciara a transição para a democracia. Os punidos do regime tinham sido anistiados em 1979 e o Ato Institucional nº 5, principal instrumento do arbítrio, fora extinto um ano antes. O movimento sindical se reorganizava e crescia. Novos partidos políticos surgiam, antigos partidos ressurgiam.

Na Coppe, também se iniciou um novo ciclo. Assume a direção da Coppe Paulo Alcântara Gomes (1979 a 1981), sucedendo a Sergio Neves Monteiro (1976 a 1978). O Conselho Deliberativo, órgão formado por todos os professores e por representantes dos alunos, extinto por Sydney Santos, foi restabelecido na gestão do professor Sandoval Carneiro (1982-1985). Em 1986, o professor Luiz Pinguelli Rosa assume a direção da Coppe, sendo o primeiro diretor eleito pelo voto direto.

Pressionado pela necessidade de cortar custos, o governo mandava a Finep retirar o apoio dado à  Coppe. Ao mesmo tempo, a Capes e o CNPq, tradicionais provedores das bolsas de estudos, reduziam o número e o valor das bolsas. Começava a ficar difícil atrair alunos.

No fim das contas, preservaram-se os dedos e os anéis. Apesar da persistência das dificuldades econômicas, algumas boas oportunidades foram aproveitadas. A Coppe deu impulso a importantes projetos de cooperação com empresas, que resultariam mais tarde em ganhos científicos e tecnológicos vitais para o país.

Eles foram para o mar: o sucesso da parceria Coppe e Petrobras                                                     

No começo dos anos 1980, nenhum país dominava a tecnologia para tirar petróleo de águas muito profundas. Desde 1974, a Petrobras fazia sucessivas descobertas de óleo nas profundezas da Bacia de Campos. O desafio era tirá-lo desse local. E havia urgência. Um dos maiores problemas da economia brasileira de então era a dependência de petróleo importado – as importações cobriam 70% da demanda nacional.    

O desequilíbrio das contas externas causado pelos gastos com petróleo, iniciado com as duas grandes altas dos preços internacionais, em 1973 e 1979, agravou-se na década de 1980 com a chamada crise da dívida. Os pagamentos de juros dos empréstimos estrangeiros pularam de US$ 514 milhões, em 1973, para US$ 9,5 bilhões, em 1983. Não havia muito que o Brasil pudesse fazer. Mas um rápido aumento na produção interna de petróleo amenizaria bastante a situação.

Foi nesse pano de fundo que a Petrobras e a Coppe assinaram, em 1977, o histórico convênio de cooperação que ajudou a mudar a face da indústria brasileira de petróleo. Considerado modelo de caso de sucesso entre empresa e universidade, deu início a uma parceria duradoura que, há décadas, resulta em benefícios para o Brasil e a sociedade brasileira.

Ao lado da Petrobras, professores, alunos e técnicos da Coppe mergulharam no mar. Ajudaram a erguer, no oceano, a tecnologia que hoje dá ao Brasil a liderança mundial da exploração e produção de petróleo em águas profundas.

A cooperação, que permanece até hoje, gerou até 2022  mais de 3 mil projetos de pesquisa, formou milhares  de mestres e doutores e resultou na criação de cursos de pós-graduação lato sensu e de especialização.

O convênio entre a Petrobras e a Coppe para o desenvolvimento das tecnologias de projeto das plataformas nasceu do esforço de pesquisadores do Programa de Engenharia Civil, que conseguiram convencer os técnicos da empresa a investir na parceria.  Tratava-se de colocar a serviço da Petrobras a competência acumulada na Coppe em uma área da engenharia chamada de análise estrutural. Pelo convênio, a Coppe desenvolveria sistemas computacionais específicos para projetar estruturas complexas que operam em condições dinâmicas, como as plataformas de petróleo no mar. Com esses sistemas, a Petrobras poderia projetar suas próprias plataformas. E, melhor, seriam projetos específicos para as condições do mar brasileiro – um serviço que nenhum escritório estrangeiro poderia fornecer.

Em 1985, 33 plataformas fixadas, cujo projeto se baseou no trabalho da Coppe para trabalhar em águas pouco profundas (10 a 48 metros), já estavam em operação em campos marítimos do Nordeste e do Espírito Santo. No mesmo ano, a Petrobras já fazia o projeto das sete primeiras plataformas inteiramente nacionais para a operação nas águas profundas (100 metros de profundidade) da Bacia de Campos.

Para a Coppe, o sucesso do convênio do Programa de Engenharia Civil abriu uma ampla frente de cooperações com a empresa, ainda nos anos 1980. À medida que iam surgindo novos e diferentes projetos, outros programas eram mobilizados: Engenharia Naval e Oceânica; Metalurgia e Materiais; Engenharia Química; e Engenharia Elétrica.

Para o Brasil, o convênio ajudou a mudar a face da indústria de petróleo. As décadas de 1980 e 1990 assistiram a sucessivas quebras de recorde na produção da Petrobras em águas cada vez mais profundas. E o país entrou no pelotão de frente do seleto grupo de países detentores de tecnologia de produção de petróleo no mar.

Tecnologia para avançar mar adentro

Quando a profundidade das operações no mar de Campos alcançou a casa das centenas de metros, foi preciso abandonar as plataformas fixas cravadas no fundo do mar e recorrer a estruturas flutuantes. Primeiro, foram as plataformas semi-submersíveis. Em seguida, navios-plataforma (antigos petroleiros convertidos) também passaram a ser usados.

Nesse processo, aumentou a participação dos pesquisadores do Programa de Engenharia Naval e Oceânica, que se juntaram aos pioneiros da Engenharia Civil. Conhecedores da hidrodinâmica marítima, ajudaram a ampliar o conhecimento específico sobre o mar brasileiro.

Uma parte importante do trabalho da Coppe para a Petrobras é o desenvolvimento de técnicas para monitorar o comportamento das estruturas no mar e informá-las aos projetistas dessa empresa. Uma dessas técnicas, desenvolvida ainda nos anos 1980, é usada ainda hoje para fazer a simulação numérica de sistemas de proteção catódica contra a corrosão dos equipamentos. Outra resultou num sofisticado sistema de monitoramento da fadiga de juntas tubulares.

O convênio de cooperação assinado em 1977 foi extinto no começo dos anos 1990. Não fazia mais sentido mantê-lo porque a cooperação com a Petrobras já ocorria em muitas frentes, com múltiplas formas de financiamento e participação de muitos programas da Coppe.

 

Visibilidade e reconhecimento popular

A despeito da escassez de verbas federais para pesquisa, que se prolongou pelos primeiros cinco anos, a década de 1990 terminou marcada por duas grandes conquistas.

A primeira foi a consolidação da abertura da Coppe para as demandas econômicas e sociais, que passaram a permear parte das teses produzidas. Estas, por sua vez, davam sustentação acadêmica ao crescente envolvimento da instituição na discussão de temas polêmicos, de interesse da sociedade – quase sempre tendo governantes e técnicos do governo do outro lado da mesa de debate.

Os assuntos abordados iam desde questões pontuais até a estratégia de privatizações do governo federal e os riscos de crise na geração e transmissão de energia elétrica, que culminou no “apagão” nacional por falhas no planejamento energético. A Coppe ganhou visibilidade fora dos círculos acadêmicos. Tornou-se mais conhecida em âmbito nacional e reconhecida pela sociedade.

Ao mesmo tempo, começou a ganhar uma infraestrutura laboratorial compatível com o porte de sua atuação. Em 1996, foi inaugurado o I-2000, o maior complexo de laboratórios da América Latina na área de engenharia. Com apoio da Petrobras, 82 laboratórios foram instalados em 10 mil metros quadrados de área construída. Nascia uma nova modalidade de cooperação com empresas: a construção conjunta de laboratórios.

 

 

Na segunda metade da década, finalmente surgiram novos mecanismos oficiais de apoio à pesquisa, como o Programa Nacional de Núcleos de Excelência (Pronex) e os fundos setoriais formados com contribuições obrigatórias das empresas nas áreas de petróleo e telecomunicações. Preparados para aproveitar as novas oportunidades, dirigentes e professores da Coppe rapidamente apresentaram uma coleção de projetos e substituíram por instalações modernas e muito bem-equipadas a rede de laboratórios montada nos 30 anos anteriores.

A Coppe preparava-se, assim, para entrar no século XXI.

O papel da Coppetec

Nos anos mais duros da falta de verbas federais, a Coppetec, setor da Coppe criado em 1970 – que, mais tarde, viria a se tornar uma fundação – para administrar a prestação de serviços a empresas e órgãos públicos, tinha se tornado uma fonte importante de recursos, graças aos contratos com a Petrobras, que haviam ganhado impulso a partir de 1977. No fim dos anos 1980, a Coppetec garantia 25% do orçamento da Coppe. Foi então que o governo federal, pressionado pela necessidade de engordar o orçamento da União, voltou os olhos para todas as fontes de recursos na administração pública que não passavam pelos controles do Tesouro.

Duas auditorias federais confirmaram a probidade e a lisura no trato dos recursos da Coppetec, mas exigiram mudanças em procedimentos administrativos, que, na prática, significavam tirar da Coppe a liberdade para aplicar os recursos que recebia por meio da Coppetec. Todo o seu orçamento ficaria engessado.

A solução foi transformar, em 1993, a Coppetec em fundação. A Fundação Coppetec administra os contratos de prestação de serviços, disciplinando a alocação de tempo dos professores, e distribui os recursos obtidos, seguindo normas claras e austeras. Desde então, a Fundação  já contabiliza mais de 17 mil convênios e contratos com empresas, órgãos públicos, privados e entidades não governamentais nacionais e estrangeiras. Boa parte deles ajudou a financiar a instalação da rede de laboratórios que se espalhou pelo campus nas décadas de 1990 e 2000.

A Área Interdisciplinar de Energia – formalmente criada em 1979 pelos Programas de Engenharia de Sistemas, Nuclear e Produção – cresceu a ponto de ganhar autonomia. Em 1992, o Programa de Planejamento Energético (PPE) tornou-se o 12º da Coppe e a primeira pós-graduação do país na área. Com um forte viés ambiental, o PPE estimulou o surgimento de projetos que buscam respostas ao grande desafio do mundo contemporâneo: conciliar a crescente demanda de energia com a necessidade de proteger o meio ambiente. 

O intenso uso de computação levou à compra, em 1995, de um Cray, o primeiro supercomputador da Coppe. O equipamento facilitou a realização de pesquisas em outras unidades da UFRJ e em várias instituições acadêmicas de grande porte no Brasil: Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas (CBPF); Centro Técnico Aeroespacial (CTA); Universidade de São Paulo (USP) , Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), entre outras.

Outro exemplo é a Área de Engenharia de Sistemas de Saúde, do Programa de Engenharia Biomédica. Essa área é responsável pela produção de diagnósticos e soluções para aumentar a eficiência da gestão dos sistemas de saúde público e privado, que, em geral, lutam com a pressão para acompanhar o avanço contínuo das tecnologias médicas e a correspondente alta de custos. Em cooperação com as autoridades de saúde, o programa passa a ajudar a impulsionar a aplicação de técnicas avançadas de gestão no setor. 

As instituições de desenvolvimento de tecnologia no Brasil se ressentiam da dificuldade de ver em uso o resultado de seu trabalho. Relativamente poucas tecnologias brasileiras chegavam de fato aos setores de produção e consumo. 

A resposta da Coppe foi criar, em 1994, sua Incubadora de Empresas de Base Tecnológica, uma novidade no Brasil da época. Ambientes que estimulam a criação e tornam possível o desenvolvimento de novas empresas, as incubadoras abrigam o novo negócio por um período de tempo limitado, garantindo-lhe infraestrutura e assistência até que alcance maturidade para sobreviver por conta própria no mercado.

A incubadora recebe empreendimentos nascidos de grupos de pesquisa de várias áreas da UFRJ, a maioria da Coppe. No fim dos anos 2000, 50 empresas já haviam se graduado, ou seja, estavam inseridas autonomamente no mercado.

A determinação de usar o conhecimento acadêmico para influir na agenda do país e nas políticas e ações das diferentes esferas de governo ganhou impulso na Coppe nos anos 1990.

Na segunda metade da década, apoiada em estudos do Programa de Planejamento Energético, a instituição alertou publicamente: o Brasil rumava para uma grave crise no abastecimento de energia elétrica, porque a estratégia de privatizações no setor negligenciara o planejamento da expansão do parque de usinas hidrelétricas. O governo federal contestava os dados e as análises da Coppe, a discussão se prolongou e teve momentos acalorados. Os fatos acabaram comprovando a procedência da avaliação e do alerta dos pesquisadores da Coppe. Em 2001, o governo federal decretou o racionamento de energia elétrica para toda a população, sob pena de desligamento temporário da residência ou empresa que não cumprisse o corte no consumo.

Questões mais pontuais, mas igualmente relevantes para a população, também foram objeto de debates acalorados com governos. Já em meados dos anos 1980, professores da Coppe alertaram que o governo estadual estava negligenciando a manutenção de pontes e viadutos cariocas, ameaçados por corrosão das ferragens.

Em 1988, o problema foi detectado no viaduto do Joá, importante via de escoamento do tráfego entre a Zona Sul e a Barra da Tijuca. O conserto, emergencial, só foi realizado em 1991, por meio de intervenção judicial, e não resolveu de vez o problema.

Resultado de mais longo alcance teve uma iniciativa tomada em 1996. Em 13 de fevereiro daquele ano, um violento temporal na cidade do Rio de Janeiro matou uma centena de pessoas e desabrigou mais de 6 mil.  A Coppe realizou o seminário Prevenção e Controle dos Efeitos dos Temporais no Rio de Janeiro. O evento foi uma parceria com a Rede Nacional de Mobilização Social – Coep, criada em 1993 pelo sociólogo Herbert de Souza, o Betinho. Foi uma experiência rara, na época, de mobilização de técnicos de governo, cientistas, políticos e militantes de ONGs para discutirem em conjunto um tema candente para a sociedade, resultando em recomendações técnicas.

O resultado foi um relatório com diagnósticos e sugestão de soluções para os principais problemas. Publicado em formato de livro, sob o título Tormentas cariocas, o trabalho foi distribuído para autoridades governamentais, órgãos públicos e outras instituições. 

Diversas sugestões contidas na publicação foram postas em prática, como a criação de um sistema de alerta meteorológico, o Alerta Rio; a criação de formas de articulação dos diversos órgãos municipais, estaduais e federais; o uso do conceito de bacia hidrográfica como unidade para diagnóstico e intervenção; a intensificação de estudos para soluções e ações de prevenção de riscos em encostas; a implementação de projetos de educação ambiental nas comunidades.

Nos anos seguintes, os programas da Coppe ampliaram o conhecimento dos fenômenos associados às chuvas e seus efeitos sobre as cidades – um conhecimento que se mostraria vital, diante do aumento da frequência e intensidade dos temporais.

Muitos outros estudos e tecnologias foram desenvolvidos para solucionar questões importantes para o país. Entre dezenas de exemplos, destacam-se projetos para melhorar a mobilidade nas cidades; despoluir rios; tornar mais eficiente a geração e o uso de energia; reduzir impactos ambientais em aglomerados urbanos brasileiros, em estuários e outros ecossistemas; e tornar tratamentos médicos mais eficazes e acessíveis à população.

 

Se, na década anterior, a Coppe aprofundou sua inserção e ganhou mais visibilidade na sociedade brasileira, nos anos 2000 a instituição ampliou seu processo de internacionalização, com um mergulho nos principais temas e dilemas do mundo globalizado – principalmente os desafios representados pelo crescimento da demanda global de energia e o agravamento da crise ambiental, com a intensificação das mudanças do clima.

Os primeiros dez anos do século XXI foram marcados, na Coppe, pelo início da operação de diversos laboratórios de grande porte, similares aos das mais importantes instituições de pesquisa europeias e norte-americanas, e pela atuação de seus pesquisadores em órgãos nacionais e internacionais de formulação de políticas, como o Fórum Brasileiro de Mudanças Climáticas e o Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC/ONU).

Também ajudou a promover uma articulação entre governo, empresas e órgãos da sociedade civil que viabilizou a construção de plataformas de petróleo no país, possibilitando a recuperação da indústria naval brasileira.

Em 2009, quando a primeira década do novo milênio chegava ao fim, a Coppe inaugurou sua primeira instituição formal de cooperação direta e sistemática com um país estrangeiro: o Centro China-Brasil de Mudança Climática e Tecnologias Inovadoras para Energia. Criado com o apoio dos governos dos dois países, o Centro tem sede em Pequim, na Universidade de Tsinghua. Desde então, projetos voltados para as áreas de energia e meio ambiente são desenvolvidos no âmbito dessa parceria.

O século XXI na Coppe começou, de fato e simbolicamente, com a inauguração do I-2000. Mais de 80 laboratórios foram construídos em uma área de 10 mil metros quadrados, com apoio da Petrobras. As instalações até então se restringiam a pequenas áreas e salas improvisadas.  A construção do I-2000 consolidou uma nova modalidade de parceria, com a implantação de laboratórios em conjunto com empresas. Um dos primeiros exemplares da nova safra foi o Núcleo de Catálise (Nucat), um dos mais bem-equipados centros de pesquisa de catalisadores do mundo.

As instalações laboratoriais de grande porte se expandem pelo campus. Em 2003, começou a operar o Laboratório de Tecnologia Oceânica (LabOceano), que tem o mais profundo tanque do mundo para a simulação de ondas e correntes oceânicas. Em 2009, foi inaugurado o Laboratório de Ensaios Não Destrutivos, Corrosão e Soldagem (LNDC). Único no mundo a integrar as três áreas numa só instalação, o LNDC ocupa uma área de 9 mil metros quadrados e concentra pesquisas voltadas para a exploração do pré-sal brasileiro. O presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva participou da cerimônia de abertura de ambos os laboratórios.

 

 

Com infraestrutura de grande porte disponível, conhecimento técnico e intensa atividade de pesquisa nos setores naval e de óleo e gás, a Coppe ajudou a promover uma articulação entre governo, empresas e órgãos da sociedade civil para estudar a possibilidade de recuperação da combalida indústria naval brasileira. Os pesquisadores acreditavam que o momento era propício. Realizaram um seminário na Coppe, com a presença de representantes de governo, empresas e academia, para avaliar a viabilidade de construção de plataformas de petróleo no Brasil. Concluíram que era possível, caso o governo investisse, por meio de encomendas, no restabelecimento do parque industrial naval, sucateado desde os anos 1980. Hoje, o setor é um dos mais florescentes da economia do Rio de Janeiro.

O LabOceano foi a primeira instalação do Parque Tecnológico do Rio, que ocupa uma área de 350 mil metros quadrados  na Cidade Universitária.  O empreendimento capitaneado pela UFRJ sedia centros de pesquisa de empresas globais, laboratórios da Coppe e de outras unidades da UFRJ e sedes de pequenas e médias empresas brasileiras intensivas em tecnologia.

 

 

Quando a primeira década do novo milênio terminou, já estavam instalados ou em instalação, no Parque Tecnológico da UFRJ, 13 centros de pesquisa de grandes corporações, 9 pequenas e médias empresas e 6 laboratórios da UFRJ, dos quais 4 eram da Coppe.

Ao longo dos anos 2000, acumularam-se evidências de que o aquecimento global é uma realidade e, em consequência, o clima do planeta está mudando. A demanda global de energia, que se acredita estar na raiz do problema, também se intensificou. Na Coppe, multiplicaram-se as pesquisas e iniciativas para lidar com os muitos aspectos do tema.

Uma das primeiras iniciativas foi a criação, ainda em 1999, do Instituto Virtual Internacional de Mudanças Globais (Ivig). Concebido para lidar com os diferentes ângulos – tecnológicos, econômicos, políticos, sociais e ambientais – do processo de globalização, na prática concentrou ênfase nos aspectos energético-ambientais.

A Coppe apoiou o governo brasileiro na formulação e implantação do programa nacional de biocombustíveis. Integrando os Programas de Planejamento Energético, Engenharia Química e de Transportes e outras unidades da UFRJ, realizou testes químicos e mecânicos que permitiram ao governo federal aprovar a adição de até 5% de biodiesel ao óleo diesel consumido no Brasil. Instalou, no Ivig, uma planta de produção de biocombustíveis, onde pesquisadores desenvolvem e testam combustíveis alternativos aos derivados de petróleo.

A partir de 2004, a Coppe passou a sediar e apoiar o Fórum Brasileiro de Mudanças Climáticas (FBMC), um órgão de assessoria da Presidência da República que reúne representantes de diferentes setores econômicos e segmentos sociais, e formular sugestões para o governo federal. O Fórum ajudou a criar a Política e o Plano Nacional sobre Mudança do Clima, enviado pelo Executivo e aprovado pelo Congresso Nacional em 2008. No ano seguinte, a Coppe também contribuiu, por meio do FBMC, para a formulação das metas voluntárias de redução das emissões de gases de efeito estufa, anunciadas pelo governo brasileiro na 15ª Conferência das Partes da ONU, realizada em Copenhague.  

No cenário internacional, desde 1990 professores da Coppe participam do IPCC, painel da ONU composto de cientistas, com o intuito de produzir relatórios periódicos para embasar convenções e acordos internacionais sobre o tema. Em 2007, vários deles integravam o grupo que publicou o quarto relatório, agraciado com o Prêmio Nobel da Paz. Em 2010, eram da Coppe 7 dos 25 cientistas brasileiros escolhidos pelo IPCC para trabalhar na elaboração do quinto relatório, com publicação prevista para 2014. Foi a maior representação brasileira.

 

Na segunda década do séc. XXI, a Coppe manteve sua excelência em pesquisa e inovação, buscando soluções para os desafios enfrentados pelo Brasil e pelo mundo em áreas como energia, petróleo, meio ambiente, transportes e telecomunicações, entre outras. Além disso, contribuiu com projetos, parcerias e debates a cerca dos grandes eventos internacionais sediados no país e com as transformações urbanas pelas quais o Rio de Janeiro passou.

As pesquisas e iniciativas para lidar com os aspectos das Mudanças Climáticas, multiplicados na década passada, permaneceram em ebulição pelos laboratórios da Coppe. Tecnologias para a transição energética e a sustentabilidade do planeta foram projetadas e disponibilizadas como, por exemplo, o lançamento, em 2010, do primeiro ônibus híbrido a hidrogênio com tecnologia 100% nacional e, em 2014 entrou em funcionamento, na Cidade Universitária do UFRJ, a linha experimental do Maglev-Cobra, o primeiro veículo no mundo a transportar passageiros utilizando a tecnologia de levitação magnética por supercondutividade. Além disso, a primeiro usina que gera energia a partir das ondas do mar, da América do Sul foi testada com sucesso durante dois anos no Porto do Pecém (CE), entre 2012 e 2013.

Tamanho engajamento de seus pesquisadores nas questões climáticas fez com que a Coppe desenvolvesse um papel relevante na concepção de estratégias e ações para a implementação dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), formulados durante a Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável (Rio+20). Realizado em 2012, no Rio de Janeiro, o evento proporcionou oportunidades para a Coppe estabelecer parcerias com outros institutos de pesquisas, organizações não governamentais, governos e empresas preocupadas com a promoção da sustentabilidade. A instituição apresentou suas principais contribuições para os grandes desafios ambientais e sociais. Entre elas, alternativas para a mobilidade nas grandes cidades; produção de energia a partir das ondas do mar; reaproveitamento de resíduos agrícolas, industriais e urbanos para produção de biocombustíveis e biomateriais; construções sustentáveis; e metodologias para a inclusão social de parcelas da população historicamente excluídas. A programação incluiu conferências na Cidade Universitária e uma grande exposição no Parque dos Atletas.

A participação ativa da Coppe na Rio+20 não apenas enriqueceu as discussões durante a conferência, mas também reforçou o papel das universidades e dos institutos de pesquisa no enfrentamento dos desafios globais. Tudo isso contribuiu para que se mantivesse como uma referência na busca por soluções para os problemas ambientais e socioeconômicos.

A Rio+20 foi um dos primeiros grandes eventos internacionais que o Brasil sediou neste período. Outros ainda estavam por vir e contariam com as contribuições da Coppe. Em 2009, o Rio de Janeiro havia sido escolhido para sediar os Jogos Olímpicos e Paralímpicos de 2016, o Rio 2016. Além da preparação da cidade do Rio, todo o restante do país também se preparava para sediar a Copa do Mundo de Futebol de 2014.

A partir de convênio entre a Coppe e o Comitê Olímpico do Brasil (COB), pesquisadores desenvolveram um sistema para fornecer aos atletas dados e previsões, em tempo real, sobre a dinâmica marinha e atmosférica dos locais nos quais foram realizadas as provas da Regata Internacional de Vela 2015 e a Maratona Aquática. A parceria se manteve para os Jogos Olímpicos Rio 2016, apoiando atletas de cinco modalidades do esporte náutico: vela, canoagem de velocidade, maratona aquática, triatlo (prova de natação) e remo.

Ainda sobre o Rio 2016, a Coppe desenvolveu um curso que fez parte do programa nacional Jovem Aprendiz do Desporto (Jade), fruto de uma parceria entre o Ministério do Trabalho e Previdência Social, o MEC, por meio do Pronatec, e o Ministério do Esporte. O curso capacitou jovens aprendizes para trabalhar nas Olimpíadas e a desempenhar atividades em clubes e competições esportivas.

O protagonismo da Coppe na exploração do Pré-sal, por sua vez, foi impulsionado cada vez mais. Em 2015, a instituição foi credenciada como unidade da Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial (Embrapii), na área de engenharia submarina para exploração de óleo e gás. Desde então, 32 projetos foram aprovados e nove já foram concluídos, em temas tão variados quanto o desenvolvimento de algoritmo para previsão da estabilidade de emulsões; desenvolvimento de aço com 9% de níquel para dutos de sistemas de reinjeção de CO2 em campos do Pré-sal; testes de tenacidade à fratura (CTOD); ferramentas de visualização 2D e 3D através de realidade aumentada e testes submarinos para validação de braço robótico para manifolds.

Criada em 2011 pelo governo federal, por meio dos Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) e do Ministério da Educação (MEC), a Embrapii atua em conjunto com instituições de pesquisa científica, públicas ou privadas, objetivando estimular o setor industrial e o apoio em selecionadas áreas de competência para que seja possível a execução de projetos de desenvolvimento de pesquisa tecnológica para inovação e a potencialização da força competitiva das empresas, tanto no mercado interno como no mercado internacional.

Em 2013, a Coppe inaugurou o Núcleo Interdisciplinar de Dinâmica dos Fluidos (NIDIF), um conjunto de laboratórios com equipamentos de última geração, que desenvolvem pesquisas e ensaios relacionados a processos de perfuração, completação e intervenção em poços de petróleo, elevação artificial e separação primária, com objetivo de aumentar a produção de óleo e gás.

No ano seguinte, lançou o Programa de Engenharia de Nanotecnologia, seu 13º programa acadêmico, oferecendo mestrado e doutorado neste campo de conhecimento.

Em 2016, inaugurou o Supercomputador Lobo Carneiro, o mais potente instalado em uma universidade federal do país. Com capacidade de 226 teraflops, ele pode executar 226 trilhões de operações matemáticas por segundo.

Outro papel importante da Coppe é na colaboração com governos e empresas para mitigar os efeitos de acidentes e desastres ocorridos no Brasil. Entre as ações nos anos 2010, é possível destacar:

  • Projetos de avaliação dos danos ambientais causados pelo rompimento da barragem de rejeitos de mineração, ocorrido em 2015, na cidade de Mariana (MG), um dos maiores desastres ambientais da história do Brasil.
  • Criação do Comitê Técnico que elaborou o laudo de avaliação das causas da queda de parte da estrutura da ciclovia Tim Maia, no Rio de Janeiro, em 2016, que acarretou nas mortes de duas pessoas e deixou três feridos.
  • Estudos de monitoramento dos impactos do rompimento da barragem da mineradora da Vale, ocorrido em Brumadinho (MG), que causou 270 mortes em 2019. Isso inclui a análise dos impactos na infraestrutura, na população local, no meio ambiente e na qualidade da água do Rio Paraopeba.
  • Desenvolvimento de um modelo matemático de correntes marinhas no Atlântico, de cruzamento de dados com o mapa de manchas de óleo para detectar a origem do derramamento de óleo, ocorrido em 2019 pela costa brasileira. Milhares de toneladas de óleo cru se espalharam pelo oceano, afetando cerca de 4 mil quilômetros do litoral do Nordeste e de parte do Sudeste brasileiro, atingindo praias, manguezais, recifes de coral e áreas de proteção ambiental.

Em 2018, a Coppe perdeu seu criador, Alberto Luiz Coimbra. Importante ressaltar que, mesmo após a morte do professor Coimbra, a Coppe continua a prosperar e a se destacar como uma instituição de referência em pesquisa e ensino de engenharia no Brasil. Seu legado perdura, e a instituição continua atraindo talentos e contribuindo para o avanço tecnológico e a inovação no país.

 

Em 2020, a Coppe, assim como toda a humanidade, enfrentou desafios significativos devido ao contexto socioeconômico marcado pela pandemia da Covid-19. A pandemia trouxe uma série de impactos em diversas áreas, e a Coppe não ficou imune a eles. Com as medidas de distanciamento social, repentinamente teve que adaptar suas atividades acadêmicas ao formato remoto. Aulas, seminários, reuniões e eventos foram realizados virtualmente ao longo de mais de dois anos consecutivos, para garantir a continuidade do ensino e da pesquisa. Seus pesquisadores não pouparam esforços para o desenvolvimento de estudos sobre a doença e de tecnologias para ajudar o Brasil a enfrentar a crise sanitária.

A crise político-econômica, a qual o Brasil já atravessava desde meados da década passada, agravou-se mais ainda devido às consequências da pandemia e dos seus mais diversos efeitos sobre a sociedade. Quedas na arrecadação de recursos e cortes de orçamento impactaram significativamente projetos de pesquisa e investimentos. Não obstante tantas adversidades, as contribuições da Coppe ao enfrentamento da pandemia foram significativas e abrangeram diversas áreas. Partes dessas ações foram possíveis graças a uma extensa rede de solidariedade mobilizada pela Fundação Coppetec, como a produção em massa do ventilador pulmonar emergencial, desenvolvido por pesquisadores da Coppe com cooperação técnica da Petrobras.

Recursos obtidos por meio de campanhas de doação promovidas pela Coppetec, viabilizaram o suprimento emergencial dos hospitais com esse equipamento para tratamento de pacientes vítimas do coronavírus. Também viabilizaram a compra de vários produtos e insumos necessários para o funcionamento das nove unidades que formam o complexo hospitalar da UFRJ, bem como possibilitaram a contratação de mão de obra técnica temporária e emergencial para atuar nesses lugares.

A mobilização dessa extensa rede de solidariedade, formada por mais de três mil pessoas físicas e jurídicas, gerou a doação de mais de cinco milhões de reais. As campanhas ganharam adesão da classe artística. Ana Botafogo, Evandro Mesquita, Jorge Vercillo, Nathalia Dill, Taís Araújo, Yamandu Costa e Wladimir Jung, entre outros, fizeram lives em seus perfis nas redes sociais, contribuindo para sensibilizar a sociedade em relação às necessidades emergenciais da UFRJ, cujas unidades, entre elas a Coppe/UFRJ, atuavam em várias frentes no combate ao coronavírus.

Outros principais destaques das contribuições da Coppe são:

  • Tecnologias de proteção: a instituição desenvolveu materiais e equipamentos de proteção individuais (EPIs) mais avançados, criou manual para higienização de transporte de cargas e produziu álcool 70% com tecnologia inovadora de filtragem, visando melhorar a segurança dos profissionais de saúde e da população em geral.
  • Tecnologias de diagnóstico: pesquisadores desenvolveram testes rápidos e métodos de detecção do vírus, fundamentais para rastrear a disseminação do vírus e orientar as medidas de contenção.
  • Tecnologias de previsão e de análise de disseminação: especialistas em modelagens matemática e epidemiológica trabalharam na previsão e análise da propagação do vírus em diferentes regiões do Brasil. Isso inclui a identificação de padrões de propagação, taxas de transmissão, fatores de risco e impacto socioeconômico. Esses estudos ajudaram os governos e autoridades de saúde a entender melhor a dinâmica da pandemia e tomar decisões embasadas em dados científicos;
  • Tecnologias de tratamento e terapias: estudos com nanopartículas para servirem de vetores para medicamentos utilizados; invenção e ensaios clínicos de soro anticovid produzido a partir de equinos vacinados com a proteína S.

Em 2022, já nos últimos meses da crise sanitária, quando a UFRJ se preparava para retomar as aulas e os eventos acadêmicos presenciais, a Coppe sofreu a perda inestimável do professor Luiz Pinguelli Rosa, diretor da instituição em cinco ocasiões. A morte de Pinguelli fez com que a UFRJ declarasse luto oficial por três dias. Em 2023, Pinguelli foi agraciado, in memoriam, pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva com a Ordem Nacional do Mérito Científico, na classe Grã-cruz.

A Coppe chega ao ano de seu aniversário de 60 anos, em 2023, mantendo seu destaque nas áreas de óleo e gás e, simultaneamente, sendo referência no protagonismo da condução da transição energética. Nesses dois últimos anos inaugurou a Ilha de Policogeração Sustentável (IPS), um protótipo pioneiro no país de geração de água e eletricidade para atender a demanda de regiões remotas, e assinou com a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) acordo de cooperação para o descomissionamento de estruturas offshore.

A Coppe também lançou em 2023 dois importantes projetos transversais: o Centro de Soluções Tecnológicas de Baixo Carbono e o Centro de Inteligência Artificial, este em parceria com a Prefeitura do Rio de Janeiro.