Droneiros Voluntários: tecnologia e solidariedade na gestão de desastres
Planeta COPPE / Engenharia de Produção / Notícias
Data: 04/12/2024
O Centro de Estudos e Pesquisas em Engenharia para Desastres (Ceped) da Coppe/UFRJ lançou, em 2 de dezembro, a plataforma Droneiros Voluntários, uma iniciativa inovadora que conecta pilotos de drones recreativos a demandas de órgãos públicos e Defesa Civil em situações de desastre. O evento, realizado no auditório da Coppe, no Bloco G-122 do Centro de Tecnologia da UFRJ, reuniu especialistas, pesquisadores e voluntários envolvidos na gestão de desastres.
Desenvolvida a partir da tese de doutorado de Renan Caldas, sob orientação do professor Tharcisio Fontainha, do Programa de Engenharia de Produção (PEP), a plataforma visa integrar tecnologia acessível e voluntariado organizado para mitigar os impactos de desastres naturais. “Este projeto demonstra como a academia pode trabalhar em conjunto com a sociedade, setor privado e voluntários para enfrentar desastres de forma integrada e multissetorial, que vá além da atuação governamental”, destacou Fontainha, coordenador do Ceped.
Uma inovação de impacto social
A plataforma possibilita que órgãos como a Defesa Civil e o Grupo Especializado em Desastres Naturais (Geden) acessem um banco de dados de pilotos voluntários, com informações sobre equipamentos, autonomia de voo e disponibilidade. O modelo de negócios foi testado com sucesso durante os desastres de 2022 na Região Serrana do Rio de Janeiro. Renan ressaltou a eficácia dos drones, que permitem mapeamentos rápidos e detalhados, essenciais em momentos críticos.
Com o aumento da frequência de desastres naturais, a plataforma Droneiros Voluntários se torna ainda mais relevante, proporcionando uma alternativa acessível e eficaz para o monitoramento e resgate, com custos menores em comparação aos helicópteros. “A hora de voo de um helicóptero é extremamente cara e depende de condições climáticas específicas. Drones são uma alternativa acessível e eficaz para monitoramento, resgate e mapeamento de áreas afetadas”, explicou Renan.
A inovação também foi destacada por Leonardo Dias, doutorando do PEP, que compartilhou sua experiência no uso de drones para vistoriar áreas de risco e auxiliar a Defesa Civil. Para ele, o uso de drones é essencial na gestão de desastres. “Em 2022, durante o desastre em Petrópolis, acompanhei a Defesa Civil como voluntário. Uma semana após o evento, utilizamos drones para vistoriar uma área que não havia sido atendida devido à sobrecarga de demandas. Em cerca de uma hora de voo e outra de tratamento de imagens, cobrimos 1 km e identificamos cicatrizes de deslizamentos que imagens de satélite não conseguiam detalhar. As imagens dos drones permitiram que a Defesa Civil identificasse com precisão as casas atingidas. O uso de drones é um caminho sem volta na gestão de desastres.”
O projeto é visto como um marco em inovação organizacional. Francisco Duarte, coordenador do PEP, afirmou que a plataforma não apenas representa um avanço tecnológico, mas também um diálogo entre pesquisa acadêmica e as necessidades reais da população. Cleide Lima, diretora de Extensão da Coppe, reforçou o caráter extensionista da iniciativa, evidenciando a aplicação prática da pesquisa acadêmica.
A Revolução dos Drones no Salvamento e Prevenção de Desastres
A introdução de drones nas operações de resgate foi transformadora, como destacou Neném Peixoto, idealizador do Geden. Ele ressaltou como a tecnologia melhora a segurança e eficiência das operações, permitindo que riscos sejam identificados antes das equipes entrarem em áreas perigosas.
“A tecnologia do drone mudou completamente a forma como lidamos com resgates, análises de áreas de risco e inspeções. Hoje, não tem como imaginar um banco de dados eficiente ou uma vistoria detalhada sem pensar na utilização de drones. Além de poupar tempo em momentos críticos, eles salvam vidas de quem está no local e também de quem precisa entrar para resgatar as vítimas.”
Neném enfatiza um ponto crucial: o risco enfrentado por agentes da Defesa Civil e bombeiros em situações de desastres.
“Antigamente, muitas vezes os profissionais precisavam entrar em áreas perigosas sem informações precisas sobre as condições do local. Quantos agentes já perderam a vida ao tentar salvar pessoas em situações onde não havia como verificar se o local era seguro? Com os drones, o perigo pode ser identificado antes, protegendo quem está lá para ajudar e aumentando as chances de sucesso das operações.”
O secretário de Defesa Civil de Petrópolis, Rodrigo Werner, enfatizou a importância do preparo dos voluntários e do treinamento adequado para atuar em condições adversas.
A plataforma Droneiros Voluntários é um exemplo claro de como a tecnologia pode ser aliada à solidariedade, unindo pilotos de drones e órgãos públicos para salvar vidas e reduzir impactos econômicos e sociais, reafirmando o compromisso da Coppe com a integração entre ciência, tecnologia e sociedade.