Brasil calculou sua meta climática com base em modelo desenvolvido na Coppe
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Data: 08/01/2025
O governo brasileiro anunciou, em novembro, sua Contribuição Nacionalmente Determinada (NDC) para 2035, que estabelece o compromisso de reduzir as emissões de gases de efeito estufa de 59% a 67% até o ano de 2035, em relação aos níveis de 2005. Esse compromisso, essencial para o cumprimento do Acordo de Paris e a luta contra as mudanças climáticas, foi formulado com a ajuda de uma ferramenta fundamental desenvolvida pela Coppe/UFRJ: o modelo Blues (Brazilian Land-Use and Energy System).
O Blues é um modelo de avaliação integrada (IAM), criado pelo Centro de Economia Energética e Ambiental (Cenergia), laboratório vinculado ao Programa de Planejamento Energético da Coppe, que permite calcular os impactos das políticas de mitigação e adaptação de forma detalhada e precisa. Com esse modelo, pesquisadores da Coppe foram capazes de fornecer cenários realistas para a redução das emissões do Brasil, considerando as especificidades do país, como o desmatamento legal e ilegal, diferentes rotas de biocombustíveis e outros fatores que podem ser negligenciados por modelos internacionais. A Coppe, assim, garante que a formulação da meta climática seja baseada em uma análise robusta, usando ferramentas nacionais que captam as realidades locais.
A NDC brasileira é uma das mais ambiciosas do mundo e propõe um corte absoluto das emissões, não uma redução hipotética. Isso significa que o país se compromete a cortar entre 850 milhões e 1,05 bilhão de toneladas de CO₂ equivalente até 2035. O trabalho desenvolvido pela Coppe foi essencial para tornar esse compromisso possível, garantindo uma trajetória de emissões realista e alinhada ao objetivo de limitar o aquecimento global a 1,5ºC, como preconizado pelo Acordo de Paris.
O professor André Lucena, um dos coordenadores do Cenergia, destaca a importância do processo transparente envolvido na formulação da NDC, que contou com mais de 600 horas de reuniões com stakeholders de diversos setores da economia, como governo, indústria, agronegócio e energia. Esse processo garantiu que a meta climática fosse construída de maneira sólida e com o apoio das partes envolvidas. Ele enfatiza ainda que a Coppe, por meio de seus modelos avançados, tem uma capacidade única de planejamento e simulação que outros países não possuem, o que coloca o Brasil em uma posição estratégica no combate às mudanças climáticas.
A meta climática também coloca o Brasil diante de um desafio significativo: a necessidade de reduzir emissões de gases como metano e óxido nitroso, que representam entre 30 e 40% das emissões brasileiras. A eliminação dessas emissões requer tecnologias e práticas inovadoras, como sistemas agroflorestais, práticas sustentáveis na pecuária, além da compensação através da captura e armazenamento de carbono (CDR), como a restauração de florestas e a captura e armazenamento de CO2 advindo de biomassa (BECCS). Neste cenário, a Coppe desempenha um papel crucial ao oferecer soluções baseadas em ciência e inovação para mitigar essas emissões.
Além disso, a criação de um mercado de carbono eficiente será essencial para viabilizar a meta climática. A Coppe, com sua expertise, também contribui para o desenvolvimento de um sistema de precificação de emissões no Brasil, como o Sistema Brasileiro de Comércio de Emissões (SBCE). Este sistema permitirá que o Brasil monetize suas reduções de emissões e crie um mercado interno de carbono, fundamental para alcançar a meta de emissões líquidas zero até 2050.
Através do trabalho da Coppe e de suas ferramentas de modelagem avançada, o Brasil tem a oportunidade de se tornar um líder global na luta contra as mudanças climáticas, mostrando que é possível conciliar crescimento econômico com sustentabilidade ambiental.
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