Quando a computação encontra o campo: tecnologia revoluciona a agricultura de precisão
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Data: 10/04/2025

A cena pode parecer improvável: um programa de engenharia de sistemas e computação desenvolvendo soluções diretamente aplicadas ao cultivo de uvas no sertão pernambucano. Mas é exatamente isso que pesquisadores do Programa de Engenharia de Sistemas e Computação (PESC), da Coppe/UFRJ, estão fazendo. Unindo tecnologia de ponta com necessidades reais do agronegócio, o grupo vem mostrando, na prática, como algoritmos, sensores inteligentes, drones e inteligência artificial podem transformar um dos setores mais tradicionais da economia.
O projeto “Agricultura de Precisão”, coordenado pelo professor Diego Dutra, do PESC, tem como objetivo criar um sistema integrado de monitoramento e gestão agrícola para aprimorar o cultivo de uvas. Em parceria com as empresas brasileiras Scinet Institute e Netcon Américas, e com apoio do CNPq, por meio do Programa de Mestrado e Doutorado Acadêmico para Inovação (Programa MAI/DAI), a iniciativa já começou a ser testada na fazenda IP Fittipaldi, em Petrolina (PE), uma das principais regiões produtoras de frutas e conhecida como uma das capitais da uva no Brasil.

Ali, sensores foram distribuídos estrategicamente para monitorar em tempo real aspectos fundamentais do solo — como umidade, salinidade e propriedades nutricionais —, com coordenação do professor do PESC Cláudio Miceli. Essas informações são cruciais para o uso eficiente de água e fertilizantes, contribuindo diretamente para o aumento da produtividade e a sustentabilidade do cultivo. A salinidade, por exemplo, é um fator crítico na região, e seu controle pode evitar sérios prejuízos às plantações.
Mas o uso da tecnologia vai além: drones captam imagens aéreas dos parreirais e, com auxílio de técnicas de visão computacional e inteligência artificial, os pesquisadores realizam a contagem e a categorização dos cachos de uva. Isso permite definir com precisão o momento ideal da colheita, além de classificar os frutos por tamanho, qualidade e grau de maturação. Todo o processamento dessas informações, e sua otimização, é feito em laboratórios do PESC pela equipe coordenada pelo professor Pedro González.
Para completar a estrutura tecnológica, uma estação meteorológica foi instalada na fazenda, fornecendo dados climáticos como temperatura, umidade do ar, radiação solar e velocidade dos ventos — variáveis que ajudam o agricultor a tomar decisões mais acertadas sobre o manejo diário da produção.

Um dos aspectos mais valiosos do projeto é a oportunidade de vivência prática para os estudantes. Participam ativamente da iniciativa dois alunos de mestrado do PESC e quatro de graduação em Engenharia de Controle e Automação, da Escola Politécnica da UFRJ. Ao lado dos professores e das empresas parceiras, os alunos acompanham todo o ciclo do projeto — da modelagem computacional à aplicação em campo — e veem, de forma concreta, o impacto real das soluções desenvolvidas.
A iniciativa tem potencial de ir muito além da fazenda piloto. As soluções criadas podem ser replicadas em outras regiões e culturas, fortalecendo um ecossistema de inovação no agronegócio brasileiro. Para os coordenadores e empresas envolvidas, o projeto é um exemplo claro de como a aproximação entre universidade e setor produtivo pode gerar resultados práticos, escaláveis e socialmente relevantes.
Mais do que um caso de sucesso, o trabalho do PESC em Petrolina revela como a computação pode romper fronteiras e se integrar de forma surpreendente a diferentes segmentos da indústria. E mostra aos alunos — e ao país — que inovação acontece quando o conhecimento encontra a prática, mesmo nos cenários mais inesperados.
Confira o vídeo sobre a participação da Coppe.
Confira o vídeo sobre o projeto.
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