PESC nos anos 1980: primeiro supercomputador brasileiro e início da parceria com o Cern
Planeta COPPE / Engenharia de Sistemas e Computação / Notícias
Data: 24/11/2020
Na década que ficou marcada pelo retorno da democracia ao país, o Programa de Engenharia de Sistemas e Computação (PESC) da Coppe/UFRJ se notabilizava pela parceria com empresas privadas, com o poder público e instituições internacionais. No segundo dia da Semana PESC 50 anos, 10 de novembro, a professora Ana Regina da Rocha apresentou suas “Impressões sobre a década de 80”, período marcado pela construção do primeiro supercomputador brasileiro, pelo início da parceria com o Cern, e pela presença no corpo discente de muitos dos atuais professores do Programa. Confira o evento na íntegra: Semana PESC 50 anos – dia 10/11
A professora Ana Regina coordenou o Projeto TABA, que levou ao Programa Brasileiro de Qualidade e Produtividade envolvendo pesquisadores de todo país, e ao projeto MPS (Melhoria de Processo de Software). “Liderei este projeto com a participação do professor Jano Moreira. Tivemos dois meses para transformar protótipos em produtos. Implementamos o projeto em diversas empresas e no seu âmbito foram formados 36 mestres e seis doutores”.
“O supercomputador brasileiro (NCP I, o primeiro computador paralelo de alto desempenho construído no Brasil) foi um projeto liderado pelo Amorim, e foi o feito do PESC com maior repercussão. Saiu até no New York Times. No Cern, eu e Jano participamos desde o início do projeto de cooperação liderado pelo professor Zieli Dutra, com a linha de pesquisa de bancos de dados e engenharia de software. Também participavam o Geraldo Xexeo, a Claudia Werner e a Carmen Maidantchik, que era orientada por mim, mas era aluna do Programa de Engenharia Elétrica”.
“Cruzávamos nos corredores com pessoas que ganharam Premio Nobel. Isso pra mim era impensável. Uma lição muito grande de projeto de colaboração internacional e que continua até hoje, embora a nossa linha de pesquisa não tenha mais participado”.
A professora destacou ainda o papel do PESC nos eventos da Sociedade Brasileira de Computação (SBC), tendo organizado o I SBES (Sociedade Brasileira em Engenharia de Software), o primeiro Simpósio brasileiro de informática na educação e primeiro workshop de qualidade de software e primeiro workshop de informática médica. Ana Regina destacou também que o PESC é um programa acadêmico maduro, mas que segue oferecendo a cada dia novas oportunidades, novos campos de atuação, novas interações com a sociedade. Mas, alertou os alunos: “não pode esperar que as coisas caiam do céu. Ideia de pesquisa não vem do nada, tem que ir às empresas, ver os problemas. Na praia debaixo de um coqueiro, só cai coco”, brincou a professora.
Descrita por seu colega Toacy Oliveira, como “um ícone da computação brasileira” e alguém cujo trabalho teve grande impacto na indústria de software nacional, Ana Regina chegou ao PESC em 1985, mesmo ano em que o país virava uma página infeliz de sua História, e iniciava a redemocratização. “Eu a admiro pela forma como encara os desafios, com seriedade e dedicação. Ela é uma luz, um vetor que ajudou, ajuda e ajudará por muito tempo a impulsionar a pesquisa e inovação”, enaltece o professor Toacy.
“O país acabava de sair de um momento bem difícil, entrávamos na democracia. Muitos dos que hoje estão no corpo docente estavam como alunos. Então, vemos até hoje os reflexos desse momento. Marta (Mattoso), Claudia (Werner), Guilherme (Horta Travassos), Xexeo (Geraldo), Celina (de Figueiredo), Priscila (Machado), Felipe (França). Todos estavam entrando nesse momento. Um momento no qual o PESC estava se movimento para o crescimento e para o sucesso que ele é hoje”, destacou a professora Ana Regina da Rocha.
Interdisciplinaridade, Computação e as Ciências da Saúde
Durante o evento, a ex-aluna Juliana Bernardes, professora-adjunta da Universidade de Sorbonne, atuando no Laboratório de Biologia Computacional e Quantitativa representou os egressos do Programa que seguiram carreira atuando como professor em uma instituição de ensino no exterior.
“Eu queria trabalhar com algo interdisciplinar. O professor Vítor Costa abriu disciplina Introdução à Bioinformática, fui me apaixonando pela área. Depois, eu fiz pos doc com o professor Carlos Eduardo Pedreira que me introduziu à medicina personalizada”, relembrou a aluna que cursou o mestrado (2005) e o doutorado (2012) no PESC, tendo sido orientada pelos professores Vítor Costa (no mestrado) e Gerson Zaverucha (mestrado e doutorado).
“Hoje eu trabalho com análise do repertório imunológico (leucemia, doenças autoimunes, Covid-19) e métodos computacionais (clustering, diversidade, reconstrução evolutiva, visualização), na Universidade Sorbonne, onde estou desde 2014. Nós vivemos um momento muito difícil, mas que abre oportunidades para informática como um todo, para a biomedicina que tem muito a avançar. A Matemática e a Computação têm muito a colaborar com a Medicina para solucionar o problema da Covid-19”, acredita a ex-aluna do PESC.
Confira a cobertura dos outros quatro dias da Semana PESC 50 anos:
4º dia – PESC nos 2000: “sulear” o olhar da pós-graduação
5º dia – Semana PESC: encerramento é marcado por destaques da última década e retrospectiva