Coppe e Instituto de Biologia da UFRJ desenvolvem novo teste para detectar COVID-19

Planeta COPPE / Engenharia Química / Notícias

Data: 22/03/2020

Pesquisadores da Coppe e do Instituto de Biologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) estão desenvolvendo um novo teste capaz de detectar anticorpos em pessoas com suspeita de COVID-19, de forma mais simples, rápida e barata do que o teste de PCR que vem sendo aplicado no momento.  O novo teste não requer infraestrutura sofisticada para ser realizado e se baseia em uma técnica cujo custo é cerca de quatro vezes mais barato do que o teste de PCR. A tecnologia poderá ser facilmente transferida para reprodução em grande escala em vários locais.

O novo teste está sendo desenvolvido, conjuntamente, por pesquisadores do Laboratório de Engenharia de Cultivos Celulares (LECC) da Coppe/UFRJ, sob a coordenação da professora Leda Castilho; e do Laboratório Virologia Molecular (LVM) do Instituto de Biologia, sob a coordenação dos professores Amilcar Tanuri e Orlando Ferreira.

Segundo a professora da Coppe/UFRJ, Leda Castilho, o teste tem como objetivo detectar os anticorpos anti-coronavírus no sangue do indivíduo. “Quando a pessoa é infectada pelo vírus, o sistema imunológico passa a produzir anticorpos contra ele, na tentativa de neutralizá-lo. Alguns tipos de anticorpos são detectáveis já uma semana após o contágio, enquanto outros levam quase duas semanas para serem produzidos e permanecem por muito tempo. A proposta é detectar os dois tipos de anticorpos, possibilitando determinar tanto se uma pessoa com sintomas respiratórios é positiva para COVID-19, quanto, por exemplo, mapear pessoas que já tenham sido infectadas anteriormente, mesmo que não tenham tido sintomas”, explica a pesquisadora.

De acordo com o professor Amilcar Tanuri, o novo teste é crucial para o momento que vivemos. “Estamos realizando testes sorológicos a partir das proteínas do novo coronavírus. Tais proteínas serão feitas por meio de células e podem servir para sabermos, na população, aonde o vírus circula. Também pode indicar a infecção precoce. Após sete ou dez dias da infecção, o organismo começa a produzir um anticorpo chamado IGM, e talvez ele possa ser detectado pelo kit que estamos desenvolvendo”, destaca.

Laboratório de Engenharia de Cultivos Celulares (LECC)

Coordenado pela professora Leda Castilho, do Programa de Engenharia Química da Coppe, o Laboratório de Engenharia de Cultivos Celulares (LECC) desenvolve, há mais de uma década, projetos de pesquisa, desenvolvimento e inovação de tecnologias para a produção de anticorpos monoclonais e outros biofármacos, assim como de vacinas. Alguns exemplos são vacinas para os vírus Zika e febre amarela, e diferentes anticorpos monoclonais usados como biofármacos, entre outros.

Mestre em Engenharia Química pela Coppe e doutora em Engenharia Bioquímica pela Universidade de Braunschweig (Alemanha), Leda Castilho passou, em 2016, um ano de estágio sabático de pesquisas no Instituto Nacional de Saúde (NIH, na sigla em inglês), Maryland (EUA), trabalhando no desenvolvimento de uma vacina a base de DNA contra o vírus Zika. Suas pesquisas já lhe renderam vários prêmios.

Laboratório de Virologia Molecular (LVM)

Dirigido pelos professores Amilcar Tanuri e Orlando Ferreira, o LVM é vinculado ao Centro de Ciências da Saúde (CCS) da UFRJ e é protagonista em diversas pesquisas estratégicas para o país, como da Aids, chicungunha, febre amarela, dengue e zika vírus.