Pesquisa revela real diferença de preço entre diesel e Hidrogênio
Planeta COPPE / Engenharia Metalúrgica e de Materiais / Notícias
Data: 19/06/2018
O segundo dia da 22ª edição da Conferência Mundial de Energia do Hidrogênio foi aberto com a palestra do professor de Engenharia Química, Robert Steinberger-Wilckens, da Universidade de Birmingham, no Reino Unido. Sua equipe de pesquisa desenvolveu equações matemáticas que comprovam que o custo do Hidrogênio como combustível não é tão alto se comparado aos prejuízos causados pelos combustíveis fósseis e aos gastos com impostos atrelados a veículos a gasolina e diesel.
Segundo Wilckens, no preço do diesel não são contabilizados os danos causados ao homem e ao meio ambiente, que provocam custos adicionais com hospitais, doenças em geral e poluição ambiental. Ele afirma que se todos os custos com o diesel fossem contabilizados, seu preço seria no mínimo o dobro do cobrado atualmente aos consumidores diretos, o que tornaria o diesel mais caro que o preço do hidrogênio. Ele informa que somente no Reino Unido são 40 mil mortes em função desses danos.
Para ele, se o custo ambiental dos combustíveis fósseis fossem computados, os preços da gasolina e o diesel poderiam duplicar ou até triplicar. Se esses valores fossem cobrados de quem consome diretamente os combustíveis, eles se tornariam inacessíveis.
– Todos pagam pelo impacto ambiental em questões de saúde, altos níveis de poluição nas cidades e mortes precoces causadas pela baixa qualidade do ar – diz Steinberger.
Ele acrescenta que os custos ambientais do atual sistema energético (chuva ácida, partículas de diesel, poluição nas cidades, barulho, etc.) não são pagos pela conta do combustível, mas pelo contribuinte: Isso é uma má alocação de custos e, efetivamente, uma falha de mercado, pois as fontes de energia fóssil custam caro para o público em geral e não permitem a competitividade com fontes alternativas de energia.
Ele explica que o “custo total de propriedade” é calculado de acordo com o custo total da vida útil de um dispositivo.
– Dessa forma, numa avaliação da competitividade, o “custo total da sociedade” tem de ser avaliado tendo em conta todos os custos “externos” de um serviço energético, que não são cobertos pelo preço de mercado e os impostos e taxas sobre o serviço.
O problema para o uso em larga escala do Hidrogênio hoje como fonte de energia é que as tecnologias de Hidrogênio e de célula a combustível são caras inicialmente, devido aos altos custos de pesquisa. No entanto, o professor defende que os benefícios ambientais do hidrogênio e das células de combustível, cujo produto de escape é a água, são muito maiores.
– É verdade que as células de combustíveis e Hidrogênio são mais caras em investimento. Mas pode-se economizar muito em custo de operação, já que a tecnologia é mais eficiente e o custo do combustível de hidrogênio já está abaixo do diesel e da gasolina, cujo gasto com manutenção é muito maior – afirmou Wilckens.
Wilckens conta que as tecnologias do hidrogênio também terão impacto no meio ambiente (como todas as tecnologias), mas é muito menor do que com combustíveis fósseis e conversão de energia.
Ele diz que para a introdução em grande escala do mercado de Hidrogênio e células de combustível, é necessário um mercado nivelado que elimine os subsídios inerentes aos combustíveis fósseis. Para ele, esses custos indiretos não contabilizados distorcem os mercados da energia e impedem a competitividade das tecnologias de células de combustível e Hidrogênio.
Como o hidrogênio é utilizado hoje
O Hidrogênio, embora desconhecido pela maioria da população, tem sido um produto com diversos usos industriais há quase 150 anos. O mercado de Hidrogênio é predominantemente petroquímico e produz fertilizantes, metanol etc. Contudo, o gás ainda é novidade como combustível, embora já tenha sido utilizado em foguetes.
Wilckens aponta que o Hidrogênio pode ser produzido a partir de uma variedade de fontes (gás natural, eletricidade e biomassa), agregando um elemento de flexibilidade a esse combustível no sistema energético. Steinberger acrescenta ainda um elemento de segurança energética. À medida em que o Hidrogênio pode ser produzido a partir de gás ou eletricidade, estes mercados podem se interligar e possibilitar uma escolha de fontes de energia aos três principais mercados de aquecimento, eletricidade e transporte.