Novo espaço de convivência agrada comunidade universitária
Planeta COPPE / Notícias
Data: 11/05/2017
Desde março, alunos, professores e funcionários contam com um novo espaço de convivência no Centro de Tecnologia (CT) da UFRJ. Uma parceria entre a Coppe/UFRJ, a Decania do CT, a Prefeitura Universitária e a Escola Politécnica (Poli/UFRJ) revitalizou o local ajardinado, que fica entre os blocos F e G. A proposta é oferecer uma área agradável de convívio para a comunidade universitária e seus visitantes. O portão de acesso fica aberto, de segunda a sexta-feira, das 8h às 17h.
Ao longo do CT, do bloco A ao H, há três locais como esse, que estão fechados. São como jardins secretos, em precário estado de conservação, encobertos parcialmente por cobogós de concreto e um portão de ferro. Segundo Fernanda Metello, arquiteta da Coppe que integrou a equipe responsável pela revitalização do espaço, a escolha da primeira área deve-se ao fato dessa demandar menor intervenção e já dispor de mesas e bancos de cimento.
“Recuperamos o piso e os móveis que estavam quebrados e instalamos os ombrelones para o anteparo de sol. Também foram podadas as árvores, denominadas abricós de macaco”, explicou Fernanda.
O professor Ericksson Almendra, diretor de Planejamento, Administração e Desenvolvimento Institucional da Coppe/UFRJ, antecipa que a ideia é reabrir progressivamente os entreblocos. “Estamos revitalizando os locais de acordo com as necessidades de intervenção. Eles se encontram em diferentes estados de conservação. Alguns exigem investimentos maiores”, afirmou.
“Esse espaço foi pensado para ser lugar de namoros de todos os amores, para lanches de todos os sabores, para jogos de todas as cartas, para fumantes de todas as fumaças, para papos de todas as ideias”, disse o professor Ericksson, definindo o propósito do espaço na mensagem que transmitiu pela rede comunicando ao público a abertura do local.
Frequentadores aprovam a iniciativa
Os primeiros frequentadores entrevistados aprovaram a iniciativa. André Diamante e Domênica Dalvi, estudantes de Engenharia Nuclear da Poli/UFRJ, definiram o espaço como um bom local para descansar nos intervalos das aulas e para conversar com amigos.
“É um ambiente diferente do qual ficamos a maior parte do tempo, como a sala de aula fechada, com luz artificial e ar-condicionado. Aqui é aberto e, ao mesmo tempo, dá sensação de aconchego por ser um cantinho com árvores em volta”, afirmou Domênica.
Para o estudante de Engenharia Civil da Poli/UFRJ, Saulo Costa, o silencio do local foi o que mais chamou sua atenção: “Faltava um lugar mais tranquilo no CT, menos movimentado e sem muito barulho”.
“Foi uma grata surpresa ver esse espaço aberto. Aqui é convidativo porque é mais reservado. Lá na frente sempre tem muita gente passando ou comendo”, disse Yasmin Coelho, estudante do curso de Astronomia, do Observatório do Valongo.
A professora de Engenharia de Produção da Poli/UFRJ e da Coppe/UFRJ, Carla Cipolla (foto à direita), compartilha de opinião parecida: “é um alívio no cimento. Um espaço verde para regeneração do nosso CT”, definiu.
“Sempre existiu uma necessidade de área de convívio aqui. Essa área estava abandonada e decidimos revitalizá-lo como um projeto experimental”, disse Vilma Almeida, superintendente da Decania do CT.
Segundo a estudante do 6° período da Engenharia Mecânica da Poli, Sofia Euthymiou (foto à esquerda), o contato com a natureza é muito importante. “A gente fica muito tempo na sala de aula, olhando para o livro, para o computador. A gente fica andando o tempo todo dentro de caixinhas: no carro, no ônibus, em casa, na sala de aula… E para quem atua na Engenharia, esse contato com a natureza é fundamental porque as invenções são inspiradas na natureza. Muitas ideias surgiram da geometria ou da funcionalidade da natureza. Ter esse contato entre as aulas funciona como uma forma de associação, acalma a mente e inspira você a ter ideias”, ressaltou.
Resgatando a história dos jardins
Mas nem sempre esses espaços foram fechados ao público. Para resgatar a história dos “jardins secretos”, a equipe do Planeta Coppe Notícias entrevistou o Professor Emérito da Coppe/UFRJ, Luiz Bevilacqua, que em 1967 acompanhou a mudança da Coppe, do prédio da Praia Vermelha para o do Centro de Tecnologia, ainda em construção, no campus da Ilha do Fundão.
Segundo Bevilacqua, fundador do Programa de Engenharia Civil da Coppe, no projeto original o térreo era um parque único e contínuo, reforçado pelas edificações em pilotis. “Os jardins compunham um conjunto, com a parte debaixo aberta, onde as pessoas circulavam”, explicou.
Mas para responder a demanda por espaço, o primeiro piso dos blocos do CT passou a abrigar salas de aula e salas administrativas. “Assim, as áreas entre os prédios que abrigam os jardins ficaram desconectadas e abandonadas. Antes mesmo do término das obras do CT já haviam começado a construir os térreos dos blocos isoladamente. Nem chegamos a usufruir dessa grande área”, lamentou o professor, que vê com entusiasmo a iniciativa de revitalização.
O CT é uma das cinco construções executadas dentre as doze previstas no plano urbanístico original para a Cidade Universitária, liderado por Jorge Machado Moreira, na década de 1950. O projeto segue os princípios modernistas, dos quais o arquiteto franco-suíco Le Corbusier foi o principal inspirador: edifícios isolados situados em meio a um grande espaço livre verde, cortado por vias de automóveis e pedestres.
Novas propostas de uso
Motivados com a possibilidade de abertura de novas áreas ajardinadas, alguns alunos começaram a estudar novas propostas de uso para elas. Em workshop coordenado pela professora Carla, na única disciplina em inglês da Poli/UFRJ, Product Design, os alunos Paulo Gilberto e Rossella Marrone se uniram para desenhar serviços para todos os espaços entreblocos do CT. O trabalho resultou em um design em 3D que inclui: locais destinados a co-working e serviço de troca de livros; espaço curinga que pode ser utilizado para diversos fins, como monitorias, aulas abertas, palestras etc.
“Percebemos que os estudantes não gostam de permanecer na universidade após as aulas. Eles vão embora tão logo possam. A ideia é que esses espaços sejam atrativos, úteis e que estimulem a interação entre as pessoas e o contato com a natureza”, afirmou Paulo. “Seria um desperdício mantê-los abandonados”, ressaltou Rossella.