Coppe dá o pontapé inicial em sua programação da Rio+20
Planeta COPPE / Notícias
Data: 05/06/2012
A ex-ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, afirmou que o setor elétrico brasileiro precisa ser democratizado. Para Marina, não se trata de tomar decisões no lugar do governo, porém é necessário haver uma forma de outras entidades representativas integrarem o Conselho responsável pelo planejamento estratégico do setor elétrico brasileiro. “Por mais brilhantes que sejam as pessoas que hoje definem o futuro energético do País, essas poucas e brilhantes inteligências não podem substituir todos”, questionou Marina Silva, que participou, dia 1º de junho de evento na Coppe.
Já no primeiro dia do mês da Rio+20, conferência da ONU que acontece a partir do dia 13 de junho, no Rio de Janeiro, a Coppe/UFRJ lançou sua programação para o evento com o seminário Energia Limpa: oportunidade e desafios para o Brasil – uma parceria com a Thomson Reuters Foundation. A proposta de provocar discussões sobre os temas de desenvolvimento com sustentabilidade parece ter surtido efeito no primeiro evento da entidade.
Para Marina Silva, o mundo vive uma crise civilizatória, que vai muito além da ambiental. “Nosso problema vai além da eficiência pela eficiência. É uma questão de conscientização. Eficiência energética não é apenas apagar a luz ao sair de casa, passa pelo engajamento da sociedade. Não podemos ser meros expectadores do que será decidido para o futuro energético do Pais”, afirmou a ex-ministra .
Marina citou ainda outra questão polêmica, a recente aprovação do Código Florestal Brasileiro. Ao anistiar desmatadores, a nova lei revogou vinte anos de esforços nesta área e ainda tirou a competência do Ibama para fiscalizar. Na opinião dela, o novo código é, na verdade, agrário e não ambiental. Porém, Marina acredita que o Governo ainda pode corrigir os rumos. “Somos uma potencia ambiental por natureza, agora é um bom momento de darmos exemplos para sermos por ações também”, concluiu.
Na segunda parte do seminário, especialistas debateram o tema Energia Limpa e impactos socioambientais da matriz energética. Professor Pinguelli falou sobre os 14 projetos ambientais e de inclusão social que a Coppe apresentará durante a Rio+20, no estande da Conferência da ONU, no Parque dos Atletas. Também destacou a necessidade premente de investimentos em P&D para que o Brasil possa ter competitividade na área tecnológica, não se restringindo a exportação de produtos agrícolas e de soja. O diretor da Coppe disse lamentar a falta de tradição do setor privado brasileiro na aplicação de recursos destinados à pesquisa, especialmente no setor elétrico.
Concluindo o debate, a diretora da Secretaria de Mudanças Climáticas e Qualidade Ambiental do Ministério do Meio Ambiente, Ana Lucia Dolabella, o professor da UFRJ, Nivalde de Castro e o coordenador do Programa de Mudanças Climáticas e energia do WWF-Brasil, Carlos Rittl, defenderam investimentos em energia sustentável. Segundo Ritll, os recursos devem vir atrelados a padrões de qualidade e ao tripé: sustentabilidade ambiental e desenvolvimento econômico e social. “O mundo consome 50% a mais a cada ano do que o planeta pode oferecer”, finalizou.
O potencial brasileiro em recursos hídricos e eólica
Pela manhã, também ouve debates. Foram apresentadas quatro visões sobre o fomento de energias limpas. O chefe do departamento de Energias Alternativas do BNDES, Antonio Tovar, disse que o banco estuda no momento o financiamento de 48 parques eólicos. “Todos têm grande possibilidade de sair. Ainda este ano vamos começar a liberar os empréstimos”, garantiu Tovar.
Para o presidente da Eólica Tecnologia, Everaldo Feitosa, o maior problema no Brasil é avançar tecnologicamente. Segundo, Feitosa, hoje, no mundo, há projetos para turbinas capazes de produzir 20 MW. A referência mundial é de cinco MW por turbina. No Brasil, a maior turbina produz 3 MW. “Nos temos que investir fortemente em tecnologia . Temos potencial. Mas faltam técnicos, faltam engenheiros. O grande desafio deve ser chegar a 2015 com turbinas capazes de produzir 15 MW”, afirma o presidente Eólica Tecnologia.
Já no painel do presidente Associação Brasileira de Grandes Consumidores de Energia – Abrace, Paulo Pedrosa, o que foi revelado é que , em matéria de produção de energia limpa, a situação brasileira de renováveis está muito além do melhor dos sonhos para a realidade da maioria dos países. “Poucos países tem o nosso potencial. Temos energia uma fonte barata e renovável e o consumidor paga uma das contas mais caras do mundo” disse Pedrosa. A crítica fica por conta do subsídio as fontes alternativas, que acabam por encarecer o potencial hídrico renovável tradicional.
Ainda de acordo com Pedrosa, o custo da energia hoje é impactado por 18% de encargos e taxas e mais 32% de tributos. Pedrosa apresentou um estudo da Abrace de 2010 indicando que se houver redução de 25 por cento do custo da energia, até 2020, o pais poderia incorporar R$ 695 bilhões ao PIB e gerar 4,6 milhões de empregos.
Depois da defesa dos recursos hídricos e dos eólicos, a professora da USP Virginia Parente defendeu um investimento equitativo em energias renováveis. “Não podemos contar apenas com as fontes de energia mais baratas, o segredo está em diversificar. É importante dividirmos nossa pizza da matriz energética entre todas as fontes”, afirmou Vírginia.