Pesquisa busca proporcionar conforto acústico e térmico às edificações
Planeta COPPE / Engenharia Mecânica / Notícias
Data: 15/10/2007
Como resolver ao mesmo tempo os problemas acústicos e térmicos de um edifício? Pesquisadores da COPPE vêm estudando soluções que proporcionem conforto acústico, sem que para isso seja necessário grande aumento de consumo de energia no interior dos ambientes. Alternativas mais convencionais como varandas, marquises e peitoris, ao lado de métodos mais técnicos como janelas híbridas – que atenuam ruídos deixando passar a ventilação natural – e ressonadores, que bloqueiam o ruído externo, podem ser grandes aliados à qualidade de vida de quem reside próximo a vias barulhentas e movimentadas.
Orientada pelo professor do Programa de Engenharia Mecânica da COPPE, Jules Slama, a pesquisa é fruto de tese de doutorado Mônica Viegas. O estudo propõe o uso de elementos arquitetônicos nas fachadas das edificações como alternativas para diminuir o ruído e proporcionar ventilação natural, oferecendo maior conforto acústico às pessoas que habitam ou trabalham próximas a tráfego intenso de veículos.
“Nos grandes centros urbanos, principalmente em regiões de clima úmido e quente, como é o caso do Rio de Janeiro, é necessário ter mecanismos que permitam a circulação do ar e que ao mesmo tempo possam reduzir sensivelmente o ruído. Intervenções em fachadas, por exemplo, aproveitando ao máximo a ventilação natural, podem reduzir sensivelmente o ruído. Já a janela híbrida realiza o controle ativo do barulho externo, proporcionando conforto acústico e térmico, por meio da obtenção de ventilação natural”, recomenda o professor.
Arquitetura Bioclimática: integração da edificação ao ambiente
O estudo tem como base a denominada Arquitetura Bioclimática, que se preocupa com a integração do edifício com o que está em seu entorno, buscando proporcionar um ambiente mais confortável, tirando partido do clima, da vegetação e da escolha dos materiais empregados na construção.
As coberturas e paredes de uma edificação, que recebem a maior parte da radiação solar, são as principais responsáveis pela regulagem térmica dos ambientes internos. Por isso, ressalta o professor, deve-se projetar o edifício levando em consideração todos os fatores climáticos e utilizar os materiais adequados. “É importante prever que cômodos utilizados para atividades sensíveis ao ruído, como ler, estudar e dormir não sejam voltados para a rua. Caso isso não seja possível, elementos arquitetônicos como varandas, peitoris e outros dispositivos especiais podem ser boas alternativas para atenuar o ruído. São medidas importantes para a saúde, conforto e qualidade de vida das pessoas. É preciso mudar a concepção do planejamento urbano e de construção da própria edificação”, afirma Slama.
No estudo, Monica avaliou a eficiência de diferentes tipos de fachada. A varanda, por exemplo, é um importante elemento arquitetônico que ajuda a reduzir os ruídos provenientes do meio externo. Já o cobogó (foto ao lado), ajuda na ventilação natural, mas não favorece o controle de barulho. Marquises verticais e horizontais e reentrâncias ajudam também a bloquear o ruído externo.
Pesquisa revela transtornos nas vidas dos moradores de Bonsucesso e Copacabana
Para complementar a pesquisa, a doutoranda da COPPE realizou medições de ruído em prédios do bairro de Bonsucesso, localizados próximos a Linha Amarela, e aplicou questionários para avaliar o incômodo causado aos moradores devido ao tráfego intenso de veículos. A pesquisa revelou que o ruído dificulta a concentração nas leituras e estudos, atrapalha as conversas dentro dos próprios apartamentos e incomoda na hora de assistir televisão e dormir.
A próxima etapa da pesquisa prevê medições de ruído no bairro de Copacabana, nas movimentadas avenidas Nossa Senhora de Copacabana e Barata Ribeiro. Serão aplicados também questionários aos moradores dos prédios para avaliação do ruído e ventilação dos apartamentos. “Ali, já fizemos uma análise fotográfica e constatamos que a maioria dos prédios apresenta fachadas simples, paredes e janelas sem varandas”, comenta Slama.