COPPE desenvolve membranas e processos para dessalinização de água
Planeta COPPE / Engenharia Química / Notícias
Data: 11/10/2005
Os cientistas já comprovaram que é possível transformar água salgada em água doce. A técnica de dessalinização da água chamada osmose inversa e que usa membranas seletivas vem há anos sendo utilizada com sucesso em alguns países. No entanto, no Brasil, sua aplicação em larga escala é limitada pelo custo e necessidade de importação de equipamentos utilizados no processo. Mas se depender da COPPE, em breve esta situação poderá ser revertida. Os pesquisadores da instituição estão desenvolvendo novas técnicas de produção de membranas, principal produto utilizado na técnica de dessalinização da água. O objetivo é dominar a tecnologia de fabricação de cartuchos de membrana e aprimorar técnicas de manutenção que prolonguem sua vida útil, tornando o processo mais atraente economicamente para o uso em indústrias e, principalmente, em comunidades urbanas e rurais no Brasil.
“Toda membrana utilizada no Brasil é importada, o que representa uma barreira para os investimentos comerciais na fabricação dos dessalinizadores. Estamos trabalhando para viabilizar a produção de membranas no país, reduzindo a dependência de mercados externos”, afirma o professor Claudio Habert, que junto com o professor Cristiano Borges, dirige as atividades do Laboratório de Processos de Separação com Membranas e Polímeros (PAM) da COPPE. O PAM foi pioneiro no país no desenvolvimento de estudos em processos com membranas.
A técnica de dessalinização por osmose inversa pode ser uma boa alternativa para o abastecimento de água potável em regiões com fontes de águas salinas. Ela apresenta várias vantagens: sua operação é simples, o consumo energético é relativamente reduzido e os equipamentos são compactos, modulares, o que facilita acoplá-los a outros processos de tratamento, além de permitir um fácil aumento na escala de produção. “É possível produzir água potável, tanto em equipamentos residenciais, com capacidade de 200 l/dia, quanto em unidades comunitárias, de 10 mil l/dia, ou ainda em usinas de milhões de litros diários”, explica Habert. Para aperfeiçoar o processo a ser utilizado no Brasil, os pesquisadores da COPPE estudam formas de aumentar a vida útil da membrana, evitando que incrustações, limitações de temperatura e de resistência química e manutenção inadequada reduzam a durabilidade do produto.
Separação por membrana: método seguro e de baixo consumo energético
São várias as técnicas de dessalinização. Os pesquisadores brasileiros privilegiam a que utiliza o processo de separação por membrana, denominada osmose inversa, no qual uma membrana semipermeável funciona como uma espécie de filtro, separando o sal da água. A membrana atua como barreira, restringindo a passagem total ou parcial de substâncias. “O processo de separação por membrana consiste em um método de filtragem seguro e de baixo consumo energético”, garante Habert.
Os processos com membranas podem ter várias aplicações, como separação de substâncias para uso biotecnológico, farmacêutico, médico laboratorial e alimentício. Um grande mercado que se abre com o desenvolvimento de pesquisa nessa área são os dessalinizadores voltados para o uso industrial, seja no pré-tratamento para desmineralização da água para uso em caldeiras, seja no descarte dessa água em esgotos, nos rios e no mar, e para a qual se deve atender a legislação ambiental vigente. “O grande desafio é garantir o abastecimento de água de qualidade tanto para o uso humano quanto para o uso industrial, aumentando a disponibilidade e reduzindo o impacto ambiental”, afirma Habert.
A experiência dos pesquisadores da COPPE tem contribuído para os resultados alcançados, além de gerar a formação de recursos humanos altamente qualificados. Após sucessivos avanços e recuos do governo no incentivo a projetos nesta área, a implantação do Programa Água Doce do Ministério do Meio Ambiente trouxe novo alento às comunidades que sofrem com a falta de água. Nesse programa, a COPPE dá apoio ao Laboratório de Referência em Dessalinização (Labdes), da Universidade Federal de Campina Grande (PB), que desenvolveu dessalinizadores de águas salobras e salinas oriundas de poços para atender a pequenas e médias comunidades do semi-árido brasileiro. O objetivo é dar manutenção a 1.500 sistemas de dessalinização instalados na região por programas anteriores e implantar 500 novos equipamentos. Além disso, a COPPE colabora no projeto Petrobras Ambiental, que é vinculado ao Instituto Xingó e voltado á gerencia de recursos hídricos dos municípios do semi-árido.