COPPE, Eletrobrás e Governo do Ceará assinam acordo para construção da primeira Usina de Energia das Ondas das Américas
Planeta COPPE / Engenharia Oceânica / Notícias
Data: 02/02/2004
A diretora da COPPE , Angela Uller, o presidente da Eletrobrás, Luiz Pinguelli Rosa, e o governador do Estado do Ceará, Lúcio Alcântara, assinaram, dia 2 de fevereiro, convênio para construção da primeira Usina de Energia das Ondas das Américas. O projeto, inédito no mundo, foi desenvolvido no Laboratório de Tecnologia Submarina da COPPE.
A principal inovação tecnológica deste projeto concebido pela COPPE está no uso da câmara hiperbárica, equipamento que simula ambientes marinhos de alta pressão. A câmara simulará a pressão de uma queda d´água, similar a de uma usina hidrelétrica, para gerar energia. A COPPE possui a única câmara hiperbárica da América do Sul capaz de simular ambientes marinhos de até 5 mil metros de profundidade. O protótipo da primeira usina de ondas das Américas será instalado na costa do Ceará e vai gerar 500 KW, energia suficiente para abastecer 200 famílias. A estimativa é de que a usina entre em operação em outubro de 2006.
O convênio também inclui levantamento da capacidade de geração de energia de toda a costa brasileira. Estudos preliminares revelam que o litoral do Brasil tem potencial para suprir 15% do total de energia elétrica consumida no País, hoje em torno de 300 mil GWh / ano. Segundo o coordenador do projeto, Segen Estefen, professor de Engenharia Oceânica da COPPE, se todo o potencial energético dos oceanos – avaliado em 1 TW (terawatt) – fosse aproveitado, seria possível atender a demanda de energia de todo o planeta. Durante o lançamento do projeto, os pesquisadores fizeram demonstração com um modelo em escala reduzida da Usina de Energia das Ondas, no Tanque Oceânico da COPPE.
Com 8,5 mil km de costa e cerca de 70% da população ocupando regiões litorâneas, o Brasil apresenta condições mais do que propícias para obter vantagens com esta fonte de energia abundante, renovável e não poluente. O custo de implementação de uma usina de ondas é 30% mais barato que o de uma usina eólica e similar ao de uma usina hidrelétrica. Além disso, o impacto ambiental deste tipo de empreendimento é bastante reduzido.
Nos últimos cinco anos ocorreu um grande avanço na implantação de usinas de energia das ondas em vários países da Europa, Austrália e Japão. Só no Reino Unido existem sete projetos, dois em operação e cinco em estágio avançado de desenvolvimento.
Coordenado pelo chefe do Laboratório de Tecnologia Submarina (LTS) da COPPE, Prof. Segen Estefen, o projeto prevê o desenvolvimento de estudos das condições do mar e de modelos experimentais para o dimensionamento do protótipo, além do acompanhamento da fabricação e instalação do modelo. Os estudos estão baseados na tese de doutorado de Eliab Ricarte e na tese de mestrado de Paulo Roberto da Costa, ambos alunos da COPPE/ UFRJ.
Como funciona
Na Usina de Ondas concebida pela COPPE, flutuadores acoplados a uma estrutura de viga acionam uma bomba hidráulica que por meio de movimentos alternados injeta água nas câmaras hiperbáricas interligadas. As câmaras então liberam um jato de água com pressão e vazão necessárias para acionar uma turbina convencional, que acoplada a um gerador, fornece energia elétrica. Testes com um modelo em escala reduzida vêm sendo realizados na instituição para avaliar o dimensionamento da usina.
Os pesquisadores da COPPE já iniciaram também o mapeamento da costa do Ceará e caberá ao governo do estado decidir sobre o local de instalação do protótipo. Em razão dos ventos alísios, o Ceará possui as condições ideais para a instalação de uma Usina de Ondas. A ação constante de ventos proporciona a regularidade de freqüência e altura das ondas necessária para o bom funcionamento do conceito de usina proposto pela COPPE.