Bicicleta: a economia enfim calculada
Planeta COPPE / Engenharia de Transportes / Notícias
Data: 06/09/2011
Seis vezes mais econômica que os automóveis e três vezes mais econômica que os ônibus. Esse foi o resultado de um estudo que comparou o custo por quilômetro da bicicleta com o de outros veículos, no Rio de Janeiro e em Porto Alegre. O aluno de mestrado do Programa de Engenharia de Transportes da Coppe, Marcelo Daniel, analisou os gastos de dois ciclistas com viagens diárias de ida e volta do trabalho, percorrendo uma distância equivalente a 20 quilômetros por dia.
No estudo, feito sob a orientação dos professores da Coppe Walter Porto e Paulo Cezar, Daniel demonstra que, além de ser mais rápida durante os horários de pico, a bicicleta consome, aproximadamente, R$ 0,12 por quilômetro rodado, enquanto o ônibus gasta R$ 0,32 e o automóvel, R$ 0,76.
Os cálculos foram feitos com a mesma fórmula aplicada pela Associação Nacional de Transportes Públicos (ANTP) para calcular o custo de veículos automotores por quilômetro percorrido. Foram contabilizados os gastos dos usuários de bicicletas, motocicletas, carros (movidos a álcool e a gasolina) eônibus. A equação matemática utilizada representa o custo total dos meios de transporte urbanos, levando em consideração os gastos com aquisição de acessórios, depreciação, consumo, manutenção, impostos e custos sociais, os quais são divididos pela distância percorrida. A bicicleta levou a melhor por não consumir combustível, não pagar impostos e por gerar poucos custos sociais, que são os gastos públicos que envolvem acidentes, por exemplo.
Marcelo destaca que o baixo valor de aquisição e manutenção da bicicleta faz dela um veículo mais democrático. Muitas pessoas podem se sentir “impedidas de ir a algum lugar por falta de dinheiro. Como a bicicleta é muito mais barata, ela facilita a inclusão”, explica Marcelo.
Ciclovias cariocas
Embora o Rio de Janeiro seja a cidade com maior número de ciclovias no Brasil, ultrapassando 150 quilômetros de vias exclusivas, a distribuição não é bem estruturada. Alguns bairros, como os localizados na Zona Sul, contam com um bom número de ciclovias, mas outros, como os da Zona Oeste, carecem dessas facilidades. Além disso, muitas das ciclovias construídas foram pensadas para o lazer e não para o uso cotidiano. Por essa razão, boa parte não é contínua, o que prejudica o deslocamento de quem usa a bicicleta para ir trabalhar.
Segundo relatório da ANTP, estima-se que a bicicleta corresponda a 3% do transporte urbano. Para o professor Walter Porto, esse número poderia ser maior se houvesse mais investimentos na infraestrutura de integração aos outros meios de transporte, como trens e ônibus. Assim, seria possível aos ciclistas percorrer parte do caminho de bicicleta e outra parte utilizando o transporte coletivo.
Além de ser mais rápido e não poluir, pedalar é também uma alternativa mais saudável. Pesquisas indicam que 30 minutos diários de exercício aeróbico são suficientes para manter o corpo em boa forma. Esse tempo equivale a, aproximadamente 10 quilômetros percorridos de bicicleta. Para essa mesma distância, enquanto um carro traria custos de mais ou menos R$ 7,60, a bicicleta consumiria cerca de R$ 1,00 em manutenção, ajudaria a queimar 274 kcal e não emitiria uma só molécula de gases estufa. Uma opção saudável e ecológica que beneficia a todos.