COPPE mapeia potencial da produção de biodiesel no Nordeste brasileiro
Planeta COPPE / Engenharia de Produção / Notícias
Data: 07/04/2005
Estudo da COPPE traça mapa das áreas potenciais para implantação de pólos de produção de biodiesel na região Nordeste. Solicitado pelo Ministério de Minas e Energia, o estudo servirá de base para a implementação do Programa Nacional de Produção e Uso do Biodiesel do governo federal. Os pesquisadores da COPPE avaliaram 1.789 municípios da região do semi-árido nordestino, levando em conta competitividade e inclusão social. O projeto prevê até o final do ano geração de emprego direto para cerca de 600 famílias, proporcionando a cada uma delas renda anual de R$ 23 mil, e indireto em torno de 190 mil famílias. Em 10 anos, estima-se a geração de emprego, entre diretos e indiretos, para aproximadamente 4,8 milhões pessoas.
Para lidar com a complexidade de variáveis envolvidas, a equipe da COPPE concebeu um software inédito que avaliou localização e viabilidade técnica e econômica da produção de biodiesel a partir da mamona, possibilitando identificar as oportunidades de investimentos em função das características de cada município. O software considerou 23 fatores, definindo as zonas mais adequadas para três atividades essenciais: plantio, esmagamento de sementes e usinas de produção. Maior produtora de mamona do país, a região do Irecê, na Bahia, é apontada pela pesquisa como futuro centro mundial de fornecimento do chamado ‘petróleo verde’. como região propícia ao plantio de mamona. O estudo mostra ainda Fortaleza, Teresina, Recife e Natal como mais adequados a instalar usinas do biocombustível.
Segundo o coordenador do projeto, o professor do Programa de Engenharia de Produção da COPPE, Carlos Cosenza, esta é uma ferramenta valiosa para orientação de investimentos e projetos. “Foi criada toda uma metodologia de identificação de potencialidades do Nordeste. O estudo mostrou que é possível aliar planejamento regional a uma visão de mercado, capaz de amenizar os desequilíbrios do país’, avalia. O critério adotado para localizar as zonas produtivas levou em conta a atual infra-estrutura da região: rodovias, ferrovias, portos, rede elétrica, armazéns etc. ‘É preciso organizar com eficiência o espaço econômico. Um projeto mal localizado é um projeto liquidado’, explica.
O plano de metas do governo determina para este ano a introdução de 2% de biodiesel ao diesel mineral, atingindo a mistura de 5%, em 2010. A utilização da produção de apenas 5% das terras aptas para o plantio da mamona, com rendimento de 1,1 toneladas por hectare, é estimada em 3,9 milhões de toneladas por ano, o suficiente para atender a meta estabelecida pelo governo até 2010. O estudo leva em conta ainda a produção de outros produtos consorciados à mamona como feijão, o que aumentaria em 300 kg/ha.
Com meta similar de substituição de diesel, a Comunidade Européia é indicada pelo estudo como mercado promissor de escoamento do excedente que vier a ser produzido no Brasil. Segundo a Diretiva da Comunidade Européia, calcula-se que nos principais países produtores de biodiesel do continente – Alemanha, Itália, França, Grã-Bretanha, Espanha – exista um déficit de 5,85 mil toneladas do biodiesel. Maior produtor e consumidor mundial de biodiesel, a Alemanha possui uma rede de abastecimento de cerca de 1800 postos.
Sob a coordenação geral do Ministério de Minas e Energia, o estudo, que levou um ano e meio para ser concluído, contou com a parceria da EMBRAPA e financiamento da Petrobras BR.