Coppe propõe nova técnica para redução de impacto de aterros
Planeta COPPE / Engenharia Civil / Notícias
Data: 31/03/2010
Utilizar resíduo sólido urbano tratado pode ser uma boa alternativa para cobrir aterros sanitários. Esse foi o objetivo de uma pesquisa pioneira no país desenvolvida na Coppe/UFRJ que promete reduzir em até 40 % o espaço ocupado por aterros sanitários nas grandes cidades. Fruto de tese de doutorado defendida na Coppe por Ronaldo Izzo, a proposta consiste em aproveitar o material compostado para substituir as camadas de solo utilizadas como cobertura, que hoje representam até 25% do volume total dos aterros.
Substituir o solo, usando o próprio resíduo compactado para evitar a dispersão do lixo no ambiente é apenas uma das vantagens da técnica desenvolvida na Coppe. Essa técnica é pioneira em termos mundiais. “Essa técnica também propiciará a redução do espaço ocupado, aumentando a vida útil do aterro, que no Brasil tem duração média de 30 anos”, ressalta o professor Cláudio Mahler, da Coppe, orientador da tese defendida por Izzo.
Segundo Ronaldo Izzo, a quantidade de solo utilizada nos aterros diariamente provoca, além da diminuição de sua capacidade, o desperdício de um material nobre, que é o solo. “Mesmo nos aterros de grande porte e com controle adequado, o volume perdido com a utilização de solo é significativo”, afirma.
A técnica proposta pelos pesquisadores, conhecida como ‘cobertura evapotranspirativo’, funciona como uma barreira capilar. Trata-se de um sistema que retém a água da chuva, levando-a evaporar-se naturalmente, que também pode funcionar como um dreno. Formada por duas camadas impermeabilizantes, com grãos maiores na base e grãos menores na superfície, a barreira evita que a água infiltre na mistura, reduzindo a instabilidade do solo e riscos de desabamentos. Essa é mais uma vantagem da nova técnica. “O uso de solo na cobertura de aterros, prática comum no Brasil, costuma provocar riscos, porque as camadas se transformam em barreiras para o fluxo de água, causando instabilidade no terreno”, afirma Ronaldo.
Antes de ser aplicado como cobertura, o resíduo sólido pode passar por um processo de compostagem, com controle de temperatura e umidade, que consiste em transformar matéria orgânica em produto estável, tornando-o passível de ser reutilizado. Também pode ser usado para cobrir aterros desativados recuperando áreas degradadas. Em 2005, o professor Cláudio Mahler co-orientou uma dissertação de Mestrado, defendida na Escola Superior Técnica de Dresden, na Alemanha, que resultou em projeto de recuperação do Aterro Metropolitano de Gramacho, no município de Duque de Caxias, no estado do Rio de Janeiro. O projeto propõe transformar o aterro em parque, com vegetação, que possa ser utilizado como área de lazer.