Especialistas discutem despoluição da Baía de Guanabara

Planeta COPPE / Engenharia de Produção / Engenharia Oceânica / Notícias

Data: 12/12/2014

Despoluir a Baía de Guanabara é um desafio enorme. Do tamanho dos seus 380 km2 de espelho d’água, cujos 2,3 bilhões de metros cúbicos de volume médio de água banham a cidade do Rio e municípios da Região Metropolitana. A despoluição da baía foi o tema central do “1º Seminário sobre a Baía de Guanabara: situação atual e perspectivas no contexto dos Jogos Rio 2016”. O evento, realizado dia 12 de dezembro, no auditório da Coppe/UFRJ, foi promovido pelo Laboratório de Sistemas Avançados de Gestão da Produção (Sage) da Coppe e pelo Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia em Ciências do Mar (INCT Pro-Oceano). O encontro reuniu cerca de 100 pessoas, entre professores, pesquisadores, estudantes e representantes de diferentes instituições.

A despoluição da Baía de Guanabara é um trabalho de longo prazo, que não será concluído até o dia 5 de agosto de 2016, quando serão iniciadas as competições. Mas, a realização dos Jogos Olímpicos na Cidade será um impulso fundamental para o projeto de limpeza das águas. “A despoluição da Baía de Guanabara, a partir da realização dos Jogos Olímpicos, pode ser um dos maiores legados que a Rio 2016 poderá deixar para cidade”, afirmou o professor Rogério Valle, coordenador do Sage/Coppe.

No entanto, antes de limpar a água, as autoridades terão de investir no tratamento do esgoto que chega até ela. No entorno da baía moram cerca 7,5 milhões de habitantes, que geram 20m3/s de esgoto. Desse volume, aproximadamente 70% são despejados sem tratamento adequado nas águas da baía e no leito dos mais de 40 rios que nela deságuam. Os dados foram apresentados pelo professor de Engenharia Costeira da Coppe, Paulo Cesar Rosman, que há anos estuda o processo de renovação das águas da baía. “A poluição da Baía de Guanabara é apenas o efeito colateral da situação social que existe em seu entorno”, afirmou Paulo Rosman.

Para o professor do Instituto de Biologia da UFRJ, Rodolfo Paranhos, o tratamento do esgoto que chega até a baía é o primeiro e fundamental passo a ser dado para o processo de limpeza. Sem querer estimar um prazo para o trabalho, Paranhos afirmou ter plena confiança no processo de despoluição. “Honestamente eu acredito na possibilidade de recuperação das águas da Baía de Guanabara”, disse.

O exemplo de que é possível despoluir, e que pode ser seguido pelas autoridades brasileiras, vem da Austrália. A Baía de Sydney, sede das provas de vela dos Jogos de 2000, também não foi despoluída a tempo para realização das Olimpíadas. Mas, o evento esportivo serviu para alavancar o projeto de despoluição e hoje as águas da baía da cidade australiana estão recuperadas.

Para tornar realidade o sonho de despoluição da Baía de Guanabara será preciso muito trabalho. “O problema não é tão simples de resolver e deve ser feito em bases bastante sólidas”, afirmou o vice-diretor da Coppe, professor Edson Watanabe. Segundo ele, a comunidade acadêmica deve participar desse esforço. “A universidade pode ajudar muito, principalmente discutindo a questão”, disse Watanabe. O vice-diretor da Coppe lembrou de outro processo de despoluição de sucesso, o realizado na Baía de Minamata, no Japão.