Especialistas indicam tecnologia nacional para evitar espionagem
Planeta COPPE / Engenharia de Sistemas e Computação / Notícias
Data: 23/09/2013
Independente da ação a ser tomada pelo governo brasileiro em relação à denúncia de espionagem eletrônica cometida pela Agência Nacional de Segurança dos Estados Unidos (NSA), os especialistas são categóricos: para reduzir a vulnerabilidade do Brasil nesse campo é preciso investir em tecnologia nacional e produzir sistemas confiáveis para proteger os nossos dados. A solução foi defendida por unanimidade entre os especialistas que participaram do debate promovido pela Coppe/UFRJ, dia 19 de setembro, sobre o tema: “Espionagem eletrônica: até que ponto estamos seguros?”
O evento reuniu no auditório da Coppe mais de 100 pessoas e contou com a participação na mesa de debate de quatro especialistas nas áreas de criptografia e segurança da informação: o professor Luís Felipe de Moraes, do Programa de Engenharia de Sistemas e Computação da CoppeUFRJ; o professor José Xexéo, do Instituto Militar de Engenharia (IME); o coronel Antonio Carlos Menna Barreto Monclaro, coordenador da Rede Nacional de Segurança da Informação e Criptografia (Renasic); e o professor Rodrigo Assad, da Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE).
Na abertura do debate o diretor da Coppe, Luiz Pinguelli Rosa, criticou a dificuldade enfrentada pelo Brasil para integrar as instituições que trabalham na área de segurança da informação e aproveitar o conhecimento produzido por elas. “É preciso coordenar essas atividades. O governo não tem nenhum órgão integrador. Falta aproveitar melhor o conhecimento gerado pelos grupos de pesquisa que atuam nessa área”, disse Pinguelli.
Prioridade para investimento em pesquisa nas áreas de criptografia e segurança em redes
A necessidade de tornar o Brasil independente da importação de sistemas de segurança de dados foi enfatizada por todos os integrantes da mesa. “Episódios como esse podem até se repetir, mas o Brasil precisa ficar imune a esse tipo de situação. Não pode manter a vulnerabilidade que existe hoje”, afirmou Luís Felipe, que comparou os sistemas de segurança a uma fechadura. “Você não pode comprar uma fechadura pronta que um ladrão já tenha a chave. Você é que tem de fabricar o seu cadeado e colocar o seu segredo”, explicou.
O professor da UFRPE, Rodrigo Assad, acredita que o desenvolvimento de tecnologia nacional não pode prescindir de parcerias com o governo. “É preciso entender que existe uma relação empresa, governo e universidade, e que isso tem de ser respeitado, como é feito no mundo inteiro. O governo não pode resolver, porque esse não é o papel dele. Mas o governo precisa firmar parcerias com as universidades. Acho que esse é o modelo, e ele tem que ser implementado rapidamente”, afirmou Assad. “É preciso definir uma estratégia que deve ser cumprida de “a” a “z”. Os dados do Brasil têm de ser salvos dentro do Brasil e a criptografia dos dados tem de ser feita com os nossos algorítmos”, explicou.
Para o professor José Xexéo, do Instituto Militar de Engenharia, problemas envolvendo a segurança de dados não são novidade. “O governo sabe que é escutado desde a década de 1980”, afirmou o professor, lembrando de um episódio envolvendo o Ministério das Relações Exteriores, que se queixava de que nas reuniões sobre comércio, as posições brasileiras já eram conhecidas antecipadamente e por essa razão o Brasil entrava em desvantagem nas negociações.
Segundo o coronel Antonio Carlos Menna Barreto Monclaro, da Rede Nacional de Segurança da Informação e Criptografia, o caso de espionagem da NSA deve servir de exemplo para a modernização do setor de segurança da informação. “A área de segurança foi deixada de lado. Agora, provavelmente, espero, alguma coisa vai mudar”, afirmou.