Especialistas projetam usina para extrair energia da correnteza
Planeta COPPE / Economia Azul / Engenharia Oceânica / Notícias
Data: 11/06/2007
Pesquisadores do Laboratório de Tecnologia Submarina da COPPE estão trabalhando no projeto de uma usina piloto que vai gerar energia a partir da correnteza dos rios. O projeto já despertou o interesse do governo do estado do Amapá, que no último mês de abril enviou uma comitiva à COPPE para uma visita técnica ao laboratório. A tecnologia é similar a do projeto de geração de energia por meio das ondas do mar, desenvolvido pela mesma equipe da COPPE.
Segundo a assessora da Secretaria Especial de Desenvolvimento Econômico do estado, Alandy Cavalcante Simas, que integrou a comitiva, hoje o maior problema do Amapá é garantir energia para a execução de projetos de desenvolvimento. “Todos os nossos projetos de desenvolvimento regional, como indústria moveleira e de biojóias, esbarram no obstáculo da falta de energia nas regiões afastadas do centro urbano”, declarou. A visita também contou com a presença do representante do Ministério de Minas e Energia, Dan Ramon Ribeiro, que integra a Coordenação de Atendimento às Áreas Isoladas do Programa Luz para Todos. “Nossa intenção é apoiar e garantir a boa execução e continuidade dos projetos”, afirmou Dan Ramon confirmando o apoio do Ministério à implantação de projetos de geração de energia no estado.
Durante a visita, a assessora Alandy Simas revelou o interesse do governo do Amapá em instalar uma usina de geração de energia por correnteza do rio projetada pela COPPE no município de Mazagão, a 36 km de Macapá. O objetivo é atender inicialmente a 36 famílias que vivem no entorno do rio Mazagão e a 17 pequenas empresas que funcionam de forma precária na região. “O governo do Amapá tem um compromisso de gerar energia por meio de fontes renováveis, cujo prazo vence em 2009”, ressaltou Simas.
A primeira etapa do projeto prevê o levantamento das condições de correnteza do rio Mazagão. A partir daí, serão definidos os tipos de turbinas a serem utilizados no local. De acordo com o projeto, as turbinas instaladas no fundo do rio irão captar a energia das correntes, transformando-a em água pressurizada que moverá turbina acoplada a um gerador para produzir eletricidade.
“Na próxima década, ondas, marés e correntes poderão representar para a geração de eletricidade o que os biocombustíveis serão para os transportes”, comentou o coordenador do Laboratório de Tecnologia Submarina, Prof. Segen Estefen.
A principal diferença entre as usinas que vão gerar energia a partir das ondas do mar ou por meio da correnteza do rio está no uso da turbina. “Na usina instalada no rio, a turbina terá a função que tem os flutuadores na usina de ondas do mar, ou seja, acionar as bombas hidráulicas para injetar água na câmara hiperbárica e, assim, produzir eletricidade”, explica o pesquisador, Paulo Roberto, membro da equipe do LTS. De acordo com a direção da correnteza, válvulas reversíveis poderão se adaptar ao fluxo do sentido do rio. A estimativa é de que uma turbina de 5 metros de diâmetro tenha capacidade de gerar 20 KW num rio cuja corrente seja de 1,5 metros por segundo. “As turbinas, submersas e protegidas são de fácil operação e manutenção”, garante o pesquisador.
Na visita à COPPE, os membros da comitiva do Amapá também demonstraram interesse em projetos voltados para o uso dos biocombustíveis. Visitaram o Instituto Virtual de Mudanças Climáticas (IVIG) da COPPE, cuja equipe há cinco anos realiza pesquisas e projetos, tanto para o uso de biocombustíveis em veículos como para sua aplicação na geração de energia elétrica.