Estudo da COPPE servirá de referência para revisão da legislação ambiental do estado do Rio proposta pela Feema
Planeta COPPE / Engenharia Química / Notícias
Data: 11/10/2005
A pedido da Feema, pesquisadores da COPPE avaliaram o programa ambiental de nove indústrias químicas sediadas no estado do Rio de Janeiro. O resultado deste trabalho auxiliará o órgão na reformulação dos padrões ambientais vigentes para o descarte de efluentes de origem industrial e servirá de base para a modernização da legislação ambiental do estado. Coordenado pelos professores do Programa de Engenharia Química da COPPE, Márcia Dezotti e Geraldo Lippel, o trabalho propõe um maior controle do lançamento de micro-poluentes presentes em efluentes líquidos e uma avaliação da atuação das indústrias caso a caso.
Selecionadas pela Feema por apresentarem um bom programa ambiental, as indústrias avaliadas são exceção entre as empresas sediadas no estado do Rio, onde a maioria não alcança os padrões estabelecidos. Destinada a subsidiar a reformulação da legislação ambiental do Rio, a pesquisa da COPPE propõe maior rigor na análise de micro-poluentes – classes de compostos químicos nocivos ao meio ambiente – que ainda não são completamente removidos nos sistemas de tratamento implantados nas indústrias. “Sugerimos ações que seguem a linha de atuação de países mais adiantados nas questões ambientais porque acreditamos ser possível avançar”, afirma Márcia Dezotti.
Alguns países da Europa, que usam tecnologias avançadas no tratamento de efluentes químicos, já comprovaram ser possível remover micro-poluentes e classes de compostos tóxicos. A Alemanha utiliza técnicas de segregação de efluentes, em que classes de compostos químicos ou efluentes com altas concentrações de matéria orgânica são tratadas separadamente. Lá, eles também adotam o tratamento terciário de efluentes visando uma redução ainda maior da matéria orgânica e também de poluentes específicos.
A avaliação trata especificamente da diretriz que regula a emissão de carga orgânica em efluentes líquidos industriais. De acordo com a legislação do estado do Rio, hoje o limite máximo de emissão de DQO (Demanda Química de Oxigênio), que indica a quantidade de oxigênio consumido na degradação dos poluentes, é de 250 mg/L. Trata-se de um índice muito superior ao permitido em alguns países da União Européia. Na Alemanha, os limites para o lançamento de DQO são inferiores a 150 mg/L e variam de acordo com o tipo de atividade. Para as indústrias produtoras de cobre, chumbo e zinco, por exemplo, o limite de emissão é de 1,5kg/L.
Os pesquisadores da COPPE constataram que a adoção de métodos tradicionais de tratamento é capaz de garantir o cumprimento dos níveis estabelecidos pela legislação do estado. Mas, segundo a pesquisa, com as tecnologias já disponíveis é possível diminuir ainda mais os teores de poluentes. Os especialistas também sugerem que a toxicidade deva ser incorporada pelo setor industrial como indicador da qualidade dos efluentes tratados. Direcionar o foco para grupos ou classes de poluentes cuja ação é nociva ao meio ambiente poderá complementar as atividades de controle da toxicidade por parte do órgão ambiental. “Os exames da carga orgânica lançada, da toxicidade, da tecnologia de tratamento empregada e das características dos rios, lagos e mares onde esse poluente é descartado poderá servir como referência para o estabelecimento de padrões para a proteção do meio ambiente”, conclui Dezotti.