Knime na Coppe: Professores mostram aplicações low-code em ensino, pesquisa e indústria
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Data: 22/10/2025

Ferramentas visuais de ciência de dados estão transformando a forma como pesquisadores e estudantes exploram grandes volumes de informação. Foi esse o foco do evento “Aplicações do Knime em Pesquisa, Ensino e Projetos Industriais”, que reuniu os professores da Coppe Geraldo Xexéo e Jean David Caprace, do Programa de Engenharia de Sistemas e Computação (PESC) e do Programa de Engenharia Oceânica (PENo), respectivamente, para compartilhar experiências e resultados concretos com o uso do Knime, uma plataforma gratuita e open source para análise de dados e mineração de texto.
O evento também contou com a participação de Aline Bessa, cientista de dados da Knime, empresa com cerca de 250 funcionários, criada na University of Konstanz, Alemanha. Ela explicou que Knime é tanto o nome da startup quanto da plataforma que desenvolve, e detalhou como a ferramenta suporta todo o ciclo da ciência de dados, envolvendo duas etapas principais: criação e produção. Aline destacou que a plataforma é código aberto e gratuita, e que sua filosofia busca democratizar a ciência de dados, conectando academia, startups e indústria na exploração de dados complexos.
Ensino inclusivo e visualização de conceitos
Xexéo destacou o papel do Knime no ensino de mineração de texto e aprendizado de máquina, especialmente para alunos sem formação em computação. Com a ferramenta, fluxos de análise — desde a limpeza e vetorização de textos até a detecção de padrões e sentimentos — tornam-se visuais e intuitivos.
“Ensinar conceitos é mais importante do que ensinar programação”, afirmou. Segundo ele, o Knime permite que alunos de diversas áreas, de sociologia a medicina, compreendam o processo de análise de dados sem precisar dominar linguagens de código. Projetos conduzidos em sala incluem detecção de toxicidade em jogos online e identificação precoce de comportamentos predatórios em conversas digitais.
Da sala de aula à indústria
Jean David apresentou aplicações industriais do Knime em setores estratégicos, como energia e transporte marítimo. Em parceria com a Petrobras, foram desenvolvidos modelos de corrosão em plataformas e sistemas preditivos de eficiência energética para navios, resultando em publicações em revistas internacionais como Marine Structures e Ocean Engineering.
Outros exemplos incluem modelos de previsão de marés de tempestade (storm surge) e simulações de descarbonização marítima utilizadas pela Organização Marítima Internacional (IMO). “Em uma reunião com a Petrobras, levei cinco minutos para construir no Knime uma solução que economizou semanas de trabalho”, relatou.
Integração com LLMs e novas fronteiras
As apresentações também abordaram a integração do Knime com modelos de linguagem (LLMs) e agentes inteligentes. O uso de fluxos controlados permite reduzir alucinações típicas de grandes modelos e criar sistemas cooperativos para tarefas como classificação de intenções, extração de dados e geração de respostas automatizadas.
“As LLMs alucinam, e é normal que alucinem — o importante é controlar esse processo com fluxos bem estruturados”, explicou Xexéo, destacando o valor pedagógico e científico de uma abordagem que alia transparência e rastreabilidade.
Pesquisa e produtividade com impacto real
Os resultados apresentados reforçam que ferramentas low-code como o Knime vão muito além da prototipagem. Projetos conduzidos pelos docentes e seus grupos de pesquisa demonstram reduções de até 35% no tempo de desenvolvimento, capacidade de processamento de bases com mais de 120 milhões de linhas, e aplicações em projetos financiados por CNPq, Petrobras, RNP e AWS.
Democratização da ciência de dados

Para ambos professores e para Aline Bessa, a plataforma representa uma filosofia de trabalho colaborativa e inclusiva, que conecta a academia à indústria e amplia o acesso à ciência de dados. Sua versatilidade permite que um mesmo ambiente seja usado tanto por alunos iniciantes quanto por pesquisadores que desenvolvem modelos preditivos complexos.
Mais do que apresentar uma ferramenta, o evento destacou a visão da Coppe de transformar ciência em inovação e benefício social, aproximando a universidade dos desafios e demandas do mundo real.
