Laboratório da COPPE ajudará o País a produzir biofármacos e vacinas
Planeta COPPE / Biofarmacos, Vacinas e Terapias Celulares / Notícias
Data: 23/07/2003
A COPPE/UFRJ inaugurou, dia 26 de junho, o Laboratório de Engenharia de Cultivos Celulares, que tem como objetivo desenvolver processos mais eficientes de produção e purificação de vacinas e biofármacos, reduzindo os custos desses produtos no País. Uma das prioridades do laboratório será o desenvolvimento de um biofármaco para o tratamento da hemofilia B, o fator de coagulação sangüínea IX. Embora o Brasil gaste quantias significativas com a importação de biofármacos, as pesquisas nessa área ainda são incipientes. O País gasta cerca de 80 milhões de dólares por ano com fatores de coagulação sangüínea importados, desse total, 10 milhões são gastos só com a obtenção do fator sangüíneo IX. Depois da apresentação das linhas de pesquisa do novo laboratório, os presentes puderam visitar as instalações no Bloco I-2000, Centro de Tecnologia.
Coordenado pela professora do Programa de Engenharia Química da COPPE, Leda Castilho, o laboratório tem como destaque outros dois estudos: a produção do fator estimulante de colônias de granulócitos (G-CSF), utilizado no tratamento de pacientes com deficiência de glóbulos brancos, submetidos a transplantes da medula óssea ou portadores de neutropenia congênita, associada a tratamentos com agentes quimioterápicos ou com drogas anti-AIDS, e o desenvolvimento, em parceria com BioManguinhos/Fiocruz, de uma nova vacina contra febre amarela, produzida através do cultivo de uma linhagem de células animais certificada pela Organização Mundial da Saúde. Com essas pesquisas, Profa. Leda foi selecionada pela FAPERJ para receber a bolsa Cientista Jovem do Nosso Estado 2003, concorrendo com mais de 300 pesquisadores de várias instituições do estado.
O laboratório vai atuar em todas as etapas importantes de processos de desenvolvimento de produtos biotecnológicos voltados para a saúde humana, desde a obtenção de linhagens celulares produtoras dos biofármacos desejados, utilizando técnicas de engenharia genética, até o desenvolvimento de técnicas eficientes de purificação dos produtos, passando pela otimização da etapa de cultivo das células em biorreatores. A etapa de desenvolvimento das linhagens celulares através de engenharia genética vem sendo conduzida em parceria com o Departamento de Bioquímica do Instituto de Química da UFRJ.
A vantagem da aplicação de ferramentas de engenharia química para o desenvolvimento de técnicas de produção de biofármacos e vacinas é a possibilidade de aumento do rendimento e da capacidade de produção, propiciando uma redução dos custos, assim como a possibilidade de melhor controle dos processos e qualidade dos produtos. “O Brasil é hoje totalmente dependente da importação de biofármacos. As nossas pesquisas pretendem contribuir para mudar esta realidade, através do desenvolvimento de tecnologias de ponta para a obtenção desses produtos”, acredita Leda.
Normalmente, os pacientes que sofrem de hemofilia B são tratados com Fator IX obtido a partir do plasma humano. Mas a administração de derivados de sangue em pacientes apresenta alto risco de contaminação por agentes infecciosos, como hepatite, AIDS, infecções por bactérias e parasitas. Por esse motivo, em vários países do mundo vem crescendo significativamente o emprego dos produtos obtidos por engenharia genética, tais como o Fator IX a ser desenvolvido no LECC. No Canadá, por exemplo, uma lei exige, desde 1995, que apenas fatores de coagulação sangüínea deste tipo sejam comercializados, em detrimento dos hemoderivados.
“No caso das vacinas, a tecnologia a ser desenvolvida na COPPE visa à obtenção de uma vacina contra a febre amarela mais pura e com menor risco de efeitos colaterais. O processo de produção será capaz também de responder com maior rapidez à demanda gerada, por exemplo, em situações de epidemia”, explica Leda. Maior produtor do mundo de vacinas contra febre amarela, o Brasil ainda emprega um processo de fabricação que envolve a utilização de embriões de galinha, previamente infectados com o vírus amarílico. “A vantagem da nova tecnologia é que ela poderá ser aplicada também na obtenção de vacinas contra outras doenças virais” explica Leda. Foram investidos R$ 250 mil para a implantação do laboratório, recursos provenientes do Centro Alemão de Biotecnologia, Serviço Alemão de Intercâmbio Acadêmico, COPPE, CNPq e FAPERJ.