Margem Equatorial: Exploração responsável é tema de reflexão na Coppe
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Data: 24/10/2024
Com o objetivo de preservar a soberania energética do país e gerar os recursos necessários à transição energética, a diretora de Exploração e Produção da Petrobras, Sylvia Anjos, defendeu a exploração de óleo e gás na Margem Equatorial. Tema sensível e importante para a sociedade, a Margem Equatorial foi o mote da Aula Aberta que lotou o auditório da Coppe nesta quinta-feira, 24 de outubro.
Apresentando muitos dados para sustentar o pleito da Petrobras, que já requereu a licença junto ao Ibama para exploração da região, Sylvia destacou que embora o mundo esteja investindo em uma transição energética de modo a frear o aquecimento global, continuará havendo demanda por combustíveis fósseis até 2050. “O mundo consome 100 milhões de barris de petróleo por dia e o Brasil contribui com 3,2% do total. Nossa expectativa é que em 2050, o Brasil contribua com 5,1%. Mesmo se nosso país parar de produzir, o mundo continuará demandando petróleo e nós ficaremos mais pobres”.
O plano estratégico da Petrobras prevê a abertura de 16 poços na Margem Equatorial, com o investimento de 16 bilhões de reais. Sylvia garantiu que a Petrobras está atendendo a todas exigências do Ibama. Uma delas refere-se ao aeroporto de Oiapoque (AP) que, segundo ela, não será sobrecarregado. O Ibama identificou ainda a necessidade de construção de um Centro de Proteção Animal, em Belém, e a Petrobras está pronta para fazer outro no Oiapoque, caso seja requerido.
“A Petrobras já perfurou mais de 5 mil poços offshore, 3 mil em águas profundas, sem causar danos ambientais. Nosso capping, tecnologia de segurança de poços, usa os equipamentos mais avançados do mundo. Além disso, a trajetória de derivadores – um modelo hidrodinâmico das correntes marinhas na região – mostra que mesmo em uma remota hipótese de derramamento de óleo na região produtora, o mesmo não chegaria ao litoral amazônico”, afirmou Sylvia Anjos, lembrando que a região a ser explorada fica a 500 km de distância da foz do rio Amazonas, distância superior a de alguns campos da bacia de Santos e o litoral do Sudeste.
A diretora da Petrobras ponderou ainda que a curva de produção das reservas do pré-sal entrará em declínio nos próximos anos e que o Brasil se tornará importador de petróleo na próxima década, caso não explore novos campos de produção.
Questionada sobre o que a Petrobras faria caso o Ibama não lhe conceda a licença de exploração, Sylvia esclareceu que além da exploração da bacia de Pelotas (RS), a Petrobras já possui blocos na América do Sul e na África. “Mas, para mim seria muito duro produzir fora o que poderíamos produzir aqui. Queremos gerar emprego e renda em nosso país”.
A estatal possui blocos na Argentina, Bolívia, Colômbia, São Tomé e Príncipe e África do Sul. A descoberta de reservas na bacia de Orange (África do Sul e Namíbia) direcionou o olhar da Petrobras também para o litoral sul do Brasil. “Brasil e África são geologicamente muito semelhantes. O próprio recorte de suas costas revela isso”.
A diretora destacou que o Brasil possui uma matriz energética bastante limpa e que a maior parte de suas emissões não decorre do setor energético, o que coloca o país em posição privilegiada. “O Brasil é referência em política energética. Enquanto a China é responsável por 32% das emissões de CO² do planeta, e os Estados Unidos, 20%, o Brasil responde por apenas 1% do total. Nós somos o sétimo país mais populoso do mundo, mas temos apenas o 94° maior consumo per capita. O setor de energia é responsável por 18% das emissões brasileiras. Mudanças no uso da terra, que no caso brasileiro seriam as queimadas, respondem por quase a metade das emissões, 48%”.
“Isso não quer dizer que não tenhamos que fazer nossa parte, mas o setor de óleo e gás não é o maior vilão. Chegaremos ao net zero (emissões líquidas de carbono nulas) até 2050 e continuaremos gerando a energia que o país precisa. A Petrobras acredita no Brasil de todas as energias. As fontes fósseis vão coexistir com as renováveis e são necessárias para financiar a transição. Até porque, sem recursos não se faz transição energética, muito menos uma que seja justa”.
A diretora da Coppe, professora Suzana Kahn, indicou que a instituição fará mais aulas abertas, nestes moldes, “abordando temas atuais, por vezes polêmicos, mas sempre importantes para o país, para nossos alunos e a Coppe em particular. Devemos debater em nosso ambiente acadêmico como o desenvolvimento tecnológico tem uma importância enorme no papel do Brasil em todas as grandes discussões atuais”.
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