Polímeros protegem a pele e ampliam eficiência de filtros solares

Planeta COPPE / Engenharia Química / Notícias

Data: 25/04/2013

Um processo de encapsulamento em nanopartículas poliméricas desenvolvido pela Coppe/UFRJ poderá ser uma alternativa para viabilizar o uso de filtros solares avançados, aumentando a proteção da pele em relação aos raios ultravioletas. As nanopartículas funcionarão como uma espécie de filtro, evitando que as substâncias tóxicas presentes na composição dos protetores solares de última geração entrem em contato direto com a pele.

Os pesquisadores acabam de iniciar o escalonamento do produto para produção de formulações comerciais, na recém-inaugurada Planta Piloto de Polímeros da Coppe, a primeira do Brasil capaz de escalonar tecnologias para a produção de micro e nanopartículas poliméricas com aplicações nas áreas médica, biotecnológica e farmacêutica.

O processo de encapsular o filtro solar em pequeníssimas partículas plásticas – com diâmetro variando entre 100 e 500 nm (nanômetros) – forma um filme que armazena o filtro, impedindo que ele seja absorvido pela pele. Além disso, o polímero não impede a absorção da luz pelo filtro solar e ainda potencializa a proteção contra o sol, em virtude de um efeito físico, que se caracteriza por espalhar a luz. Devido ao seu pequeno tamanho – 1 nm equivale a 1 bilionésimo do metro – ou seja, menor do que um grão de areia-, o polímero não causa esfoliação e não arranha a pele.

Até hoje, as técnicas utilizadas têm restringido a produção e comercialização dos filtros solares avançados. “A técnica que desenvolvemos na Coppe para encapsular as substâncias apresenta vantagens como impedir a absorção da substância pelo organismo, evitando irritações e alergias, além de aumentar a proteção solar, uma vez que envolto nas nanopartículas o protetor fica mais eficiente contra a ação dos raios ultravioletas”, explica José Carlos Pinto, professor do Programa de Engenharia Química (PEQ) e coordenador do Laboratório de Engenharia de Polimerização da Coppe.

Técnica testada com sucesso foi patenteada pela Coppe

Para fazer o encapsulamento do produto, os pesquisadores utilizam a técnica de miniemulsão, que reúne as substâncias do protetor e os polímeros formando bolinhas de filtro solar. Posteriormente é aplicado um catalisador, que endurece essas gotas e mantém o filtro aprisionado. “É como se colocássemos água e azeite em uma batedeira e ligássemos o aparelho. No final, são formadas gotas d’água recheadas com azeite”, explica José Carlos Pinto, que também é diretor-adjunto de Tecnologia e Inovação da Coppe.

A equipe do projeto é composta por Márcio Nele de Souza, professor da Escola de Química da UFRJ e colaborador do PEQ; pela farmacêutica Bárbara Lorca, que recentemente defendeu tese sobre esse processo no PEQ; e pela professora Elisabete Santos, da Faculdade de Farmácia da UFRJ. Liderados por José Carlos Pinto, os pesquisadores já realizaram uma série de ensaios para avaliar os resultados do projeto.

Professor José Carlos Pinto, coordenador do estudo

Os testes in vitro realizados no LMSCP e os testes in vivo feitos em animais e posteriormente em seres-humanos comprovaram tanto o efeito protetor do armazenamento nos polímeros como a capacidade dos plásticos de aumentar a proteção contra os raios solares. Também mostraram que o produto não causa nenhum tipo de alergia. Os bons resultados levaram a Coppe a depositar a patente do processo de encapsulamento e do produto em si. Algumas empresas já se mostraram interessadas, mas não houve nenhum acordo para produção industrial até o momento. Após o escalonamento do produto na nova Planta Piloto de Polímeros na Coppe serão realizados testes comerciais em humanos.

Segundo José Carlos Pinto, o processo de encapsular o filtro solar em polímeros revelou, ainda, ser mais vantajoso do que outras técnicas de armazenamento, como o encapsulamento em lipossomas (lipídios), que não são capazes de armazenar todos os tipos de filtros e por isso têm um uso mais restrito. “O processo desenvolvido na Coppe tem maior abrangência, podendo ser aplicado em um número maior de compostos. Ele permite elaborar produtos mais variados, adaptando o monômero de acordo com a natureza do filtro”, explica.