Rio ganha primeiro ônibus brasileiro movido a biodiesel
Planeta COPPE / Área Transversal / Notícias
Data: 25/01/2006
A cidade do Rio de Janeiro acaba de ganhar o primeiro ônibus urbano movido a mistura de biodiesel do Brasil. O veículo Volkswagen pertencente à Real Auto Ônibus fará a linha 121 (Central-Copacabana) na capital. Trata-se de um projeto-piloto do programa Riobiodiesel, criado pelo Governo do Estado do Rio em parceria com a COPPE/UFRJ e demais empresas privadas e entidades de ensino e pesquisa. O ônibus foi apresentado nesta-quarta-feira, dia 25, em cerimônia no Palácio Guanabara, na presença de representantes dos parceiros do programa.
O Riobiodiesel é parte do Programa Nacional de Testes com Mistura de Biodiesel, coordenado pelo Governo Federal e que envolve todos os estados brasileiros. O objetivo é comprovar a eficiência da adição do biodiesel, um produto obtido a partir de óleos vegetais e álcool, ao diesel convencional que move o transporte de carga e passageiros no Brasil.
O ônibus Volkswagen VW 17.210 EOD é o primeiro de três veículos que atenderão exclusivamente a linha 121 e estarão rodando até o final de fevereiro. Todos os ônibus receberão motores MWM-International e sistemas de injeção de combustível Bosch, e realizarão testes em laboratórios. O biodiesel fabricado pelo Instituto Virtual de Mudanças Globais (IVIG) da COPPE e analisado pelo Instituto Nacional de Tecnologia – INT, é misturado ao diesel fornecido pela Shell Brasil. Depois, o biodiesel é armazenado em tanques na garagem da Real Auto Ônibus, sob o acompanhamento da Shell.
O veículo rodará uma média diária de 240 quilômetros em reais condições de uso, numa rota de trânsito intenso e de grande procura pelos passageiros, utilizando uma mistura de 95% de diesel comum e 5% de biodiesel.
Criado em 2003, o Riobiodiesel já conta com dois veículos Volkswagen em teste: um ônibus rodoviário VW 17.240 OT, utilizado pelo Governo em demonstrações pelo Estado, e um caminhão VW 8.150 cedido à Secretaria de Estado de Ação Social. Ambos são abastecidos com uma mistura idêntica à dos ônibus da linha carioca 121.
O biodiesel é uma fonte de energia renovável, pois utiliza plantas como soja – fonte cujo óleo será utilizado neste veículo – mamona, dendê, babaçu e outras para sua produção. Contribui para reduzir o consumo de petróleo, a poluição ambiental e a emissão de gases do efeito estufa que causam aquecimento do planeta. Também estimula o agronegócio, sendo uma alternativa para a maior eficiência do transporte brasileiro.
COPPE: referência em tecnologias e pesquisas para o uso do biodiesel
Há seis anos, a COPPE desenvolve estudos e tecnologias para viabilizar a produção e o uso do biodiesel no Brasil. Produzido a partir de óleos vegetais – novos ou usados-, de gorduras animais e resíduos industriais, o biodiesel é uma fonte de energia sustentável que pode substituir o diesel como combustível. Trata-se de um desafio para o País que importa 15 % de diesel ao ano e até hoje utiliza 70 % do combustível para uso rodoviário.
As pesquisas realizadas na COPPE têm sido usadas como referência para a implementação da política de biodiesel do governo federal. Foi com base nessas pesquisas que o governo autorizou, em 2005 a inserção de 2% de biodiesel na composição do diesel mineral, sem que fosse necessário fazer qualquer adaptação nos veículos já em circulação. As conclusões da primeira fase do “Estudo sobre a viabilidade do uso do biodiesel em veículos”, encomendado à COPPE pelo Ministério de Minas e Energia (MME), foram apresentadas em agosto de 2004, em Brasília, pela professora Suzana Kahn Ribeiro, da COPPE, que representa as universidades e centros de pesquisa na comissão montada pelo governo para traçar o seu programa.
O estímulo ao uso do biodiesel em veículos faz parte da política do governo que busca minimizar a dependência do diesel, ainda hoje consumido em sua maior parte para uso rodoviário. “A substituição gradativa do diesel pelo biodiesel representa um importante ganho para o País, já que ainda importamos, em média, 15 % de diesel ao ano. Com a escassez dos recursos fósseis e a necessidade dos países desenvolvidos de introduzirem biocombustíveis na sua matriz energética de transporte, a produção de biodiesel pelo Brasil, abre também uma oportunidade de exportação do produto”, explica Suzana Ribeiro.
A política de inserção do biodiesel como fonte de energia segue a tendência mundial. Segundo a professora da COPPE, a França já usa 5% de biodiesel em toda sua frota nacional e o Mercado Comum Europeu estabeleceu no ano passado à introdução de pelo menos 2% de biocombustível em sua matriz de transporte. Em 2005, a COPPE solicitou pedido de patente para uma tecnologia desenvolvida na instituição possibilita a produção do biodiesel a partir de esgoto sanitário.