Secretário do Fórum defende “Pré-sal verde”
Planeta COPPE / Notícias
Data: 05/04/2012
O secretário executivo do Fórum Brasileiro de Mudanças Climáticas (FBMC), Luiz Pinguelli Rosa, defendeu que o Brasil aplique um percentual dos recursos advindos da exploração do petróleo do pré-sal no desenvolvimento de fontes alternativas de geração de energia. Também defendeu a inclusão da Mudança Climática entre os temas a serem discutidos na Conferência das Nações Unidas que será realizada no próximo mês de junho, no Rio de Janeiro. A proposta foi feita durante reunião do FBMC, dia 4 de abril, no Palácio do Planalto, com a presença da presidente da República Dilma Rousseff. No encontro, que contou com a participação de vários ministros, também foram discutidas questões como a conclusão dos planos setoriais de mitigação e adaptação às mudanças climáticas e a posição do Brasil na Rio+20.
“Nessa reunião, cunhamos a expressão ‘Pré-sal verde’. O Brasil deveria destinar parte da renda do Pré-sal para o desenvolvimento de fontes alternativas de energia. O país precisa investir em pesquisa, desenvolvimento e inovação para fontes alternativas”, afirmou Luiz Pinguelli Rosa, que além de secretário executivo do FBMC é diretor da Coppe/UFRJ (Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-graduação e Pesquisa de Engenharia).
Durante a reunião, a presidente Dilma, que preside o FBMC, defendeu a utilização da energia hidrelétrica, entre as fontes renováveis, lembrando que as fontes solar e eólica são vulneráveis às variações da natureza e, portanto, complementares. Não são suficientes para suprir a demanda constante de energia, sem interrupção. Dilma Rousseff aproveitou a oportunidade para expressar sua preocupação com a falta de reservatórios nas hidrelétricas brasileiras. Com isso, a fonte eólica precisará ter uma participação maior na matriz energética. “Deus nos ouça que a eólica consiga ser reservatório de energia elétrica no Brasil. Deus nos ouça. Nós vamos ter que suar a camiseta tecnicamente”, disse a presidente.
Falando sobre as questões climáticas, o secretário executivo do Fórum lembrou que outro problema a ser solucionado é a produção insuficiente e a redução da participação do etanol no transporte por automóveis. Para resolver a questão, o Brasil vem aumentando a importação do etanol dos Estados Unidos, feito à base de milho, cuja produção gera um volume maior de CO2.
Planos setoriais: meta é reduzir emissão de 36,1% a 38,9% até 2020
A ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, apresentou o andamento da elaboração dos planos setoriais de mitigação e adaptação às mudanças climáticas, um conjunto de iniciativas em várias áreas, cuja meta é reduzir a emissão de CO2 de 36,1% a 38,9% até 2020. Os planos envolvem setores como energia, transportes, indústria de transformação e bens duráveis, mineração e agropecuária entre outras.
Izabella Teixeira divulgou o calendário de trabalho dos planos setoriais até o fim do ano. Segundo ela, até o final de abril será concluído mais um grupo de planos setoriais. Entre os meses de maio a julho eles passarão por um processo de consulta pública, via internet, durante o qual a sociedade poderá fazer sugestões. A proposta é que os planos sejam consolidados entre agosto e novembro, quando será feita a revisão do Plano Nacional de Mudanças Climáticas. Segundo a ministra do Meio Ambiente, o Plano Nacional de Mudança de Clima deverá ser apresentado em dezembro de 2012, na Coppe/UFRJ.
Rio + 20 : um ponto de partida
Em relação à Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável (Rio+20), o Brasil exercerá, na opinião do ministro das Relações Exteriores, embaixador Antonio Patriota, uma liderança natural. Para Antonio Patriota, se a Rio 92 foi uma espécie de ponto de chegada, com a culminância de diversas negociações, a Rio+20 pode ser considerada como um ponto de partida para a reflexão de várias questões para o futuro.
Para a presidente Dilma, a Rio+20 será a oportunidade de o Brasil propor às demais nações um novo paradigma de crescimento econômico. “Desta vez, temos a missão de propor um novo paradigma de crescimento, que não pareça a alguns extremamente etéreo e fantasioso. Porque ninguém em uma conferência dessas aceita, me desculpe, discutir fantasia. Ela (a conferência) não tem espaço à fantasia”, afirmou.
Ao lado da presidente da República, dos ministros do Meio Ambiente e das Relações Exteriores, e do secretário executivo do FBMC, participaram da mesa do Fórum, em Brasília, a ministra-chefe da Casa Civil, Gleisi Hoffmann, e o ministro da Ciência, Tecnologia e Inovação, Marco Antonio Raupp.
Além dos pronunciamentos da presidente Dilma Rousseff e dos ministros, o encontro contou com apresentações feitas pelo Grupo de Trabalho de Mudanças Climáticas, Pobreza e Desigualdades do FBMC e pelos representantes dos segmentos da sociedade que compõem o Fórum: setores acadêmico, empresarial, dos trabalhadores, dos fóruns estaduais, e da sociedade civil/ONGs.
A reunião foi acompanhada por cerca de 120 pessoas. Estavam presentes no Salão Oeste do Palácio do Planalto, o ministro da Educação, Aloizio Mercadante; o ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Fernando Pimentel; o ministro dos Transportes, Paulo Sérgio Passos; a ministra do Planejamento, Orçamento e Gestão, Miriam Belchior; o secretário executivo do Ministério de Minas e Energia, Márcio Zimmermann; e a diretora da Agência Nacional do Petróleo (ANP), Magda Chambriard, entre outros.