Semana PESC: encerramento é marcado por destaques da última década e retrospectiva

Planeta COPPE / Engenharia de Sistemas e Computação / Notícias

Data: 24/11/2020

O último dia (13 de novembro) de atividades da Semana PESC foi marcado pelo relato do professor Franklin Marquezino, que ingressou no Programa de Engenharia de Sistemas e Computação da Coppe/UFRJ, na última década, e pela retrospectiva feita pelo professor Daniel Ratton acerca do cinquentenário do Programa. No evento, a ex-aluna Gabriela Ruberg contou como o aprendizado no PESC a permitiu construir uma visão transformadora do serviço público. Confira o evento na íntegra: Semana PESC 50 anos – dia 13/11

O professor Franklin Marquezino ingressou na Coppe em 2011, entrando para a linha de pesquisa de Algoritmos e Combinatória do PESC e atuando em uma área na fronteira do conhecimento, a computação quântica. “É uma área em evidência e há resultado publicados surpreendentes. Mas, quando entrei, o cenário era bem diferente, era uma área completamente teórica e mesmos os mais otimistas como eu achávamos que levaria muito tempo para termos computadores quânticos”.

Professor Franklin enumerou algumas das notícias de maior destaque relativas ao Programa na última década. “O professor Nelson Maculan recebeu o Prêmio Anísio Teixeira. O professor Jayme Szwarcfiter tomou posse na Academia Brasileira de Ciências (ABC). Diversas teses de doutorado foram premiadas em congressos importantes da área. Em 2014, promovemos a primeira edição da Semana PESC. Em 2016, tivemos a visita do vencedor do Prêmio Turing, professor John Hopcroft. Também tivemos o reconhecimento da importância de professores do PESC na implementação da internet no Brasil”.

“Além disso, em 2019 a tecnologia desenvolvida pelo grupo do professor Carlos Eduardo Pedreira para diagnóstico de leucemia, linfomas, software utilizado por mais de 50 países, no âmbito do Euroflow, consórcio de 12 universidades, sendo a única de fora da Europa a UFRJ. E esse ano a participação importante do PESC no combate à Covid-19, atuação muito forte do professor Guilherme Horta Travassos”, destacou Franklin.

Cinco décadas em retrospectiva

O coordenador acadêmico do PESC, professor Daniel Ratton Figueiredo, buscou sintetizar o que cada uma das cinco décadas representou para o Programa e usou um substantivo para descrever cada uma delas. “A década de 70 foi a década de fundação. Quando o então o Programa de Engenharia de Sistemas teve a Computação acrescentada ao seu nome”.

“Os anos 80 foram a década de formação, período que formou muitos dos atuais docentes. Nossa infraestrutura mínima foi formada e as linhas de pesquisa surgiram. A década de 90 foi de crescimento. Muitos professores importantes e influentes entraram no Programa. Houve diversificação de temas e chegada de brilhantes docentes. O Programa passa a se aventurar com consultorias e transferência de tecnologia, indo além da pesquisa acadêmica”, relatou o professor.

“Na década de 2000, consolidação. O PESC mostra seu protagonismo no contexto nacional de maneira muito forte. O curso de computação é implementado pelo professor Edmundo no Cederj, e o Programa obtém o conceito 7 na Capes nessa década e nunca deixou esse patamar. A década de 2010 é a década nostalgia. Os professores passam a dizer ‘antigamente era…’. Há a interrupção de algumas tradições pela aposentadoria de professores e funcionários, como a interrupção da aula de algoritmos distribuídos do professor Valmir”, concluiu o professor Daniel Ratton.

Recurso fundamental para a sociedade

A ex-aluna Gabriela Ruberg, funcionária do Banco Central desde 2000, representou os egressos que seguiram carreiras importantes no serviço público, porém fora do ambiente universitário. Gabriela contou como sua formação no PESC moldou sua visão para avançar o serviço público.

“Vivemos em um mundo onde tudo passa por um computador. Vivemos em uma sociedade digital, as relações são digitais, os negócios já nascem digitais. Eu sempre fui apaixonada pela visão dos dados e compartilho a visão de Tim Berners-Lee (físico inglês, criador da World Wide Web), que dizia que os ‘dados são uma coisa preciosa que vai durar mais que os próprios sistemas’. Os dados se tornaram um recurso fundamental para a sociedade, como água ou energia, e deveriam ser pensados de maneira estratégica”, explicou.

Segundo Gabriela Ruberg, o Banco Central processa um bilhão de registros por dia e lidera a política de dados abertos do governo. “A gente levou a ideia da informação aberta não apenas para o dado do governo, mas para o dado que é regulado por ele. Estamos criando a Plataforma Olinda, plataforma ágil para compartilhamento de dados, que traz processo simplificado de criação de serviços de dados. Essa plataforma me fez pensar que eu aprendi no PESC que não basta saber dar a solução, fazer sistema, tem que fazer a pergunta certa”, explicou a ex-aluna do PESC.

De acordo com Gabriela, o banco desenvolveu também a Plataforma de Integração das Entidades Reguladoras (Pier), “solução inovadora que colocou o Bacen no mapa do uso de blockchain, não só com ativos financeiros. Está se usando como inspiração para discutir uma rede brasileira de blockchain”, garantiu a engenheira que também participa do Comitê Central de Governança de Dados da Secretaria de Governo Digital avançar gestão de informações da adm publica e na estratégia de combate à corrupção e lavagem de dinheiro.

Para Gabriela, que saiu de João Pessoa (PB) para estudar na Coppe, o PESC é um centro de inteligência nacional. “Eu entrei no PESC, na Linha da Banco de Dados e queria estudar com a professora Marta Mattoso. Quando ela passava, era como se espocassem fogos de artifício. Eu disse ‘Marta, o que preciso fazer para trabalhar com você? Diga que eu faço’. Foi uma aposta muito feliz”, derreteu-se.

Confira a cobertura dos outros quatro dias da Semana PESC 50 anos:

1º dia – Nelson Maculan fala sobre a criação do PESC durante o seminário que celebrou o cinquentenário do Programa

2º dia – PESC nos anos 1980: primeiro supercomputador brasileiro e início da parceria com o Cern

3º dia – Década de 1990 foi marcada pela solidificação da abrangência do PESC em todas as áreas da Ciência da Computação

4º dia – PESC nos 2000: “sulear” o olhar da pós-graduação