Tecnologias verdes foram a atração da Semana de C&T
Planeta COPPE / Notícias
Data: 24/10/2011
Futuras usuárias das tecnologias que utilizam energia limpa, as crianças foram os visitantes mais empolgados da exposição Tecnologia para um futuro sustentável, promovida pela Coppe/UFRJ, de 19 a 23 de outubro, no Jardim Botânico. O evento, que fez parte da Semana Nacional de Ciência e Tecnologia (SNCT), atraiu centenas de pessoas ao estande.
Nos cinco dias de exposição, centenas de crianças passaram pelo estande de 120 m2 da Coppe. Levadas pelos pais ou participando de passeios promovidos pelas escolas, as crianças puderam ver de perto tecnologias desenvolvidas pela Coppe, que poderão ajudar o Brasil a crescer e produzir riquezas reduzindo o impacto no meio ambiente. (Confira o vídeo sobre o evento)
A instalação multimídia da Usina de Ondas do Pecém, que produz energia elétrica a partir do movimento das ondas do mar, foi uma das atrações mais impactantes do estande da Coppe no Jardim Botânico. “Gostei dali”, disse o pequeno Vinícius, 5 anos, apontando para as enormes telas que mostravam as imagens das ondas e dos braços que compõem a Usina de Ondas. Instalada no Porto do Pecém, a 60 quilômetros de Fortaleza, a usina é um projeto da Coppe, financiado pela Tractebel Energia S.A., dentro do Programa de Pesquisa e Desenvolvimento Tecnológico da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), com apoio do governo do Ceará.
As imagens do mar, o som das ondas e os ventos da região, simbolizados por um sistema interligado de som, luz e ventilação, recriaram a atmosfera da região, onde a usina, que deverá ser inaugurada no início de 2012, está sendo implantada. Um conjunto tão real que conquistou os visitantes, sobretudo os menores, como Laura Saraiva, de 3 anos, que não se cansava de tirar fotos perto do telão com imagens do mar.
Mas não eram só as crianças que ficavam vidradas com as imagens e os cenários montados para a exposição. “O cenário da usina de ondas é muito impactante. As crianças logo se apaixonam”, disse o arquiteto Marcello Magdaleno, 41 anos. “A forma de difusão do conhecimento foi muito bem elaborada” disse.
Um trem que levita sobre trilhos
Os visitantes ficavam surpresos ao descobrirem as tecnologias desenvolvidas no Brasil. Além da Usina de Ondas, a Coppe também levou para a mostra os projetos do ônibus a hidrogênio; do trem de levitação Maglev Cobra, e a contribuição da instituição para viabilizar o uso do biodiesel no país.
Primeiro trem de levitação magnética desenvolvido no Brasil, o Maglev Cobra foi outra das atrações exibidas na exposição. O veículo, que dispensa a utilização de trilhos e rodas, parece flutuar de forma silenciosa. Suas vantagens são várias: o Maglev é veloz – poderá desenvolver velocidade de até 70km/h – e não é poluente. Além disso, o veículo é um dos mais eficientes em termos de consumo de energia: seu consumo de energia elétrica é de 25 kJ (unidade que mede a quantidade de energia gasta para transportar cada passageiro) por pessoa a cada quilômetro. Bem menos do que o consumo de um ônibus (400 kJ) e o de um avião (1200 kJ). Uma das maiores vantagens do Maglev sobre os outros meios de transporte, entretanto, é a economia. O custo de implantação desse sistema, por quilômetro, é estimado em R$ 33 milhões. Cerca de um terço dos R$ 100 milhões necessários para cada quilômetro construído de um metrô subterrâneo no Rio de Janeiro.
A professora aposentada Ivete Duna, 70 anos, também ficou entusiasmada com os projetos. “A exposição está maravilhosa. Elucidativa e muito didática. As explicações foram bem diretas e qualquer um pode entender”, disse. “Vimos a nota no jornal e viemos conhecer o trem de levitação. Foi uma surpresa muito boa conhecer os outros projetos”, afirmou. Ao lado de Ivete, o comerciante Carlos Alberto Magno, 65 anos, não escondia seu espanto pelo fato de o projeto ainda não estar nas ruas. “Não consigo entender porque o Maglev ainda não está funcionando. O projeto já poderia estar implantado no Rio, na Barra da Tijuca, no lugar do Metrô”, afirmou.
Acompanhando atentamente as explicações sobre o Maglev, a publicitária Cláudia Cordeiro, 36 anos, é outra entusiasta do projeto, que espera ver implantado em breve no Brasil e, dessa forma, repetir a experiência de andar em um trem de levitação, como teve oportunidade de fazer em uma viagem à China.
Vidros coloridos de biocombustíveis e ônibus a Hidrogênio instigaram a curiosidade das crianças
Outro projeto que chamou a atenção de quem visitou a exposição foram as diferentes tecnologias para produção de biodiesel pesquisadas pela Coppe. Entre as matérias-primas utilizadas estão o óleo de dendê, sebo bovino e óleo de fritura descartado por residências e restaurantes. Também foi apresentado o projeto piloto, realizado na estação de tratamento de esgoto de Alegria, da Cedae, no bairro do Caju, no Rio de Janeiro, que estuda a produção de diferentes tipos de biocombustíveis – biodiesel, bio-óleo, biocarvão e biogás – provenientes da escuma do esgoto.
A Coppe também levou para a exposição o ônibus a hidrogênio, o primeiro do gênero produzido no Brasil com tecnologia 100% nacional. Um veículo híbrido elétrico, que pode ser alimentado de três formas diferentes e complementares: por uma tomada ligada à rede elétrica tradicional, por uma pilha a combustível (hidrogênio), ou através da energia gerada por meio da regeneração da energia cinética dos freios. O resultado é um um veículo que pode desenvolver a mesma velocidade de um ônibus convencional, com as vantagens de ser silencioso, possuir eficiência energética maior que a dos ônibus a diesel e emissão zero de poluentes, já que o único resíduo é vapor d’água.
“A população não sabe que as pesquisas estão tão avançadas assim. Espero que essas tecnologias estejam disponíveis o mais rápido possível, uma vez que é preciso reduzir a emissão de gases poluentes. A situação do planeta é preocupante”, afirmou a advogada Anamaria Monteiro de Castro, 41 anos. “Espero que daqui a alguns anos essas tecnologias estejam disponíveis. Temos que aproveitar o potencial que a natureza nos deu”, afirmou a nutricionista Maslowa Gama, 25 anos, que seguiu as explicações dos monitores de cada um dos projetos.
Além da exposição, a Coppe participou, dia 20 de outubro, da série de palestras “Conversas no Jardim”, promovida pelo Jardim Botânico. O pesquisador Moacyr Duarte, do Grupo de Análise de Risco Tecnológico e Ambiental (Garta) da Coppe, proferiu a palestra Eventos climáticos extremos: riscos e prevenções. Também participaram os especialistas Carlos Alberto Muniz, do Inea; e Bruno Rosado, do Instituto de Pesquisas do Jardim Botânico.
A Coppe também esteve presente nas atividades da SNCT na Cidade Universitária, na Ilha do Fundão. No saguão do prédio da Reitoria foi exibida uma instalação sobre a usina de ondas, entre os dias 19 e 21 de outubro. A Coppe também fez demonstrações de experimentos referentes a tecnologias desenvolvidas na instituição, no Espaço Coppe Miguel de Simoni, onde foi exibido o processo da supercondução empregado no trem de levitação magnética Maglev Cobra.
Crianças, jovens e adultos, não importa a idade, tiveram a oportunidade de conhecer, por meio de uma linguagem acessível, as tecnologias de transporte que vão estar nas ruas e as alternativas de energia limpa que movimentarão a vida dos brasileiros nos próximos anos. A SNCT provou que a informação sobre ciência e a tecnologia está ao alcance de todos.