Um novo compromisso para a despoluição da Baía de Guanabara
Planeta COPPE / Engenharia Oceânica / Notícias
Data: 13/02/2015
Firmar um novo compromisso para recuperação da Baía de Guanabara. Essa foi a principal recomendação feita pelo professor Rogério Valle, da Coppe/UFRJ, durante o 2º Seminário “Baía da Guanabara: situação atual e perspectivas para os Jogos Rio 2016” realizado na Coppe, dia 10 de fevereiro. O evento reuniu especialistas de várias universidades do Estado do Rio que atuam no tema.
Coordenador do grupo contratado pelo Comitê Rio 2016 para elaborar relatório de impactos dos Jogos Olímpicos 2016, Rogério defende a adoção de um compromisso com metas mais realistas até 2026. Segundo o especialista, essa é a melhor solução para enfrentar o descrédito da sociedade perante o evidente fracasso do programa de despoluição previsto para 2016.
“O compromisso do Rio de Janeiro, como cidade-sede dos Jogos de 2016, era despoluir a Baía de Guanabara, mas a imagem que se tem do programa de despoluição é de um grande fracasso. Vivemos um momento oportuno: ou recuperamos a Baía ou caímos de vez em descrédito”, critica Rogério, coordenador do Laboratório de Sistemas Avançados de Gestão da Produção (SAGE) da Coppe.
O coordenador do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia (INCT-Mar-Pro Oceano), Ricardo Coutinho, concorda com Rogério e sugere que o Rio de Janeiro se inspire na experiência de Sydney, sede das Olimpíadas de 2000, que não conseguiu concluir o cronograma de despoluição de sua baía a tempo para os Jogos, mas manteve o compromisso e alcançou, em um novo prazo, o intuito traçado.
“A proposta deve ser estabelecer um compromisso de recuperação da Baía de Guanabara, no prazo de 10 anos, de forma a substituir o cronograma de despoluição previsto para 2016 por uma nova meta, realista, a ser concretizada até 2026”, explica o pesquisador.
O professor Paulo César Rosman, do Programa de Engenharia Naval e Oceânica da Coppe/UFRJ, destacou que a poluição é um efeito colateral da situação social que existe no entorno da Baía de Guanabara. “Não se resolve um problema combatendo apenas seus efeitos colaterais. Quando a população estiver livre da aflição da luta pela sobrevivência e puder se concentrar em aumentar sua qualidade de vida, a preservação ambiental será maior”, explica Rosman.
Um compromisso possível
Valle fez a ressalva de que embora a situação da Baía seja ruim, não é a calamidade descrita pela mídia, nacional e estrangeira. “Não estamos no ponto zero, nem em termos ambientais nem institucionais”. Para o professor, é imperativo iniciar um plano decenal realista, possível de ser realizado. “Isso foi feito em Sydney com sucesso. Nosso objetivo é mostrar que existe muita coisa que pode servir de base para esse planejamento. Temos muito conhecimento acumulado nas instituições de pesquisa e nas universidades”, avalia.
Segundo Coutinho, a ideia é que sejam formados grupos de trabalho, constituídos por representantes de universidades, para monitorar indicadores de qualidade da água, e um comitê gestor que acompanharia a execução das obras. “É uma proposta que pretendemos consolidar de forma mais ampla no 3º seminário, com a presença de representantes dos governos federal, estadual e municipais, com um ano de antecedência para os Jogos”.