Coppe lidera estudos para monitorar a presença de poluentes eternos no Rio de Janeiro
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Data: 03/10/2024
Pesquisadores do Programa de Engenharia Química (PEQ) da Coppe/UFRJ estão à frente de um projeto para monitorar a presença de poluentes eternos, conhecidos como PFAS, em ambientes hídricos do estado do Rio de Janeiro, incluindo rios urbanos e bacias hidrográficas.
Resultantes da síntese industrial de produtos contendo átomos de flúor e de carbono, que uma vez sintetizados transformam-se em moléculas não degradáveis, as substâncias PFAS (Perfluoralquil e Polifluoralquil) foram criadas, principalmente, para tornar produtos antiaderentes, impermeáveis, mais resistentes à temperatura, e para não absorver gorduras e manchas. Mas, se estas propriedades trouxeram mais praticidade e conforto às pessoas, em praticamente todos os lares do mundo, trouxeram também uma série de riscos à saúde, como doenças renais, da tireóide, hipertensão induzida pela gravidez, e até mesmo câncer. Estudos internacionais já constataram que 98% dos americanos têm FPAS no organismo.
São vários os produtos que contém PFAS. A estimativa varia de 4.700 a 14.000, dependendo da classificação do que foi fabricado, contemplando ou não subprodutos e derivados. Entre eles estão embalagens de alimentos, tintas, casacos, cosméticos, fio dental, panelas, sofás, e panelas, principalmente as que têm teflon.
Os PFAS se desgrudam dos produtos que os utilizam e, assim, podem ficar suspensos no ar, se fixar nos solos e alcançar águas de rios, lagoas e mares, contaminando peixes e outros animais, a exemplo do boi, fontes de boa parte das carnes consumidas regularmente pela população.
Coordenado pela professora do PEQ/Coppe, Márcia Dezotti, o estudo será possível a partir da utilização de um avançado equipamento, a ser adquirido com financiamento da Faperj no valor de R$ 4 milhões, por meio do Programa de apoio às fronteiras da ciência e inovação – infraestrutura multiusuária em equipamentos de grande porte. Intitulado “Implementação de Infraestrutura para monitoramento de poluentes eternos (PFAS) em ambientes hídricos do estado do Rio De Janeiro”, o projeto será executado em parceria com mais quatro grupos, que atuam na Escola de Química da UFRJ, na UFRRJ, na UERJ, e na Fiocruz.
O nível de alcance e danos das PFAS é objeto de estudos de inúmeros cientistas no mundo, e eliminar tais substâncias, que já foram detectadas em águas tidas como potável, ainda está longe de uma solução viável. Por isso, monitorar a sua presença torna-se também fundamental, como explica a professora Márcia Dezotti. A missão é difícil e muito complexa, mas se tornará possível com o uso do equipamento denominado Cromatógrafo de Ultra-Performance (UPLC®), que é equipado com espectrômetro de massa de quadrupolo. Este é um instrumento essencial para identificar e quantificar compostos em uma amostra, seja de água ou mesmo do solo.
Márcia, que coordena o Laboratório de Controle da Poluição das Águas (LabPol) do PEQ/Coppe, diz que as amostras para análises serão coletadas inicialmente no Rio Paraíba do Sul, no Rio Guandu, na Baía de Guanabara e em alguns rios e solos urbanos, incluindo a Ilha Grande que tem grande importância ambiental. “O objetivo principal é identificar e quantificar no novo equipamento os PFAS para ver seu índice de concentração na água ou no solo e, a partir daí, analisar formas de remoção e locais para onde possam ser removidas e armazenadas sem causar outros danos”, explica a professora da Coppe.
Os pesquisadores e alunos envolvidos serão treinados por professores que atuam no projeto, incluindo João Paulo Bassin (LabPol/Coppe), Juacyara Campos (Escola de Química/UFRJ), Alexandre Nascentes (UFRRJ), Enrico Saggioro (Fiocruz), André Luís Salomão e Daniele Bila (UERJ). “Esse grande projeto acadêmico, com o apoio fundamental da Faperj, coloca novamente o estado do Rio na vanguarda do conhecimento”, ressalta Márcia.
Além do monitoramento, o projeto também visa estudar métodos de tratamento dos PFAS. Enquanto os resultados não são obtidos, serão realizadas investigações sobre a degradação e avaliações de toxicidade e genotoxicidade, que induzem as alterações genéticas em organismos expostos a essas substâncias.
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