Coppe e Tsinghua lançam iniciativa para reflorestamento na Amazônia e produção de bioenergia
Planeta COPPE / Baixo Carbono / Energia / Institucional Coppe / Notícias
Data: 22/11/2024
A Coppe/UFRJ e a Universidade de Tsinghua apresentaram nesta quinta-feira, 21 de novembro, a “Iniciativa para a cooperação China-Brasil no reflorestamento de terras degradadas na Amazônia: criando uma cadeia industrial de bioenergia e promovendo o desenvolvimento de baixo carbono e a redução da pobreza”. A proposta busca aliar inovação tecnológica à sustentabilidade ambiental e social.
A iniciativa está alinhada com o Plano de Ação para Prevenção e Controle do Desmatamento na Amazônia Legal (PPCDAm) e vai ao encontro das iniciativas da Embrapa em agricultura sustentável e pesquisa agroflorestal. Há 31 milhões de hectares de áreas desmatadas e degradadas na Amazônia brasileira, sobretudo no estado do Pará. O projeto visa cultivar espécies oleaginosas, como a palma, para produzir biocombustíveis destinados ao transporte marítimo — um setor com grande demanda por soluções de baixo carbono.
Parceria estratégica e tecnologia avançada
Segundo a diretora da Coppe, professora Suzana Kahn, a Coppe e a Universidade de Tsinghua, parceiras no Centro China-Brasil de Mudanças Climáticas e Tecnologia Inovadoras em Energia, têm experiência na pesquisa de rotas tecnológicas na produção de biodiesel.
“Há dez anos buscamos uma produção mais eficiente, mais sustentável. Mas, precisávamos juntar todos os elos. Se você só tiver mercado para o biodiesel ou só tiver o produtor, você não fecha a cadeia. Com a necessidade de o Brasil recuperar áreas degradadas na floresta amazônica, há uma grande oportunidade para os produtores plantarem determinadas oleaginosas, como palma, para a produção de biodiesel, mas precisa ter demanda. No nosso caso, essa demanda virá da Cosco Shipping, um dos principais provedores mundiais de serviço de transporte integrado de containers. Assim, a frota da Cosco, na rota Brasil-China passará a usar o biodiesel, produzido aqui. A tecnologia desenvolvida pela Coppe será aplicada tanto na parte anterior (produção) quanto na pós (uso no mercado).”
Para viabilizar a iniciativa, foi promovida uma ampla articulação envolvendo atores-chave, como o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Embrapa, Abrapalma, Suzano, Raízen, Binatural, Tus-Deqing Bioenergy e a Cosco Shipping. Segundo Suzana, essa integração amplia as chances de sucesso ao estruturar uma cadeia produtiva robusta e sustentável.
Próximos passos e impacto esperado
O próximo passo será a redação e a assinatura de uma carta de intenções entre as instituições e empresas envolvidas na Iniciativa. “A proposição desta carta de intenções tem como base os recentes acordos bilaterais de nossos países, refletindo nossa responsabilidade de liderar pelo exemplo com ações para o enfrentamento das mudanças climáticas e desafios da transição energética. Esta parceria estabelecerá toda uma cadeia produtiva de biodiesel no Brasil priorizando matéria prima do Norte do Brasil e setores chamados ‘hard-to-abate’ como o de transporte marítimo”, explicou a professora Suzana Kahn.
Estima-se que o setor receba um investimento de R$ 50 bilhões na próxima década, conforme dados do Ministério da Agricultura. A adoção da mistura B25 (25% de biodiesel no diesel) pode gerar economia de R$ 10,5 bilhões na balança comercial, criar 1,5 milhão de empregos, beneficiar 540 mil agricultores familiares e reduzir 80 milhões de toneladas de emissões de CO₂.
De acordo com a Associação Brasileira de Produtores de Óleo de Palma (Abrapalma), das principais oleaginosas, a palma é a que garante maior produtividade por hectare, portanto sendo mais sustentável. Além de gerar 8x mais empregos e 3x mais renda do que na produção de óleo de soja, por hectare cultivado.
Parceria acadêmica reforçada
No mesmo dia, a Coppe recebeu os reitores da UFRJ, professor Roberto Medronho, e da Universidade de Tsinghua, professor Qiu Yong, para a assinatura de um memorando de entendimento (MOU) para cooperação acadêmica e científica, e outro relativo ao “Programa de Resposta da Juventude Latino-Americana e Chinesa a Desafios Globais”
Qiu Yong destacou que as duas universidades (UFRJ e Tsinghua) são muito fortes em Engenharia e que a assinatura do acordo marca o início de um novo capítulo nesta parceria.
Os memorandos assinados e a Iniciativa discutida fazem parte do conjunto de 37 acordos assinados pelo presidente Lula e pelo presidente chinês Xi Jinping, em temas, como agronegócio, educação, cooperação tecnológica e investimentos.
- Amazônia
- Biocombustíveis
- biodiesel
- Óleo de Palma
- Reflorestamento
- Sustentabilidade