Energia nuclear, descarbonização e segurança energética: um debate estratégico promovido pela Coppe
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Data: 28/08/2025

A Coppe/UFRJ promoveu, nesta terça-feira (26), um encontro para discutir o papel da energia nuclear na transição energética do Brasil, abordando segurança energética, metas de descarbonização e a inserção do país em cadeias de alto valor agregado. O debate reuniu representantes da academia, da indústria e do governo, reafirmando a função da universidade como espaço para tratar temas sensíveis com base técnica e visão estratégica.
Três eixos estratégicos para o futuro energético
A transição energética é urgente para reduzir as emissões de gases de efeito estufa, mas precisa ser equilibrada com os desafios da segurança e da equidade energética. Nesse contexto, os especialistas convergiram para três pontos centrais.
1. Energia nuclear como fonte firme e confiável
O professor Aquilino Senra (PEN/Coppe) destacou que a transição energética não será viável sem a participação da energia nuclear, por ser uma fonte despachável e sem intermitências. Ele ressaltou o avanço dos pequenos reatores modulares (SMRs), capazes de gerar até 300 MW, com operação automatizada e transporte facilitado. Essas tecnologias abrem espaço para aplicações estratégicas, como transporte marítimo – responsável por cerca de 4% das emissões globais –, mineração e data centers.
2. Integração com outros setores e benefícios socioeconômicos
Para Giovani Machado, sócio-fundador da Episteme e ex-diretor de estudos da EPE, a energia nuclear vai além da geração elétrica: “Ela assegura confiabilidade, promove descarbonização e permite acoplamento com setores como hidrogênio, indústria térmica, navegação, defesa, data centers, além de gerar transbordamentos tecnológicos e benefícios socioeconômicos”.
3. Segurança, percepção pública e política de Estado
Renato Dutra, diretor do Departamento de Combustíveis Derivados do Petróleo do Ministério de Minas e Energia, reforçou que a política energética é uma política de Estado, guiada pelo trilema: sustentabilidade, segurança e equidade. “A transição precisa ser consistente, sem comprometer a segurança energética e sem agravar a pobreza energética”, alertou.
Nesse mesmo eixo, Vittorio Perona, sócio do BTG Pactual, chamou atenção para a necessidade de informar a sociedade sobre a segurança do programa nuclear. “Os índices de acidentes na construção e operação de usinas nucleares são muito menores que em outras tecnologias. Cabe à academia e à mídia socializar esses dados”.
A Empresa de Pesquisa Energética (EPE) também esteve representada por Patrícia Nunes, e as Indústrias Nucleares do Brasil (INB) por Márcio Adriano Coelho da Silva, reforçando a visão integrada entre pesquisa, planejamento e setor produtivo.
Debater para decidir

O evento, intitulado “O Papel da Energia Nuclear na Descarbonização da Matriz Energética Brasileira”, integra uma série de debates organizados pela Coppe/UFRJ rumo à COP 30, abordando temas como mudanças climáticas, segurança energética e inovação tecnológica.
“Cada escolha feita, entre os muitos caminhos possíveis para a descarbonização, implica em uma série de consequências, de prós e contras. O que a gente pretende, e esse é o papel da academia, é entender as consequências de nossas escolhas como país”, concluiu Suzana Kahn, diretora da Coppe, que moderou o encontro ao lado do professor Alan Lima, coordenador do Programa de Engenharia Nuclear (PEN).
O evento está disponível, na íntegra, no canal da Coppe no YouTube.
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