Coppe discute inovação e qualidade de projetos na pandemia

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Data: 03/12/2020

A Coppe/UFRJ realizou na última quinta-feira, 26 de novembro, uma live para mostrar as contribuições da UFRJ para a sociedade e debater a remodelagem de processos para que as melhores práticas sejam mantidas após a pandemia. O evento foi mediado do coordenador da Coppe Q, Eduardo Oliveira, e contou com a participação da pró-reitora de Pós-Graduação e Pesquisa da UFRJ, professora Denise Freire; do diretor da Coppe, professor Romildo Toledo; e do professor da Faculdade de Medicina da UFRJ, Roberto Medronho.

Na avaliação do professor Romildo Toledo, a sociedade brasileira pode se sentir recompensada pelo investimento que é feito na universidade pública como um todo e na UFRJ em particular, pela velocidade da resposta à crise de saúde pública causada pelo coronavírus. “Estou convicto de que atuamos de maneira rápida e objetiva. A pandemia estimulou algo que eu acredito continuará no futuro, a interação entre nossos centros. Tecnologias desenvolvidas em colaboração entre as diferentes unidades. Lamentavelmente, os entes federados não fizeram o mesmo dever de casa. E o desentendimento entre as esferas federal, estadual e municipal no momento em que deveriam coordenar esforços, fez com que ficássemos à deriva. A população de certa forma se sente abandonada”, analisou o diretor da Coppe.

Segundo a professora Denise Freire, a universidade foi chamada a agir pelas circunstâncias e pode dar uma resposta efetiva, pois tinha a estrutura necessária. “Nós acumulamos ‘gordura’ nos tempos de bonança. O meu medo é o futuro, com tantos cortes de investimentos. Precisa-se de investimentos até para manter o que já existe”, refletiu a pró-reitora.

Coordenador do grupo de trabalho multidisciplinar para enfrentamento da Covid-19 da UFRJ, o professor Roberto Medronho listou iniciativas de destaque da universidade, como o teste S-UFRJ, desenvolvido pela professora Leda Castilho, da Coppe, e pelo professor André Vale, do Instituto de Biofísica. “É um teste sorológico muito mais barato do que esses no mercado, a partir da proteína S, da espícula do coronavírus. É mais sensível e específico que a maioria dos testes em mercado. Os outros são baseados em proteínas de membrana e nucleotídeos que são mais gerais”.

“Também foi desenvolvido na UFRJ, o covidímetro, ideia espetacular do professor Guilherme Horta Travassos, da Coppe, com modelos preditivos sofisticados para mensurar a taxa R, chamado popularmente de taxa de contágio, quanto cada indivíduo pode infectar outros indivíduos. Deu impacto enorme na mídia, na sociedade. Ele permite uma imagem visual muito fácil e clara, as pessoas entendem o grau de risco. Com o dashboard, sob liderança do Claudio Miceli (professor da Coppe), fornecemos os dados de notificação para a Secretaria Estadual de Saúde (SES-RJ), um banco de dados com mais de 300 mil notificações”, relatou Medronho.

O professor da Faculdade de Medicina seguiu listando projetos coordenados por professores da Coppe como exemplos de inovação e qualidade no combate à pandemia. “O oxímetro monitorado à distância por IoT (internet das coisas), outro projeto liderado pelo GHT (Guilherme Horta Travassos). A saturação de oxigênio é um indicador de alerta importante no tratamento dos pacientes de Covid-19. O ventilador mecânico de exceção (VExCO), produto desenvolvido sob coordenação do professor Jurandir Nadal (Coppe), foi uma articulação interdisciplinar que reuniu diversas unidades, precisamos de anuência da Anvisa, Comitê de Ética em Pesquisa etc. Um controle regulatório demorado, mas que é justificado”.

“Em função das fake news criamos o site www.coronavirus.ufrj.br, que tem recebido muitos acessos. Realizamos na Faculdade de Medicina ensaios clínicos com medicamentos. Vimos a inadequação do uso da cloroquina, que aumenta o número de episódios negativos, na parte cardiovascular.r.

A professora Denise Freire destacou que o centro de triagem e diagnóstico da UFRJ realizou mais de 17 mil testes de diagnóstico RT-PCR para Sars-CoV2, em parceria da Faculdade de Medicina e Instituto de Biologia. “A professora Fabiana da Fonseca, da Escola de Química, desenvolveu kits para produção de álcool 70º livre de impurezas. No LaBIM, do Instituto de Química, adaptamos a estrutura da unidade piloto para produção de etanol, e já foram produzidos 30 mil litros de álcool glicerinado e 5 mil de álcool em gel”, acrescentou.

Segundo professora Denise, a Pró-Reitoria de Pós-Graduação e Pesquisa tem estimulado as pesquisas básicas e aplicadas voltadas à assistência e gestão de risco frente à pandemia de Covid-19, bem como para desenvolvimento de tecnologias e insumos. “Um exemplo é o NB3, laboratório financiado pela Finep com interveniência da PR-2, concebido para alavancar a longa expertise da UFRJ em vírus emergentes e reemergentes. Ele possibilitará ampliar a capacidade de realização de estudos com Sars-CoV2 e outros agentes altamente patogênicos tanto em laboratório quanto em biotério com nível de biossegurança 3, daí NB3”, explicou a pró-reitora.

Soroterapia, IA e Nanotecnologia contra o coronavírus

O professor Romildo Toledo destacou ainda outros projetos liderados pela Coppe, como a soroterapia para tratamento da Covid-19. Cavalos do Instituto Vital Brazil inoculados com a proteína S recombinante do coronavírus produzida no Laboratório de Engenharia de Cultivos Celulares (Lecc) da Coppe, sob coordenação da professora Leda Castilho, apresentaram anticorpos neutralizantes 20 a 50 vezes mais potentes contra o vírus SARS-CoV-2 do que os plasmas de pessoas que contraíram a doença.

Além disso, os professores José Carlos Pinto, Helen Ferraz e Ariane Batista foram contemplados em edital recente para um projeto de vetorização de fármacos com nanopartículas, permitindo um tratamento mais eficiente dos sintomas da Covid-19, com os medicamentos já existentes. “Acho que será mais um produto que será usado pela sociedade para minorar o impacto dessa doença”, afirmou professor Romildo .

Em outro projeto citado pelo diretor da Coppe, pesquisadores da instituição, liderados pelo professor José Manoel de Seixas, estão trabalhando em um sistema que utiliza Inteligência Artificial para tornar mais rápida e eficaz a triagem e diagnóstico de pacientes vítimas da Covid-19 em estado grave. Um sistema aberto e reproduzível, que será disponibilizado gratuitamente ao Sistema Único de Saúde (SUS).

Além disso, em parceria com o Inmetro e a PUC-Rio, pesquisadores da Coppe estão produzindo tecido para máscaras, composto por nanopartículas , que pode neutralizar a ação do coronavírus,no Laboratório de Engenharia de Superfícies, sob a coordenação da professora Renata Simão.

O evento foi transmitido pelo canal da Coppe no YouTube e continua disponível.

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