Pesquisador da Coppe apresenta efeitos da pandemia no setor de energia
Planeta COPPE / Baixo Carbono / Energia / Planejamento Enérgico / Notícias
Data: 27/11/2020
O pesquisador do Centro Clima, da Coppe/UFRJ, William Wills, será um dos apresentadores do terceiro e último evento de divulgação do Climate Transparency Report 2020, que terá como tema “Descarbonizando o Setor de Energia nos países do G20 em tempos da crise do coronavírus”. O evento será realizado no dia 2 de dezembro, às 10h (horário de Brasília) e trará os resultados do setor energético nestes países, incluindo os efeitos causados pela pandemia. Para participar, é necessário fazer registro no website do Climate Transparency Report.
De acordo com o relatório, de 2012 a 2020, o nível de desmatamento no Brasil cresceu 122%. Caso o desmatamento saia de controle, as Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDCs) para atingir as metas do Acordo de Paris não serão atingidas. Por isso, o relatório recomenda que o país deveria, com urgência, reforçar suas políticas de monitoramento e prevenção ao desmatamento ilegal.
Segundo William Wills, este é justamente um dos pontos de destaque do relatório, ainda que seja algo já bem estabelecido no debate público. Além disso, o Plano Decenal de Energia (2019-2029) prevê que 77% dos investimentos em infraestrutura energética irão para o setor de óleo e gás. “Isso é preocupante, pois são tecnologias que ficarão obsoletas. É um lock-in tecnológico. É uma contradição investir na construção de estruturas que terão 30 anos ou mais de vida útil, sendo que para estarmos alinhados com o cenário de 1.5º precisaremos chegar a 2050 com emissão líquida zero de carbono”, critica o pesquisador.
O Climate Transparency Report é a abrangente revisão anual da ação climática dos países que compõem o G20 e sua transição para economias carbono-neutras. É baseado em 100 indicadores para adaptação, mitigação e finanças. O relatório, lançado no dia 18 de novembro, traz ainda o perfil dos 20 países, servindo de referência para os tomadores de decisão em cada país. O relatório específico sobre o Brasil teve a análise e texto preparados pelo Centro Clima, laboratório do Programa de Planejamento Energético (PPE) da Coppe em trabalho coordenado por William Wills.
O relatório resulta da colaboração técnica anual entre 14 think tanks e ONGs, dentre os quais o Centro Clima, laboratório coordenado pelo professor Emílio La Rovere, do Programa de Planejamento Energético da Coppe, além do financiamento e apoio de dezenas de outros parceiros.
O relatório aponta ainda que as emissões per capita de gases causadores de efeito estufa (6.96 toneladas de CO2 ou equivalente) no Brasil estão abaixo da média do G20 (7,32 toneladas) e estão em trajetória de queda. “De 2015 para cá, a intensidade de carbono na geração de energia vem caindo. Mas, 2014 foi um ano atípico. A crise hídrica forçou a contratação de energia de diversas usinas termelétricas, então, com o retorno das chuvas à normalidade, houve uma grande redução da intensidade de carbono na geração de eletricidade”, explica William.
O Climate Transparency Report traz ainda uma crítica aos cortes orçamentários para o monitoramento ambiental e a revogação de políticas ambientais, e traz recomendações, como o investimento em transporte ferroviário, tanto de passageiros quanto de carga, e desenvolvimento de um plano de eletrificação do setor de transportes. O relatório recomenda ainda o desenvolvimento de um plano de mitigação no setor de agricultura, incluindo a recuperação de pastos degradados e promoção de métodos sustentáveis.
Outro ponto ressaltado por William Wills é que as contribuições nacionais deverão ser revistas de acordo com as resoluções mais recentes do IPCC, o que deverá reduzir o total das contribuições brasileiras. “Será preciso esclarecer se as revisões feitas no inventário nacional para o ano 2005 impactam na meta brasileira para 2025 e 2030”, afirma o pesquisador da Coppe.
Além de William, participarão Fabby Tumiwa, do Institute for Essential Service Reform (Indonésia) e Jesse Burton, do The Energy Systems Research Group (África do Sul). O moderador será Jorge Villarreal, da Iniciativa Climática de México.