Pesquisadores da Coppe apontam que 9 milhões de trabalhadores serão impactados pela automação
Planeta COPPE / Engenharia de Sistemas e Computação / Notícias
Data: 04/11/2019
Estudo realizado por pesquisadores da Coppe/UFRJ sobre O Futuro do Emprego no Brasil revela que 9 milhões de pessoas têm 70% de probabilidade de terem suas atividades substituídas por tecnologias como robótica e inteligência artificial, com a chegada da indústria 4.0. Elas estão entre os 16 milhões de postos de trabalho criados entre 2003 e 2016. O levantamento, que avaliou cada uma das mais de 2.500 ocupações no país, foi liderado pelo pesquisador Yuri Lima, da equipe do Laboratório do Futuro da Coppe, sob coordenação do professor Jano Moreira de Souza, do Programa de Engenharia de Sistemas e Computação (Pesc).
Yuri acredita que um dos motivos da elevada taxa de substituição está no fato de que nos últimos anos foram criados mais de 8 milhões de empregos que envolvem ocupações com alto risco de automação, e apenas 3 milhões de baixo risco. Entre as três regiões mais afetadas está o Centro-Oeste, com probabilidade de 70,8%.
“Apesar da transformação nas áreas rurais desta região, que já passaram pelo processo da automação agrícola, o índice de impacto encontra-se elevado em função das características dos trabalhadores de Brasília, cuja maioria atua em centros administrativos, exercendo atividades que poderão ser substituídas por serviços automatizados”, explica o pesquisador da Coppe.
As outras duas regiões mais impactadas serão e Sul e Sudeste, ambas com 69,2%, devido a concentração do setor de serviços, cujos trabalhadores atuam em funções como telemarketing, de assistentes administrativos e outras similares, a exemplo do que ocorre na cidade do Rio de Janeiro. Já as regiões Norte e Nordeste, com 64,3% e 61,3% respetivamente, serão menos impactadas por ter como predominante as atividades primárias como extração mineral, vegetal e animal, que não estão muito prováveis de serem substituídas por máquinas.
Para mostrar o impacto da automação em cada cidade brasileira, Yuri criou uma plataforma piloto com dados do Rio de Janeiro para ser usada como modelo para os cerca de 5.500 municípios do país. O pesquisador explica que as demais plataformas podem ser criadas, de acordo com o interesse dos governantes de cidades e estados, ou mesmo de outros grupos interessados.
Na cidade do Rio de Janeiro, o levantamento aponta que os trabalhadores do setor de varejo serão os mais impactados pela automação nas próximas décadas. É alta a probabilidade de 148 mil pessoas do setor – 13% das 2,3 milhões empregadas no município carioca – perderem seus empregos para as máquinas. Eles são operadores de caixa, vendedores e repositores de mercadorias.
O estudo no Rio mostra que independente do setor, a ocupação com maior probabilidade de impacto é a de operador de telemarketing, podendo atingir 99% das 20, 5 mil pessoas que atuam nesta atividade no município carioca. Também precisarão se readaptar, buscando novas funções no mercado, 96% dos profissionais que exercem funções de assistentes administrativos e auxiliares de escritório: cerca de 250 mil pessoas distribuídas em vários setores de atividades.
O relatório também aponta as funções menos vulneráveis, que são aquelas em que predomina as relações humanas, como gestores de Recursos Humanos, profissionais de comunicação, especialistas que lidam com tratamento de pacientes, cuidadores de idosos, entre outras atividades em que a tecnologia não tem como atuar diretamente, como explica Yuri.
O relatório O futuro do emprego no Brasil: estimando o impacto da automação integra o projeto Mapeamento da Computarização no Brasil, realizado por pesquisadores da Coppe, do Ence/IBGE e do LNCC.
Veja a plataforma sobre trabalho, com dados do Rio de Janeiro: http://laboregov.com