Pesquisadores da Coppe apresentam Big Data das Baías do Brasil
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Data: 18/10/2018
Pesquisadores da Coppe/UFRJ apresentaram, dia 10 de outubro, o portal Baías do Brasil, uma espécie de Big Data que tem como objetivo disponibilizar uma ampla base de dados de baías, estuários, lagoas e reservatórios de todas as regiões do país. O usuário poderá acessar, gratuitamente, pela internet, modelos de hidrodinâmica para estações de verão e inverno referentes a corpos hídricos brasileiros; estudos de taxas de renovação e de idade da água, entre outros exemplos.
Já estão disponíveis no portal bases de dados e relatórios explicando o desenvolvimento das modelagens feitas por pesquisadores da Coppe para cinco baías brasileiras: Baía de Guanabara (RJ); Baía de São Marcos (MA); Baías de Ilha Grande e Sepetiba (RJ); Baía de Babitonga (SC) e Estuário do Rio Paraíba do Norte – “Baía de Cabedelo” (PB). Todas as aplicações são realizadas utilizando o Sistema Base de Hidrodinâmica Ambiental (SisBaHiA®), desenvolvido sob a coordenação do professor Paulo Cesar Rosman, do Programa de Engenharia Oceânica da Coppe. O SisBaHiA® é cedido gratuitamente através do site www.sisbahia.coppe.ufrj.br.
O projeto Baías do Brasil tem como proposta facilitar a vida de pesquisadores e de gestores públicos, deixando ao alcance de alguns cliques um trabalho que levaria meses para ser concluído. Idealizado e coordenado pelos professores da Coppe Paulo Cesar Rosman e Marcos Freitas, do Instituto Virtual Internacional de Mudanças Globais (Ivig), o projeto também tem como objetivo estimular a modelagem computacional como ferramenta fundamental para estudos, projetos e suporte à gestão ambiental de baías, rios, estuários, lagoas e outros corpos d’água.
“Os alunos se entusiasmaram com a proposta de disponibilizar ao público, não apenas o SisBaHiA, como o início da modelagem: bases de dados, mapas, dados de batimetria ou topografia do fundo, dados de caracterização dos sedimentos do fundo, que constituem a base geométrica da modelagem. Para uma pessoa que está começando a fazer modelagem, esta primeira etapa é sempre a mais difícil, ou seja, sair do zero e montar o modelo digital do terreno da sua área de interesse”, explica o professor Rosman.
Segundo o professor de Engenharia Oceânica da Coppe, as bases contêm alguns exemplos básicos de modelos hidrodinâmicos, tipicamente para cenários de inverno e de verão ou épocas chuvosa e de estiagem. “Em cima desses modelos, disponibilizamos dois exemplos de aplicação de análises importantes para qualquer estudo ambiental: análise de taxas de renovação de água pelos fluxos dos rios e das marés, e análises da idade da água, que é algo similar a tempo de residência, porém mais abrangente. Todas as bases são abertas. O usuário pode visualizar a geometria do domínio, salvar, editar, importar e usar as tabelas em outra aplicação. Ele pode usar livremente, e até mesmo criar novos cenários”, acrescenta.
De acordo com o professor Marcos Freitas, em 2009, o Ivig foi convidado pela Secretaria dos Portos a construir um banco de dados para subsidiar a avaliação ambiental do Porto de Itaguaí, no Rio de Janeiro. “Em 2013, a parceria foi ampliada para dar suporte ao Plano Nacional de Dragagens por meio de estudos de modelagem computacional, disponibilizando dados de hidrodinâmica, processos sedimentológicos, taxa de sedimentação. O objetivo é manter as vias navegáveis nos principais portos do país. Já tínhamos muito material acumulado de um estudo que fizemos sobre efluentes, tanto líquidos quanto sólidos, e fauna sinantrópica nociva (ratos e baratas, por exemplo) dos 22 maiores portos do país. Daí a parceria deu liga e temos dados de praticamente todos os portos do país”, relata Freitas.
Baía de Guanabara já tem seus dados disponíveis no portal
A Baía de Guanabara, primeira a ser incluída no projeto, foi apresentada pela doutoranda na Coppe, Laura Aguilera. Um dos corpos d´água mais famosos do país, com uma bacia de drenagem de 4.000 km², esta baía banha a segunda região metropolitana mais importante economicamente do Brasil, com dez milhões de habitantes, que equivale a 80% da população do estado do Rio de Janeiro.
A doutoranda da Coppe apresentou as ferramentas disponíveis no portal. Segundo ela, o trabalho inicia com a definição do domínio de interesse por imagens de satélites. “Uma vez definidos os contornos, eles são introduzidos no SisBaHiA. Sete estações espalhadas pela Baía fornecem dados para análise dos ventos. Já os dados de batimetria adotados provêm de cartas náuticas da Diretoria de Hidrografia e Navegação (DHN) da Marinha do Brasil”, explicou a pesquisadora.
Todos os estudos de modelagem de baías disponibilizados no site incluem cenários para meses de verão e inverno, buscando períodos mais chuvosos e também os de estiagem. No caso da Baía de Guanabara, os meses de janeiro de 2016 e julho de 2017 foram escolhidos para representarem os cenários de inverno e de verão.
Com dos dados oceanográficos e hidrometeorológicos, as pesquisadoras Laura Aguilera e Ana Lígia Favaro elaboraram, sob a supervisão do professor Rosman, modelagens de circulação hidrodinâmica, taxa de renovação da água e idade da água. “O SisBahia tem ferramenta para obter valores de elevação de superfície, salinidade, temperatura e velocidades das correntes. Dentro desses modelos, pode-se desenvolver estudos de transporte de sedimentos coesivos e/ou não coesivos, de qualidade de água, de geração e propagação de ondas”, explica Laura.
A Baía de Babitonga foi apresentada pelas doutorandas Monica Buckmann e Jeane Fachi; a Baía de São Marcos pela doutoranda Verônica de Andrade e pelo pesquisador em pós-doc. Teodosio Nzualo; a Baía de Ilha Grande e Sepetiba foi apresentada pela pesquisadora Ana Lígia Favaro; e a Baía de Cabedelo pelas mestrandas Gabriele Silva e Larissa Maia e pelo doutorando Rodrigo Amado.
Em um segundo momento, serão incluídos os dados e modelos para a Baía de Todos os Santos (BA), a Lagoa dos Patos (RS), o Lagoa Guaíba (RS), o estuário do Rio Itajaí (SC) e a Lagoa de Araruama (RJ).