Estudo destaca professor da Coppe entre os mais influentes autores do IPCC

Planeta COPPE / Planejamento Enérgico / Notícias

Data: 07/11/2017

Um estudo realizado por pesquisadores ingleses a respeito da produção científica do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) da ONU destaca o professor Roberto Schaeffer, da Coppe/UFRJ, como o sexto autor mais influente do Grupo de Mitigação (Grupo 3) do Painel. O estudo avaliou o número de publicações e citações, feitas por terceiros, de 275 pesquisadores que participaram do último relatório feito pelo IPCC, no grupo 3, responsável por estudos sobre a mitigação de efeitos do aquecimento global, e ordenou os 44 mais influentes. A citação ao professor Schaeffer faz com que a UFRJ figure em apenas uma lista de prestigiosas instituições como MIT, Universidade de Stanford e Universidade da Califórnia, Berkeley.

Os seis primeiros do ranking são os pesquisadores Lynn Price, do Lawrence Berkeley National Laboratory – University of California, Berkeley (LBNL); Peter Smith, Universidade de Aberdeen; Nebojsa Nakicenovic, do International Institute for Applied Systems Analysis (IIASA); Axel Michaelowa; da Universidade de Zurique; Volker Krey, também do IIASA; e Roberto Schaeffer, do Programa de Planejamento Energético (PPE) da Coppe/UFRJ.

Hannah Rachel Hughes, da Universidade de Cardiff, e Matthew Paterson, da Universidade de Manchester, são os autores do estudo, cujo artigo intitulado Narrowing the Climate Field: The Symbolic Power of Authors in the IPCC’s Assessment of Mitigation, foi publicado na Review of Policy Research.Os pesquisadores britânicos realizaram uma análise crítica da contribuição acadêmica gerada pelos trabalhos do IPCC, utilizando para isso os conceitos do sociólogo francês Pierre Bourdieu.

Segundo Hannah Hughes e Matthew Paterson, os trabalhos do Grupo 3 do IPCC se concentram em dez instituições, divididas em dois clusters. No primeiro, estão universidades americanas e o IIASA, por eles avaliado como o nó principal da contribuição acadêmica chancelada pelo Painel. E no segundo cluster, a UFRJ; a Universidad Nacional Autonoma de Mexico (UNAM); a Universidade de Tsinghua (China), e a Universidade de Tóquio. Deste cluster, somente a UFRJ possui um pesquisador entre os 44 autores mais influentes do Painel, o professor Roberto Schaeffer, do Programa de Planejamento Energético da Coppe.

Estudo mostra relações de colaboração e coautoria

Quanto maior a pontuação em um score que mede relações de colaboração e coautoria entre os 257 pesquisadores que participaram do grupo 3 do último relatório do IPCC, mais provável que qualquer caminho pela rede de coautoria terá que passar por aquele nó. Segundo o artigo de Hughes e Paterson, isso indica que o autor poderá ser alguém identificado por seus pares como um importante gatekeeper da informação científica, ou visto pelos colegas como um importante parceiro para o estabelecimento de colaborações. Também é identificado como integrante de uma instituição capaz de organizar importantes equipes de pesquisa, seja pelo seu financiamento ou por sua reputação.

Segundo o professor Roberto Schaeffer, a colaboração entre os autores não poderia ser mais positiva. “Em qualquer área, pessoas que se conhecem e têm mais familiaridade e confiança, tendem a se procurar e trabalhar juntas. Naturalmente você busca trabalhar com quem você tem uma relação pessoal. Não é apenas trabalhar com a Lynn porque ela tem um score alto, mas porque o pesquisador já a conhece. Uma retroalimentação positiva, uma sinergia que nós vemos aqui no nosso Programa da Coppe. Quanto mais a gente pesquisa de boa qualidade realizamos , mais atraímos bons alunos e, quanto mais chegam esses bons alunos, mais publicações nós teremos. Talvez os articulistas achem que se trata de um clubinho fechado, mas não é.Há pessoas até do Irã e da Indonésia querendo colaborar. São bem-vindos”, explica.

Na avaliação do professor Schaeffer, não é por acaso que o IIASA se tornou a instituição de referência dentre aquelas que trabalham com o IPCC. “Eles têm muita potência computacional instalada, têm muito financiamento. Eles têm feito isso para sediar grandes bases de dados. As bases de dados do IPCC estão todas lá. Eles trabalham com modelos integrados (IAM´s) há muito tempo e isso criou essa proeminência”.

A parceria com o IIASA influenciou o trabalho desenvolvido pela Coppe. “No final dos anos 90 eu trabalhei em um projeto com a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA). O diretor era Hans Rogner (também presente na relação de 44 autores mais influentes) e por meio dele tivemos acesso ao nosso primeiro modelo Message. De lá pra cá fomos aperfeiçoando, lapidando. A gente partiu para a construção de modelos globais, com o Coffee e o Tea, e para o aprimoramento de nosso model integrado nacional, o Blues, justamente por essa relação que mantivemos com essa turma de autores que são referência. Um de nossos pesquisadores, Pedro Rochedo, desenvolveu um modelo global, o Coffee. Outro, Alex Köberle, incorporou as questões do uso da terra e criou o Blues. Seguramente propiciará mais conexões a partir de agora. Entra-se em um círculo virtuoso. A tendência é a UFRJ, por meio da Coppe, se consolidar ainda mais neste cluster, agora que possui, além de modelos nacionais, também modelos globais”, afirmou Schaeffer.

Confira o artigo na íntegra: Narrowing the Climate Field: The Symbolic Power of Authors in the IPCC’s Assessment of Mitigation