Coppe apresenta projeto para melhorar a logística do país
Planeta COPPE / Engenharia de Transportes / Notícias
Data: 21/12/2015
O professor Rômulo Orrico apresentou, na quinta-feira, 10 de dezembro, um projeto desenvolvido pela Coppe/UFRJ, em parceria com a Secretaria de Política Nacional de Transportes, do Ministério dos Transportes, com o intuito de ajudar o país a reduzir um dos maiores entraves ao seu desenvolvimento: a baixa competitividade de sua infraestrutura logística.
O projeto, denominado “Estudos e Pesquisas para Desenvolvimento de Metodologia para Implementação de Centros de Integração Logística”, resulta de um termo de cooperação assinado pela Coppe e a Secretaria, em 2013, e tem como objetivo subsidiar políticas públicas para promover integração dos modos de transporte e contribuir para a implantação desses centros (CIL´s).
O evento contou com a presença do diretor da Coppe, professor Edson Watanabe; do diretor de Planejamento do Ministério dos Transportes, Eimair Ébelin; do subsecretário estadual de Fazenda, José Eduardo Castello Branco; e o representante da Fetranscarga, Sérgio Vianna.
Os CIL´s são estruturas de integração que oferecem serviços, buscando a cooperação entre modos de transporte distintos, em prol de uma distribuição mais eficiente econômica de produtos pelo território nacional.O projeto utilizou a base de dados e as informações disponibilizadas por estudos estratégicos do Ministério dos Transportes, como o Plano Nacional de Logística e Transportes (PNLT) e o Programa de Investimento em Logística (PIL).
Quatro estruturas de integração foram identificadas, com base nas referências internacionais: Plataformas Logísticas (Freight Village), Terminais Intermodais (Intermodal Terminals), Centros de Distribuição (Distribution Centers) e Portos Secos (Inland Ports).
Economia e eficiência para o país
De acordo com professor Rômulo Orrico, do Programa de Engenharia de Transportes, o ministério procurou a universidade para analisar pontos da rede multimodal, com base no PNLT e promover a multimodalidade. ” A metodologia, desenvolvida pela Coppe, foi pensada para dotar o Ministério dos Transportes de um instrumento para facilitar o planejamento, melhorar a eficiência da rede e favorecer o desenvolvimento econômico. O CIL teria que ser algo que fosse além de transbordar carga de um modal para outro, teria que ser algo que trouxesse eficiência aos fluxos”, explica.
Atualmente, já existem diversos centros que realizam integração logística sob diversos nomes. Segundo Orrico, o que faltava era integrar essas iniciativas com o planejamento central como um todo.”Onde melhor localizá-los, que porte devem ter e quais atividades devem ser atendidas para que o custo geral da rede seja reduzido, esclarece o professor.
“São duas coisas sendo tratadas: consolidar as cargas e fazer com que venham por um sistema mais eficiente, e isso reduz os custos globais; se eu consolido essas cargas e as transporto por trens isso otimiza a gestão portuária, reduzindo a necessidade de pátios de estacionamento, por exemplo”, acrescenta.
Na avaliação feita pela equipe de trabalho – que reuniu oito professores da Coppe, além de além de técnicos e bolsistas – o cenário atual da logística de transportes no Brasil é caracterizada pela concentração no modo rodoviário, pelo aumento na produção de commodities e pelo investimento em terminais sem integração com o planejamento do governo federal.
Para definir as microrregiões brasileiras, nas quais seria factível a implementação de CIL´s, os pesquisadores mapearam áreas indígenas e áreas de proteção ambiental, de forma a evitar os justos litígios que surgem quando projetos de infraestruturas atravessam tais localidades. “Além disso, ouvimos stakeholders (partes interessadas no processo) e trabalhamos estatisticamente com hierarquia do processo. Analisamos a segurança jurídica, a burocracia, o financiamento dos serviços logísticos, e avaliamos 32 estruturas instaladas no Brasil e 10 no exterior”, relata Orrico.
A metodologia buscou identificar e respeitar as vocações regionais, ainda que não haja apenas CIL´s voltados a essas especialidades, desconsiderando as demais atividades produtivas de cada região.”A gente sabe por exemplo que a região de Barreiras (BA) é grande produtora de soja, poderia se criar um centro de consolidação da soja e a produção ser escoada pelo São Francisco ou por ferrovia”, exemplifica o professor.
“Na simulação que fizemos, o Brasil deverá movimentar seis bilhões de toneladas de carga em 2031, mais da metade do total passível de ser transportada via intermodalidade. O potencial dos CIL´s é de 640 milhões de toneladas, o que representaria uma economia de 43 bilhões de reais em despesas com transporte de carga. É preciso incluí-los nos planos setoriais, institucionalizá-los como componentes estratégicos da Política Nacional de Transportes.O ponto central é reduzir o custo Brasil”, propõe o professor.
Para Orrico, o grande ponto é incluir esses pontos de transferência modal nos planos setoriais de transportes. “São cinco oportunidades de investimento e desenvolvimento: para quem vai construir; para quem vai gerir; para os usuários, que terão custos menores; para quem vai fornecer serviços e equipamentos. A quinta oportunidade é a possibilidade de cada região elaborar um projeto de desenvolvimento”, explica.