Alunos lançam aplicativo para estimular o uso compartilhado de veículos no campus da UFRJ
Planeta COPPE / Engenharia de Transportes / Notícias
Data: 01/04/2016
Será lançado na segunda-feira, 4 de abril, o aplicativo Caronaê, desenvolvido por alunos da Escola Politécnica, da Coppe e da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da UFRJ . O objetivo é atender demandas por caronas na Cidade Universitária, por meio de um sistema integrado e de fácil uso. O projeto recebeu financiamento e apoio do Fundo Verde, após ter vencido o concurso “Soluções Sustentáveis Fundo Verde – UFRJ 2014”, e contou com a tutoria do professor Ronaldo Balassiano, do Programa de Engenharia de Transportes da Coppe/UFRJ, na etapa inicial de implementação do projeto.
O aplicativo será disponibilizado gratuitamente para smartphones que utilizam o sistema Android, e, posteriormente, o sistema iOS (Iphone). Ele apresenta um “cardápio” de caronas com informações relativas à origem e destino da corrida e o nome do usuário que oferece a carona. O formato é semelhante ao feed de notícias do Facebook. Ao clicar em uma das caronas, o usuário poderá obter outras informações, como os locais por onde passará o motorista. O usuário também terá disponível um ambiente para chat, possibilitando o bate-papo entre quem oferece e quem solicita a carona.
Cerca de 7 mil alunos participam de algum tipo de sistema que auxilia o estudante a conseguir carona na Cidade Universitária, seja usando as redes sociais ou grupos no WhatsApp. O Fundo Verde entrevistou 701 estudantes, identificando que 53% pegam ou oferecem carona e 81% confiariam em um aplicativo destinado a caronistas.
Para o professor de Engenharia de Transportes da Coppe, Ronaldo Balassiano, a importância deste projeto é contribuir para racionalizar o uso do transporte individual na Cidade Universitária. “O potencial é muito grande. Há uma demanda dispersa por caronas, que tende a convergir para a oferta via aplicativo e poderá aumentar essa demanda, uma vez que o aplicativo esteja implementado e sendo usado com sucesso. É um projeto muito interessante, para a cidade inclusive. O Fundo Verde tem essa função, de testar no campus projetos ecologicamente sustentáveis, fazer teste piloto para que eles possam ganhar escala e ser implementados na cidade”, avalia o professor.
De acordo com o ex-aluno da Coppe, Gabriel Tenenbaum, que integrou a equipe do projeto, o aplicativo é também uma forma de aumentar a socialização, integrando alunos de cursos diferentes, ajudando a vencer a fragmentação da universidade. “Isso potencializa o caráter da universidade de aproximar pessoas diferentes e colabora para aumentar o sentido de pertencimento do aluno para com a instituição”, ressaltou Gabriel, que em fevereiro deste ano defendeu sua dissertação de mestrado no Programa de Engenharia de Transportes da Coppe.
Para Michel Balassiano, aluno de Engenharia Civil da Escola Politécnica/UFRJ e um dos idealizadores do projeto, o Caronaê é uma forma de deixar um legado para a universidade e, retribuindo de alguma forma pelo que ela faz pelos estudantes. “Acho que os alunos não costumam ter o reconhecimento pelos muitos benefícios que têm por estudar em uma universidade pública”, afirmou.
Também integram a equipe responsável pelo projeto os alunos de graduação da UFRJ Igor Rocha, de Engenharia de Computação; Manuel Meyer, da Engenharia Ambiental; Cecília Galli, da Engenharia de Materiais; e a arquiteta Luísa Teixeira, da Faculdade de Arquitetura.
Mudança de paradigma
De acordo com Suzana Kahn, coordenadora do Fundo Verde e professora do PET/Coppe, grande parte da comunidade do campus vem à Cidade Universitária de carro, com uma taxa de ocupação inferior a duas pessoas por veículo, quando o mesmo poderia transportar quatro ou cinco pessoas. “A ideia é aumentar a taxa de ocupação dos veículos, o que reduzirá congestionamentos, a demanda por vagas de estacionamento e a emissão de poluentes”, analisa a professora.
“Uma questão muito importante para nós é que a Cidade Universitária é frequentada por um público muito jovem, e um dos objetivos do Fundo Verde é promover alterações no padrão de consumo, mudar paradigmas, para que nossos alunos saiam da universidade levando consigo uma nova mentalidade”, explica Suzana.
Segundo Gabriel, o Caronaê foi elaborado com base em três elementos: o aplicativo; pontos de carona e mudança cultural por meio de uma campanha de marketing. “Acreditamos que esses elementos, isoladamente, não trariam o resultado desejado. A ação deve ser conjunta e complementar entre três elementos. Esperamos com esse aplicativo obter uma racionalização e otimização do uso do transporte individual”, afirmou.
Sobre o aplicativo
O Caronaê é destinado a alunos, professores e técnico-administrativos da UFRJ. Para obter a chave de acesso, o usuário tem que disponibilizar o número do CPF, pelo qual o sistema identificará sua matrícula na UFRJ. Inicialmente serão disponibilizados dez pontos de carona, na Cidade Universitária. Três no Centro de Tecnologia (blocos H, D e A), dois no Centro de Ciências da Saúde (CCS), dois no Centro de Ciências Matemáticas e da Natureza (CCMN), um na Reitoria, um na Faculdade de Letras e um na Escola de Educação Física (EEFD).
Leve, com 2.4 megabytes, o software foi desenvolvido pela Fluxo Consultoria, empresa júnior de engenharia da UFRJ. Dados da intranet da universidade são disponibilizados em uma parceria com a Superintendência de Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC).
O motorista pode informar o roteiro, ou seja, por quais vias passará, e incluir, por exemplo, mensagens do tipo se aceita fumantes. Já o usuário poderá ver o perfil do motorista, o número de caronas que este já concedeu e há quanto tempo está cadastrado no aplicativo. Caso o usuário tenha algum tipo de problema, poderá reportá-lo via aplicativo. Também é possível ver o perfil do usuário no Facebook, quantos amigos têm em comum e dentre eles quantos usam o aplicativo.